terça-feira, 24 de março de 2015

Viaturas Quebradas prejudicam Policiamento

A falta de veículos tem prejudicado o policiamento repressivo nas ruas de Juiz de Fora. Dezenas de viaturas estão paradas nas garagens das unidades e na oficina do 2º Batalhão, em Santa Terezinha, por falta de manutenção. Em algumas companhias, há apenas um ou dois veículos em condições de fazer o policiamento. Em outras, eles estão tão precários que a ordem aos policiais é para que não façam perseguições por risco de acidentes. A situação fica evidente quando a população aciona o 190, e o atendimento do chamado acaba sendo demorado. Conforme denúncias de militares ouvidos pela Tribuna, com pouca liberação de verba do Estado, o problema vem se agravando, já que os carros e motos que vão para reparo não retornam às companhias. Com menos patrulhas em circulação, os policiais precisam seguir ordem de prioridade para atender ocorrências, e algumas regiões ficam desguarnecidas.

Com este quadro, policiais afirmam que os chamados mais simples, como furtos e arrombamentos, muitas vezes, não podem ser verificados de imediato. Nas últimas semanas, o jornal vem recebendo, por meio do site, dos e-mails e das redes sociais, reclamações de leitores em relação ao serviço 190. A demora, que segundo policiais tem relação direta com as baixas dos veículos oficiais, causa sensação de impunidade e acaba desestimulando a população a contribuir com informações sobre crimes e atitudes suspeitas.

Na madrugada do dia 27 de fevereiro, uma moradora do Bairro Granbery precisou acionar o 190 após uma confusão na Rua Ambrósio Braga. Segundo ela, três homens, um deles armado com foice, ameaçavam de morte outro homem e diziam que iriam quebrar todos os carros estacionados na via. Ela assistia assustada da janela de seu apartamento e resolver chamar a PM. “A briga começou por volta de 3h. Às 3h30, começaram as ameaças, e resolvi chamar a PM. Fiquei acordada até às 5h, e nenhum policial apareceu”, conta.

No dia 8 de fevereiro, houve um arrombamento seguido de furto em uma fábrica de torradas no Bairro FontesVille II, Zona Norte. O crime foi descoberto na manhã seguinte, quando os funcionários chegaram para trabalhar. Os ladrões fizeram um buraco na parede de alvenaria para entrar no galpão e furtaram computadores, balança, compressor de ar, totalizando um prejuízo em torno de R$ 5 mil. O proprietário, 52 anos, que preferiu não se identificar, disse que ligou para a PM pelo menos cinco vezes, desde 6h30, mas que a guarnição só chegou cerca de quatro horas depois. Segundo o empresário, a alegação via telefone era de que a viatura responsável pelo atendimento naquela região estava empenhada em outro caso. No entanto, policiais que compareceram ao local disseram que haviam passado o endereço errado.

Desgaste dos freios e pneus carecas
Segundo denúncias de policiais, o aporte necessário para os reparos das viaturas não estaria chegando ao município, e, assim, as dezenas de viaturas continuam paradas. Além disso, os serviços feitos em oficinas autorizadas não estariam sendo pagos, e, com isto, as patrulhas não retornam às ruas. A situação é recorrente e já foi mostrada pela Tribuna em junho passado. Na época, o contrato com uma empresa terceirizada que reparava as avarias havia sido cancelado, e as viaturas ficaram cerca de cinco meses sem condições de rodar. Os consertos começaram naquela ocasião, quando o Governo do Estado liberou uma verba de R$ 54 mil.

Avarias
Atualmente, entre as avarias mais comuns estão carros com desgaste no sistema de freios, para-brisas quebrados, falta de óleo e pneus carecas. “Na minha área, eram oito viaturas. Rodamos nela até onde deu, mas quatro tiveram que ir para a oficina há uns dois meses. As outras quatro estão precárias. Eu mesmo já tirei do meu bolso dinheiro para a troca de óleo e reparo de um retrovisor”, conta um PM, cuja região afetada não será divulgada para preservar a segurança dos moradores. Outros dizem que vêm recorrendo a mecânicos conhecidos, que não cobram pelo serviço, para pequenos consertos.

Além das viaturas lançadas para policiamento comunitário, quatro veículos Pajero Dakar, recebidos pela 4ª Companhia de Missões Especiais (CME) em 2013, e alguns modelos Blazer usados pela Rotam e Tático Móvel – grupos especializados para atuação em casos violentos – também estão “baixadas”, jargão usado pelos policiais para falar sobre os veículos que estão fora de circulação. Alguns Palio Wekkend, do Pelotão de Choque, também estão parados. “São problemas mecânicos pequenos. Alguns até são resolvidos, mas muitos carros não estão voltando por falta de pneus. Fazemos o que dá, mas com menos viaturas não conseguimos estar em todos os lugares”, diz outro PM.

Comando nega prejuízo
Para que a situação não comprometa ainda mais a vigilância nas ruas, os militares têm sido lançados para o policiamento a pé. Contudo, a área de atuação dos mesmos fica restrita. “Em situações graves, isso não resolve. Serve mais para transmitir sensação de segurança à comunidade”, dispara um PM. Em casos extremos, como buscas por suspeitos de crimes violentos e operações, companhias com muitas viaturas baixadas recorrem a outras unidades operacionais para apoio. Os policiais que denunciaram a situação afirmam que o comando da PM na cidade tenta ajudar a minimizar a situação, no entanto, estaria de mãos atadas diante da falta de repasses.

Por nota, a 4ª Região da Polícia Militar (RPM) afirmou que “já estão em adiantadas as tratativas para a contratação de empresas terceirizadas para a manutenção da frota, com sistema parecido com o antigo”. Sobre a falta de pneus, a corporação esclareceu que “o processo licitatório se encontra em andamento, aguardando a aprovação da Lei de Orçamento Anual do Estado, que já foi encaminhada à Assembleia Legislativa de Minas Gerais, com previsão de aprovação até a próxima sexta-feira (27)”.

A assessoria de comunicação da 4ª RPM considerou ainda que “os reparos e manutenções de viaturas são comuns como em qualquer frota de empresas particulares e privadas. Não existe prejuízo para a população, considerando que sempre realizamos as manutenções e reparos preventivos da frota que circula no policiamento em geral, sendo atendidas as demandas operacionais existentes com lançamento diuturno dos recursos necessários para a pronta resposta da demanda do policiamento existente”. A corporação não respondeu aos questionamentos sobre a quantidade de viaturas que está nas ruas, quanto tempo os veículos baixados demoram para retornar e nem qual o valor do repasse do Governo para os consertos. 

Fonte : Tribuna de Minas

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