Carlos Newton
Já está ficando monótono. A presidente da Petrobras, Maria das Graças Foster, já depôs quatro vezes no Congresso; o ex-diretor da Área Internacional, Nestor Cerveró, também já apresentou seu show aos parlamentares em várias ocasiões; o ex-diretor do Abastecimento (leia-se: Refino), Paulo Roberto Costa, já esteve duas vezes falando ao Legislativo; e o ex-presidente Sérgio Gabrielli, também, mas nenhum deles revelou o segredo mais bem guardado da Petrobras.
Trabalhei durante dois anos na Área do Abastecimento, que chamamos de Abast, fiz muitos amigos lá. Antes da compra de Pasadena, havia transparência nas informações, qualquer funcionário poderia saber quanto cada refinaria estava produzindo efetivamente.
Agora, não. A Petrobras passou a estar envolvida em segredos impenetráveis. Seu site não tem mais a necessária transparência. Os números são guardados a sete chaves, como se dizia antigamente, ou cercados pelos sete lados, como ainda se diz no linguajar do jogo-do-bicho.
NINGUÉM SABE INFORMAR
Perguntei a doze funcionários da Área do Abastecimento quanto produz por dia a refinaria de Pasadena. Nenhum deles soube informar, porque não se consegue acesso a esses números tenebrosos.
Esta semana, a presidente da estatal, Graça Foster (como prefere ser chamada), voltou a depor no Congresso e admitiu que a compra da Refinaria de Pasadena, nos Estados Unidos, não foi um bom negócio, mas veio novamente com aquela velha estória de que a proposta se mostrava boa no momento em que foi apresentada (2006), observados o mercado da época e as condições da economia mundial. No entanto, segundo ela, após a crise de 2008, a situação mudou e o negócio deixou de ser vantajoso. “Olhando todo esse conjunto, a Petrobras considera que não foi um bom negócio com as condições atuais”, reiterou.
Mas novamente não disse (será que algum parlamentar perguntou?) quantos barris a refinaria processa por dia. E este é justamente o ponto principal da questão, a informação mais importante e decisiva. Diante da passividade dos parlamentares, que parecem não saber a diferença entre capacidade nominal e capacidade real de refino, Graça Foster, Sergio Gabrielli, Nestor Cerveró e Paulo Roberto Costa afirmaram que Pasadena tem capacidade de Pasadena de processar 100 mil barris/dia.
Mas nenhum deles revelou quanto a unidade efetivamente está refinando. E nenhum parlamentar perguntou nada. Todos engoliram os tais de 100 mil barris (de capacidade nominal).
CAPACIDADE NOMINAL
Quando foi construída pela dinastia Rockefeller em 1934, a refinaria tinha realmente capacidade de processar 100 mil barris diários de óleo leve. Hoje, só Deus sabe quantos barris processa por dia, porque a Petrobras não quer divulgar mesmo.
Se Pasadena estivesse processando realmente 100 mil barris/dia, estaria dando um baita lucro à Petrobras, Graça Foster & Cia. Ltda. já teriam esfregado esses números nos narizes dos parlamentares da oposição e o assunto teria se esgotado, não haveria escândalo algum. E o ex-diretor Paulo Roberto Costa não teria declarado que, para comprar Pasadena, a Petrobras fez “contas de padaria”, sem conferir os números…
Os parlamentares têm poder para exigir essa informação sobre o total do refino, que matará a charada dessa grande negociata internacional. E por que não o fazem? Ora, é só por incompetência, mesmo.Essa oposição é como o governo – não vale mesmo nada.
http://tribunadaimprensa.com.br/
Nenhum comentário:
Postar um comentário