13/08/2015 às 7:15
Opa! “Parem as máquinas”, como se dizia antigamente! Por que eu realmente não estou surpreso, e igualmente não estão os leitores deste blog? Então o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), que, até outro dia, estava inclinado a criar embaraços para pôr em votação a recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria-Geral da República, decidiu, agora, acelerar o processo?
Eita!
Nesta quarta, também ficamos sabendo que o TCU resolveu dar mais um prazo para a votação das contas de Dilma. A manobra nasceu justamente no Senado. Um parlamentar da base, do PSD, partido do ministro Gilberto Kassab, resolveu que tinha duas outas dúvidas sobre as contas… O esforço oficial é empurrar essa votação com a barriga o máximo possível.
Noticiei ontem aqui o sonho de impunidade que se sonha em Brasília. Segundo a narrativa, Rodrigo Janot não oferece denúncia contra Renan Calheiros — ou oferece uma bem fraquinha, do tipo que não pode ser aceita pelo Supremo —, e o agora novo condestável da República fica livre do peso do petrolão, à diferença de seu congênere na Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), cada vez mais hostilizado pelo governo.
Agora, até a Caixa Econômica Federal, o BNDES e Itaipu financiam protestos contra o deputado.
Renan está tão confiante no futuro que se ofereceu para ser uma espécie de primeiro-ministro, com uma tal pauta da governabilidade e de retomada dos investimentos. Joaquim Levy fingindo ontem que se trata de algo realmente importante chegou a ser patético. É só espuma mesmo, como definiu Cunha. Mas, como vimos, faz barulho. Renan parece vislumbrar uma longa estrada adiante.
O presidente do Senado tem alguns trunfos que a muitos interessa. Exerce inequívoca liderança na Casa e pode, sim, ser definidor na aprovação ou reprovação do nome de Janot. Também é ouvido com carinho por pelo menos três ministros do TCU que tendiam a votar contra as contas de Dilma: Raimundo Carreiro, Bruno Dantas e Vital do Rêgo. Todos já entenderam a natureza do jogo, não? Se o TCU recusar o relatório de Augusto Nardes e recomendar, então, a aprovação das contas de Dilma, é evidente que o impeachment fica um pouquinho mais distante.
Vejam como são as coisas. Escrevi aqui ontem de manhã que se sonhava em Brasília o tal sonho da impunidade, com as características dadas. De lá pra cá:
a: TCU adiou a votação do relatório de Nardes;
b: Renan passou de opositor a entusiasta da recondução de Rodrigo Janot à Procuradoria-Geral da República.
Janot é aquele procurador-geral que, em vez de denunciar Dilma (sim, ele pode!) ou, ao menos, pedir a abertura de inquérito, conforme autoriza jurisprudência do Supremo, prefere ir jantar com a presidente para comemorar o “Dia do Advogado”.
Sem contar, não é?, que a oposição aguarda desde o dia 26 de maio, há quase três meses, que ele responda ao pedido de abertura de uma ação contra Dilma com base no Artigo 359 do Código Penal.
O que falta ao procurador? Tempo? Mão de obra? Disposição?
Texto publicado originalmente às 4h17
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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