quarta-feira, 8 de outubro de 2014

Mercedes fecha linha de montagem em Minas

Gigante. A fábrica da Mercedes, em JF, foi inaugurada em 1999 e, desde então, tem enfrentado dificuldades para manter a produção.

PUBLICADO EM 08/10/14 - 03h00
HELENICE LAGUARDIA

A Mercedes-Benz comunicou nesta terça aos funcionários da fábrica de Juiz de Fora, na Zona da Mata mineira, que vai encerrar a produção do caminhão leve Accelo em 2016 e do extrapesado Actros em 2018. Ela será levada para a planta de São Bernardo do Campo (SP). Assim, encerrará a produção na unidade. A informação é do presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Juiz de Fora, João César da Silva. Procurada, a montadora disse que vai divulgar comunicado sobre o assunto na sexta.

A fábrica de Juiz de Fora fará apenas a montagem bruta (estrutura das cabines) e pintura de veículos. Com 750 empregos diretos e outros 600 indiretos, Silva tem certeza de que muita gente vai perder o emprego. “Eles (Mercedes) não falam quantos empregados vão ficar”.

Os funcionários fizerem protesto nesta terça, na porta da fábrica, com a paralisação das atividades, e, nesta quarta realizam assembleia para definir os rumos do movimento. O sindicato também entrou em contato com o governador eleito, Fernando Pimentel, que pediu ao ministro do Desenvolvimento, Mauro Borges, para discutir o assunto com a direção da fábrica.

Arrecadação. O presidente da Fiemg Regional Zona da Mata, Francisco Campolina, contou que é a fabricação dos caminhões que dá a arrecadação para o município e o Estado. “Não sei se o Pimentel vai aceitar essa transferência”. Isso porque, de acordo com Campolina, o faturamento com a produção dos caminhões da Mercedes é de R$ 3 bilhões com a fabricação de 12 mil a 15 mil caminhões por ano. “E 18% disso é para o ICMS”.

Mas, segundo Campolina, muito mais do que a arrecadação do ICMS, perde-se imposto de importação para as peças de caminhão. Prejudica também seis empresas de componentes instaladas no cinturão da fábrica. Sem contar o centro de logística, com 50 mil m² de depósito para fazer a distribuição e logística, que emprega 300 pessoas. “Não estamos falando de lojas de R$ 1,99, mas de uma cadeia imensa. Vão jogar tudo isso fora para atender trabalhador de São Bernardo do Campo?”, questiona.

Campolina contou que houve um acordo entre o Sindicato dos Trabalhadores de São Bernardo do Campo com a diretoria da Mercedes garantindo a empregabilidade. E, para isso, toda a produção da fábrica de Juiz de Fora será transferida para a unidade paulista. “Lá, a fábrica é antiquada e obsoleta. Nós temos a fábrica da Mercedes mais moderna do mundo”, criticou.

Campolina disse que está tentando trazer a fábrica de automóveis da Mercedes para Juiz de Fora. “A Mercedes vai montar um automóvel sedã no interior de São Paulo, e, de repente a gente consegue transferi-la para cá”.

A Fiat – que terá o segundo Centro de Distirbuição de Veículos, Peças e Componentes em Juiz de Fora –, foi procurada pela reportagem para saber se tem interesse na fábrica de 5 milhões de m² da Mercedes-Benz. Mas a Fiat informou que, neste momento, “não tem nenhum interesse manifesto na fábrica porque as suas necessidades de expansão da produção estão sendo providenciadas em Betim”.

Breve histórico
Após anos de negociações, quase sempre veladas, em abril de 1996, Juiz de Fora foi escolhida para receber a fábrica

A Mercedes chegou com promessa de investir R$ 800 milhões, criar empregos e aumentar a arrecadação tributária da cidade

A montadora foi inaugurada em 1999.

http://www.otempo.com.br/capa/economia/mercedes-fecha-linha-de-montagem-em-minas

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