19/05/2014
Atuação. No ano passado, os bombeiros atenderam uma média de 49 casos de incêndio por dia em todo o Estado
PUBLICADO EM 19/05/14 - 03h00
LUCIENE CÂMARA
Cerca de 25 km em uma estrada sinuosa é a distância que separa Barroso, no Campo das Vertentes, da unidade do Corpo de Bombeiros mais próxima, em Barbacena, na mesma região. No último dia 26, por mais que os socorristas tenham feito o percurso com rapidez (em 28 minutos), não foi possível salvar sequer uma das cinco crianças que estavam em uma casa em chamas. Essa barreira geográfica é enfrentada por moradores de 799 municípios mineiros que não têm um posto militar dos bombeiros em seu perímetro, o equivalente a 93,6% do Estado.
Essas cidades, pequenas em sua maioria, somam cerca de 40% da população de Minas – o que significa que ao menos 8 milhões de habitantes não contam diretamente com o serviço, essencial em incêndios ou acidentes com vítimas presas às ferragens. Comparando com outros Estados do Sudeste, Minas só perde para São Paulo em quantidade de municípios com Corpo de Bombeiros (54 contra 148).
Já percentualmente, por ser o Estado com o maior número de cidades do país, Minas tem menos representatividade. Enquanto só 6,3% dos municípios mineiros têm a estrutura, o Rio de Janeiro aparece com 47,8% de cobertura (44 das 92 cidades), São Paulo, com 22,9% (148 das 645), e o Espírito Santo, com 12,8% (10 das 78).
“Temos lugares com altos índices de acidentes, como rodovias malconservadas que geram perdas de vida. Sabe-se disso e não se toma providência. A solução não é colocar só unidades dos bombeiros, é resolver o problema físico e de pessoal”, avalia José Carlos Serufo, professor da Faculdade de Medicina da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
Equipe. O Corpo de Bombeiros também apresenta um déficit de 15,9% no número de militares. Atualmente, são 5.380 profissionais prestando atendimentos, sendo que o ideal, segundo regimento interno da corporação, seriam 6.400. “Já temos 960 soldados e 60 alunos para oficiais em treinamento, que estarão nas ruas até outubro deste ano”, afirma o capitão Frederico Pascoal, da assessoria de imprensa da corporação.
O número de militares na instituição também não atinge o recomendado pela Organização das Nações Unidas (ONU). Em Minas, há um bombeiro para cada 3.717 habitantes, sendo que o preconizado é um a cada mil. Seguindo o parâmetro da ONU, o Estado teria que quase quadruplicar o seu efetivo.
Para Pascoal, a proporção da ONU é relativa, já que, se fosse colocada em prática, cidades com até 4.000 habitantes teriam que ter ao menos quatro bombeiros. “Como nosso serviço é 24 horas por dia, precisaríamos de ao menos 16 profissionais nesses locais para os plantões, a um custo assustador”, argumenta. Segundo ele, o gasto com implantação de um pelotão simples é de R$ 4 milhões, e com manutenção mensal, de R$ 20 mil.
Já a população acredita que tragédias como a de Barroso, que tem cerca de 20 mil habitantes, poderiam ser evitadas se houvesse mais estrutura. “Quando o Corpo de Bombeiros chegou, os moradores já tinham apagado o fogo. Se o socorro fosse mais rápido, algumas crianças poderiam ter sobrevivido”, diz a dona de casa Leni Vitor, 69, que mora ao lado do local do incêndio e conhecia as vítimas.
Pesquisa
IBGE. A Pesquisa de Informações Básicas Municipais (Munic) 2013 informou que, em Minas, 60 cidades tinham Corpo de Bombeiros. No entanto, são 54 municípios com unidade militar – as demais podem ser estruturas civis de socorro.
Quando acionar o socorro
Atuação. O Corpo de Bombeiros (telefone 193) atende todos os casos de urgência e emergência, em especial, incêndios, acidentes em que há pessoas presas às ferragens de veículos e vítimas de afogamento e de soterramento.
Parceria. A central de atendimento dos bombeiros atua em parceria com o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu), que atende os casos pré-hospitalares, como problemas cardiorrespiratórios e acidentes sem vítimas presas às ferragens (o telefone do Samu é 192).
Casos. No ano passado, os bombeiros atenderam 17.957 ocorrências de incêndio no Estado, o que dá uma média de 49 casos por dia.
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