06 abril 2014
Texto mui levemente adaptado de comentário anônimo em A democracia é uma M*, atribuído ao misterioso C. Mouro:
Se no século XVIII e XIX houvesse democracia como a que se pratica, sobretudo no Brasil, até hoje haveria escravidão dos negros.
Os escravos poderiam votar, mas os candidatos seriam escolhidos pelas cúpulas partidárias. Para se formar um partido teria-se que ser senhor de engenho com apoio de certa porcentagem da população, e tudo deveria ser conferido pelos mandantes vigentes: os brancos altamente beneficiados pela escravidão democrática dos negros.
Tudo que dissessem os escravocratas moderados - sim, porque abolicionistas jamais conseguiriam criar partidos - contra os escravocratas seria considerado ofensivo pelo TRE e assim haveria multas e proibição de uso do tempo pelos moderados.
As verbas e tempo de propaganda, mesmo que os brancos escravocratas se dissessem igualitários, seriam muitíssimo maiores para os grandes partidos escravocratas, que facilmente, através de seus filiados e quadrilheiros, criariam inúmeros partidos escravocratas para comporem apoio aos grandes e se beneficiarem de ainda mais verbas e tempo de propaganda.
Brancos receberiam promessas de vantagens com a escravidão dos negros, alguns negros seriam privilegiados como feitores, haveria regras partidárias com boa estratégia para inibir novidades e favorecer o de sempre, toda a apuração das urnas ficaria sob a tutela dos senhores de engenho.
Assim (salvo talvez por pressão externa - eu, Catellius, observo), se houvesse democracia nos seculos XVIII e XIX, até hoje os negros seriam escravos de brancos, e mesmo de alguns negros, e tudo na forma democrática e popular tão defendida por pavões que invocam a rota bandeira da democracia para abafar a bandeira da liberdade. A velha confusão de palavras, a manipulação semântica tão utilizada pela política.
Depois de a palavra "igualdade" ser exigida entre indivíduos perante as leis, sem hierarquia social e privilégios, imediatamente usaram a mesma palavra "igualdade" mas com o sentido de igualdade material, a fim de confundir e manter a diferença entre os indivíduos. Assim, igualdade já não correspondia à ausência de privilégios legais para indivíduos numa sociedade hierarquizada, mas exatamente ao oposto: indivíduos com privilégios de ação e imunidades legais ilegítimas, sob pretexto de imporem uma igualdade material - injusta, com o mérito desprezado.
Para se combater clamores pela liberdade, confunde-se esta com democracia, como se fossem sinônimos. Ninguém mais defende a liberdade, mas apenas a democracia para eleger os Senhores da Sociedade, os quais sobre esta impõem suas vontades, caprichos, subjetividades e, sobretudo, impõem o custeio de seus luxos e manias à sociedade que trabalha e produz.
Enfim, os senhores democraticamente eleitos criam as regras democráticas que permitem que as mudanças só aconteçam para que tudo permaneça o mesmo.
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