23/09/2014 11h48 - Atualizado em 23/09/2014 11h48
Mateus Rodighero
Da RBS TV
Advogado Maurício Dal Agnol é preso pela PF (Foto: Reprodução/RBS TV)
A Justiça de Passo Fundo, município da Região Norte do Rio Grande do Sul, determinou o sequestro de bens do advogado Maurício Dal Agnol, preso nesta segunda-feira (22) durante uma operação da Polícia Federal. Foram apreendidos terrenos em Bento Gonçalves, na Serra, e um centro hípico e haras de sua propriedade em Passo Fundo. Somente nos últimos três meses, desde que voltou do exterior, Dal Agnol sacou R$ 99 milhões de contas bancárias e repassou a amigos e familiares, conforme as investigações.
A defesa do advogado afirmou que ingressou com pedido de habeas corpus no Tribunal de Justiça do Rio Grande do Sul, mas que ainda não há previsão para análise na 6ª Câmara Criminal.
Dal Agnol foi preso quando dirigia uma caminhonete na Avenida Brasil uma das vias mais movimentadas de Passo Fundo. No carro dele, a Polícia Federal apreendeu R$ 200 mil em dinheiro e um passaporte com visto norte-americano. Conforme as investigações, ele iria fugir do país na noite de segunda-feira (22).
A prisão preventiva do advogado foi decretada pela Justiça a pedido do MP. Segundo o promotor Júlio Balladrin, Dal Agnol falsificou um alvará de acordo judicial no qual a empresa telefônica Brasil Telecom (BRT) repassa R$ 5 milhões a um grupo de clientes dele. Ele teria recortado o documento, fraudado as informações e repassado R$ 50 mil aos clientes.
Maurício Dal Agnol é suspeito de ter lesado cerca de 30 mil pessoas que ganhavam ações judiciais no Rio Grande do Sul em um golpe milionário. Segundo investigações da Polícia Federal, ele fez acordos em nome dos clientes e não repassou a eles os ganhos das causas. Ou, no máximo, indenizou-os com apenas 20% do devido (e não 80%, como acordado nos contratos).
A maioria dos processos era contra a empresa de telefonia Brasil Telecom (BRT), movida por antigos acionistas da CRT, que exigiam reajuste nos valores pagos a eles pelas ações da empresa – comprada pela BRT e que deu origem à atual Oi. A PF acredita que a quadrilha pode ter desviado até R$ 100 milhões.
O advogado responde a uma ação penal na 3ª Vara Criminal de Passo Fundo. Dal Agnol chegou a ter a prisão decretada na Operação Carmelina, da Polícia Federal, deflagrada no dia 21 de fevereiro, e ficou foragido no exterior. No mês passado, ele se apresentou à Justiça de Passo Fundo, onde responde processo por apropriação indébita e formação de quadrilha, mas obteve um habeas corpus.
Operação Carmelina
Segundo a Polícia Federal, um grupo de advogados e contadores, comandados por Dal Agnol, procurava os clientes com a proposta de entrar com ações na Justiça contra empresas de telefonia fixa. Os clientes ganhavam a causa, mas os advogados repassavam a eles uma quantia muito menor da que havia sido estipulada na ação. O esquema fez o advogado enriquecer rapidamente, diz a PF.
Ao cumprir mandados de busca na cidade do Norte do Rio Grande do Sul, a Polícia Federal encontrou um total de R$ 1,5 milhão em um dos endereços do suspeito. Além da quantia, animais selvagens empalhados e munição foram achados em um fundo falso de uma parede. A PF apreendeu também um avião avaliado em cerca de US$ 8,5 milhões e bloqueou dinheiro em contas bancárias e imóveis.
A Operação Carmelina foi desencadeada em Passo Fundo e em Bento Gonçalves, na Serra. Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão em escritórios de advocacia e de contabilidade e em uma residência. A operação foi batizada de Carmelina porque este era o nome de uma mulher que teve cerca de R$ 100 mil desviados no golpe. Segundo a PF, ela morreu de câncer, e poderia ter custeado um tratamento eficaz com o dinheiro.
G1
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