14/08/2015 às 16:25
Leiam o que informa Eduardo Gonçalves na VEJA.com. Volto no próximo post.
O ministro da Fazenda, Joaquim Levy, afirmou nesta sexta-feira que a causa da atual crise econômica não é o ajuste fiscal, mas o conjunto de políticas econômicas adotadas em anos anteriores e a desaceleração dos dois principais parceiros comerciais do Brasil – China e Estados Unidos. “Dada a fragilidade da economia, nós apenas mudamos a direção. Se nós olharmos o superávit, que atualmente é um déficit, o balanço estrutural fiscal já vinha se deteriorando desde 2012, e o que fizemos foi estancar essa deterioração. Na verdade, a economia já vinha se desacelerando. Não foi o ajuste fiscal”, disse. Segundo ele, a estratégia do governo de “jogar dinheiro dentro da economia para ver se pegava”, contribui para a recessão da atividade. As afirmações foram feitas a uma plateia de empresários, em evento da Câmara Americana de Comércio (Amcham), em São Paulo.
O ministro ainda disse que o grande crescimento que o país teve em 2010 foi favorecido por um contexto “absolutamente único” – de alta do preço das commodities – e que, na época, “ninguém ia querer estragar a festa com uma coisa difícil”.
Com tom otimista, Levy afirmou que os “três principais riscos” do início do ano, que abalavam a confiança dos empresários e consumidores, podem não ter sido eliminados completamente, mas já “retrocederam”. São eles: os receios de que a Petrobras não conseguisse se recuperar com os desdobramentos da Operação Lava Jato; a possibilidade de uma crise energética devido ao longo período de estiagem e a falta de chuvas; e os temores do mercado quanto a uma possível perda do grau de investimento pelas agências de risco, o que – ainda – não aconteceu. “Diante do que estamos vendo, a economia está se reequilibrando. Os principais riscos, que existiam no começo, retrocederam”, disse.
Segundo Levy, apesar da melhora, o governo continuará promovendo os ajustes fiscais no próximo ano. “Eu acho que ainda há muito trabalho a ser feito, tanto do lado das despesas como da receita. A deterioração fiscal dos últimos anos é muito significativa e não dá para brincar com isso. Se nós tropeçarmos na questão da dívida, os custos serão muito altos”, ressaltou.
Com o intuito de passar uma mensagem de tranquilidade para os empresários, o ministro também afirmou que, com a alta do dólar e as possíveis mudanças no ICMS, a indústria brasileira tende a crescer nos próximos anos, diferentemente do que ocorreu no passado. Nesse sentido, o ministro também aposta que a retomada do parque fabril contribua para segurar o avanço do desemprego. “Eu acho que nós vamos ter aumento de emprego em outras áreas que ainda não tínhamos, como a de exportação e da indústria. É obvio que demora um pouco para as empresas se prepararem para essa nova situação, porque antes a lógica era diferente.”
Em outro aceno aos empresários que o assistiam, Levy falou da necessidade de haver uma simplificação tributária e da entrada do capital privado no país. “Nós sabemos que cada vez mais vamos ter que usar o capital privado para ser mais produtivos. O que temos que fazer é simplicar e melhorar a vida das empresas, e conseguir leis que realmente criem um ambiente para isso”, afirmou o ministro.
Ministérios
Questionado se concorda com um corte no número de ministérios, Levy tergiversou, dizendo que muitas pastas configuram-se muita mais como uma secretaria, com estrutura e despesas menores, do que como um ministério propriamente dito. Ele defendeu, no entanto, a revisão de programas de governo, sem citá-los nominalmente, para verificar se os gastos têm compensado os resultados obtidos. “Nós temos que melhorar a eficiência. Não dá para gastar por gastar. Será que todo programa que existe precisa ser daquele tamanho ou está alcançado o seu objetivo?”, disse.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
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