sábado, 4 de outubro de 2014

A SOLUÇÃO DENTRO DE NÓS MESMOS


Carlos Chagas

Amanhã, ganhando Dilma, como indicam as pesquisas, e confirmada ou mesmo desmentida a previsão para o segundo turno, dia 26, mudará o quê, no país? Nada, a não ser para pior, porque esperanças inexistem de acabar a crise econômica, o crescente desemprego, o mau funcionamento dos serviços públicos, a insegurança nas ruas, a corrupção, a miséria e o vício. É verdade que os candidatos presidenciais pouco anunciaram como solução para esses e outros problemas, talvez por perceberem a impossibilidade.

Com Dilma ou, numa surpresa, com Marina ou Aécio, o Brasil continuará o mesmo, pleno de enigmas a decifrar para poder sobreviver.

A conclusão é pela inexistência de salvadores da pátria instalados no palácio do Planalto. Ou de partidos batendo cabeça no Congresso como forma de sairmos do sufoco. São todos iguais, amorfos, insossos e inodoros, incapazes de construir uma sociedade mais justa e menos problemática.

DEPENDE DE CADA UM

No dia em que o Brasil perceber que depende de cada um, de cada segmento social a saída para o impasse, haverá alguma chance para o futuro. O diabo é que as parcelas julgam-se no direto de dirigir o todo através da concretização de seus interesses e de suas necessidades. Nenhuma pensa no conjunto, nem faz concessões aos demais.

Tome-se, para começar, os operários urbanos. Estão sendo demitidos aos montes pela construção civil, pelas prestadoras de serviços e, especialmente, pelas montadoras. No entanto, preocupam-se em salvar o seu emprego e escapar das demissões, alheios à força de que deveriam dispor para levar as empresas a uma estratégia comum que não os sacrifique. Afinal, sem eles, elas não existiriam. O trabalho, porém, submete-se inteiramente ao capital, sem obrigá-lo a repensar os mecanismos cruéis de preservação de suas vantagens. Tem sido assim faz muito, sem perceberem os operários que a ocupação das fábricas, a redução dos lucros, o corte dos privilégios e a reciclagem da produção estão a um passo de sua vontade, podendo constituir-se no início da saída.

Vale o mesmo para os bancários, hoje envolvidos numa greve destinada ao fracasso, submetidos à distribuição de migalhas salariais pelos bancos. Assim como os camponeses sem terra, entregues a invasões pueris que os poderosos sufocam através de alianças com o poder público.

E OS PROFESSORES?

Aos professores com salários de fome, não seria o caso de comandarem as escolas? E os estudantes frustrados que aguardam a distribuição do conhecimento de acordo com suas expectativas para o futuro, mas permanecem atrelados a modelos anacrônicos de educação? As escolas e universidades existiriam sem eles? Por que não agem os funcionários federais, estaduais e municipais, presas fáceis da acomodação, da corrupção e da subserviência, quando depende deles o funcionamento do país? E os contratados pelas empresas prestadoras de serviços públicos? Não são elas que impedem a prestação e obstruem os serviços?

Haveria um mundo a ganhar se as diversas categorias sociais parassem de buscar longe delas eventuais candidatos que prometem superar as agruras gerais sem dispor de vontade ou sequer de meios para tanto. E nem haverá necessidade de um partido prepotente que condicione e lidere tais movimentos. Elas, as categorias sociais, perceberão ser esse partido, sem bicões, aproveitadores e picaretas. Quem sabe, um dia?…

Transcrição do Blog http://www.tribunadainternet.com.br/

Nenhum comentário:

Postar um comentário