24/08/2015 às 16:30
Como se dizia antigamente, no tempo em que isto não gerava medo em ninguém: “Pelas barbas do profeta!”. O governo tem agora um novo chefe da Casa Civil, um novo porta-voz e um novo coordenador político, tudo sintetizado no… ministro do Planejamento, Nelson Barbosa — que, por sua vez, não planeja. Exercem ainda essas múltiplas funções Jaques Wagner (Defesa), Aloizio Mercadante (Casa Civil), Miguel Rossetto (Secretaria-Geral da Presidência) e Gilberto Kassab (Cidades). Ou, por outra, na prática, ninguém faz nada. Ou alguém já viu cão de muitos donos bem alimentado? Não existe. Por que isso?
Depois de uma reunião da coordenação política, coube a Nelson Barbosa, ao lado de Kassab, anunciar que a presidente vai fazer uma espécie de pequena reforma administrativa. Devem ser cortados dez dos 39 ministérios, com redução do número de secretarias. Fosse uma mudança feita, vamos dizer, em tempos de paz, seria uma boa notícia. Anunciada quando o governo está no buraco, sei lá. Parece apenas que se trata de uma maneira de fingir que as coisas estão acontecendo.
O governo pretende reduzir também o número de cargos comissionados diretamente ligados à estrutura federal — estimados, atualmente, em 22 mil. Na mira, também está a diminuição de despesas de custeio, que atinge até a conta de luz das pastas. É… Para quem gasta US$ 100 mil em limusines numa viagem aos EUA, parece prudente, não é mesmo?
Afirmou Barbosa:
“Até o fim de setembro, vamos apresentar uma reforma administrativa. [...] A redução de dez ministérios como referência é a meta. Vamos avaliar com todos os ministros, com todos os órgãos envolvidos, tanto do ponto de vista de gestão como do ponto de vista político, de eficiência das políticas públicas”.
Considerado que essa era uma medida cobrada por muita gente, é claro que o anúncio deveria ter sido feito depois que o plano já estivesse pronto. É tão óbvio, é tão elementar, é tão primário! Agora, tem início a especulação sobre quais pastas serão cortadas e a luta dos partidos para não perder espaço na Esplanada. É muita gente ruim reunida, produzindo caca. E por que é um ministro do Planejamento, ladeado pelo das Cidades, a fazer o anúncio, com aquele seu ar meio soturno?
Barbosa falou até sobre a saída de Temer da coordenação política:
“O vice-presidente tem sido vital na construção da agenda do governo e de sua aprovação no Congresso. Eu tenho certeza de que qualquer que seja o cargo que ele achar melhor que possa desempenhar, vai continuar sendo um importante agente de apoio e de construção de solução [para o governo]“.
Certo! Da próxima, Dilma chama o ministro da Pesca para anunciar os novos passos da economia…
Não tem jeito, não, gente! Se derem limão, cachaça e açúcar para Dilma, ela produz nitroglicerina.
Para encerrar: alguém é capaz de me dizer que diabos faz Aloizio Mercadante no governo? Só a presidente deve conhecer a sua missão secreta…
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/geral/reducao-de-ministerios-um-anuncio-atrapalhado-com-ministro-do-planejamento-atuando-como-se-fosse-da-casa-civil/
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