15/12/2014 14h15 - Atualizado em 15/12/2014 14h22
Terminou durante a madrugada na Austrália (começo da tarde no Brasil) o sequestro em Sidney. Um sequestrador invadiu o café Lindt falando em nome do grupo terrorista Estado Islâmico. Funcionários e clientes de um café, entre eles uma brasileira, ficaram mais de 17 horas em poder do sequestrador.
A polícia invadiu a cafeteria e um intenso barulho de tiroteio foi ouvido na região. Várias pessoas, que eram mantidas reféns, saíram correndo. Segundo uma rede de televisão australiana, quatro pessoas estão gravemente feridas. Há informações, não confirmadas, de que o sequestrador foi morto pela polícia.
O sequestrador foi identificado como Man Haron Monis, um refugiado iraniano de 49 anos. Ele já era conhecido das autoridades, porque chegou a mandar cartas ofensivas para as famílias de soldados australianos.
De acordo com a família, a brasileira mantida refém está bem.
Entenda o sequestro
O pesadelo começou antes das 10h, no horário local – 21h de domingo, em Brasília. Era início da semana e a região, que é o centro financeiro de Sidney e fica a poucos minutos de alguns dos principais pontos turísticos da cidade, estava movimentada com pessoas chegando para trabalhar.
Nas primeiras horas do sequestro, imagens mostraram reféns com as mãos para o alto. Uma bandeira negra foi fixada numa das janelas da cafeteria. O texto, em árabe, dizia: não há outro Deus além de Alá. Apesar de ser parecida, essa não é a bandeira do grupo terrorista Estado Islâmico.
Prédios ao redor do café foram esvaziados. O mesmo aconteceu com o consulado dos Estados Unidos e a famosa Ópera House, que cancelou todas as apresentações pelo menos até amanhã. Durante o dia, cinco pessoas saíram correndo da cafeteria. Primeiro três homens. Cerca de uma hora depois, duas mulheres.
Brasileira entre os reféns
Marcia Mikhael tem 47 anos e trabalha num banco que fica no prédio do café onde está o sequestrador. Ela vive na Austrália há quase 30 anos. Marcia nasceu em Goiânia e aos 16 anos foi morar em Sidney com os pais e os irmãos. A família é descendente de libaneses. Os primos e os tios ficaram no Brasil. A última vez que ela visitou a família foi em 2007. Marcia Mikhael é casada e tem três filhos.
De manhã a família de Marcia foi surpreendida com um texto que apareceu na página dela numa rede social. Ela diz que está sendo mantida refém no café por um membro do Estado Islâmico. Escreve que ele está ameaçando matar os reféns e que faz alguns pedidos: uma bandeira do Estado Islâmico, falar com o primeiro-ministro da Austrália e para outros "irmãos" não explodirem duas bombas que estão na cidade.
Um vídeo mostra Marcia Mikhael narrando as exigências do sequestrador. Durante 40 segundos ela relata as exigências do terrorista. Amigos e parentes criaram uma página na internet pedindo orações para a brasileira.
A família disse que um sobrinho também estava no prédio, mas não chegou a entrar na cafeteria. Foi ele quem avisou dos parentes.
Segundo a prima Adibe Georges Cury, Marcia conseguiu fazer um rápido telefonema de dentro da cafeteria. “Ela conseguiu falar com um dos filhos, ela chorou e disse que os ama muito. Por telefone, por telefone, eles permitiram a ligação. Eu creio que seja pra fazer mais terrorismo ainda, porque vai debilitando mais ainda a família e vai corroendo mais atrás.”
A Globonews conseguiu falar por telefone com um irmão de Marcia que mora numa cidade perto de Sidney. Jorge Elkouri contou que ficou sabendo que a irmã estava no café pelas redes sociais. “Os recados que ela está mandando pelas redes sociais é difícil de saber se realmente é ela que está mandando os recados ou se os recados estão sendo orquestrados pelo sequestrador. Mas logo que isso tudo começou ela teve tempo de mandar uma mensagem pra minha irmã dizendo o que estava acontecendo. Depois disso as outras notícias que vieram foram pelas redes sociais, mas existem duvidas se ela que está mesmo mando essas noticias ou o sequestrador.”
Jorge disse também que as autoridades australianas estão pedindo pras famílias não entrarem mais em contato com os reféns, pra segurança deles. E estão pedindo também para eles não divulgarem as informações que eventualmente tenham. “As autoridades estão pedindo pra gente manter um segredo sobre isso. Mas são motivos políticos, eles não estão pedindo dinheiro, estão pedindo coisas que são de intenção política."
http://g1.globo.com/jornal-hoje/noticia/2014/12/sequestro-na-australia-termina-com-mortos-e-feridos-em-estado-grave.html
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