08/06/2015 13h31 - Atualizado em 08/06/2015 13h31
Do G1 Zona da Mata
Número de detentos no Ceresp está acima da capacidade (Foto: Reprodução/TV Integração)
O sistema prisional de Juiz de Fora enfrenta problemas. O Centro de Remanejamento do Sistema Prisional (Ceresp), por exemplo, está com mais presos do que a capacidade e a infraestrutura deixa a desejar. A mãe de um rapaz que está preso na Penitenciária Ariosvaldo Campos Pires há seis anos reclama das condições.
Em nota, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) destacou que as penitenciárias de Juiz de Fora têm capacidade para 1.266 presos e que a lotação atual é de 2.253 presos.
A mãe entrevistada pela equipe do MGTV também tem um enteado na José Edson Cavalieri e outro no Ceresp. Ela preferiu não se identificar. "O Ceresp está superlotado, além da conta. A capacidade é para 340, mas tem 1.700 presos. Cada cela tem 21, outras têm 18. Uns chegam a dormir 30 minutos para os outros poderem dormir também", afirmou.
Com tantos detentos, os problemas de convivência entre os presos são muitos. "As mulheres de alguns presos vendem a cama do lado de fora. Elas oferecem. Mas é gente com dinheiro. A cama custa de R$ 500 a R$ 800", explicou.
As visitas, que eram semanais, foram reduzidas e agora ocorrem a cada quinze dias. Para visitar os presos, os parentes têm que fazer um cadastro na Unidade de Atendimento Integrado (UAI). Antes era mais fácil porque isto acontecia na própria unidade prisional. "O que nós levamos para eles não dá para 15 dias. Nós vemos a revolta na cara dos presos. Eles ficam nervosos por não ver a família. Sobre o cadastro, ele não ficou pronto no dia marcado. Fui no dia 28, como me mandaram, mas não estava pronto. A mesma coisa aconteceu nos dias 29 e 10. Agora marcaram para o próximo dia 10. Mas vou perder a próxima visita", lamentou a mãe.
De acordo com o coordenador da Pastoral Carcerária, padre José Maria de Freitas, a estrutura não é adequada nem para quem trabalha no local. "A estrutura que o Estado oferece é muito precária. Ela não é adequada para a realidade do sistema prisional, até mesmo de trabalho para os agentes penitenciários e direção. Tem também a questão do acautelado", afirmou.
Em nota enviada ao MGTV, a Seds informou que recebeu o sistema prisional já com déficit de 26 mil vagas. Disse também que no dia 1º de janeiro, a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi) contava com 55.267 detentos e cerca de 32 mil vagas e que, no dia 5 de maio, o total de presos era de 58.603, representando um crescimento de 3.336 detentos em 125 dias.
A Secretaria destacou ainda que como medida emergencial está realizando um levantamento de carceragens no interior do estado, como cadeias públicas atualmente desativadas, que tenham condições de serem reformadas para receber presos provisoriamente. Outros imóveis de propriedade do Estado também devem ser mapeados e, em casos mais urgentes, adaptados para ampliar a capacidade do sistema prisional.
Estrutura para familiares
A equipe do MGTV foi à porta do Ceresp e encontrou um abrigo construído há cerca de três anos para acolher os familiares. Havia lixo espalhado e muita sujeira. É um espaço pequeno e que não suporta a quantidade de pessoas que frequentam o local. O banheiro é pequeno e com mau cheiro. As pessoas aguardam horas nessas condições.
"Os familiares não têm ambiente. Eles chegam aqui e não têm um banheiro, um local apropriado. Não se pensou na família do preso. Só se pensou em tirar o cidadão que comete um delito, em excluí-lo, e o alojando em uma situação precária", afirmou o padre José Maria de Freitas.
A Seds não comentou a falta de infraestrutura mostrada na reportagem.
http://g1.globo.com/mg/zona-da-mata/noticia/2015/06/sistema-prisional-enfrenta-problemas-em-juiz-de-fora.html
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