Edição do dia 26/05/2014
A Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe criticou, hoje, a decisão do delegado de Aracaju que liberou um rapaz detido por tentativa de assalto neste fim de semana - o enteado do secretário de segurança pública do estado.
Um taxista que não quer se identificar diz que tinha acabado de deixar uma passageira na rua, por volta de 2h30 da manhã de domingo, quando foi surpreendido por dois homens numa caminhonete branca que anunciaram um assalto. “’Assalto, assalto, dinheiro’. A gente ficou nervoso”, conta. Mesmo ameaçado, ele arriscou uma saída. “Foi quando, num instalo, eu olhando a arma, eu digo assim: ‘Polícia ! Polícia!’. Aí ele ficou nervoso e saiu”, relata o taxista.
O taxista ligou pra o 190 da Polícia Militar e meia hora depois foi chamado na delegacia para reconhecer dois suspeitos que tinham sido detidos pela PM.
Um dos suspeitos era Bruno Ítalo de Araújo, de 21 anos, enteado do secretário de Segurança Pública de Sergipe, João Eloy, o dono da caminhonete.
Duas pistolas e um fuzil apreendidos com a dupla pertencem à Secretaria de Segurança. E uma outra pistola, ao próprio secretário. O delegado que registrou a ocorrência não quis dar entrevista. Mas, em conversa com nossos repórteres, sem saber que estava sendo gravado, disse não ter visto elementos que determinassem a prisão.
"Eu ia lavrar um flagrante quando entendi que não havia dolo? Ou seja, intenção de cometer um crime?”, disse.
Os dois suspeitos foram ouvidos e liberados em seguida. O secretário de Segurança Pública, João Eloy, também não falou com a imprensa. Coube ao secretário adjunto dar explicações.
“Tudo vai ser apurado. Em nenhum momento o secretário de segurança pública fez qualquer tipo de ingerência para diminuir, ou aumentar ou modificar qualquer coisa”, disse João Batista Santos Júnior, secretário adjunto de segurança pública.
Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil em Sergipe, o procedimento adotado pelo delegado fere a lei, porque o uso de armamento restrito e a tentativa de roubo justificam a prisão em flagrante.
“Ele deveria lavrar a ocorrência, manter recolhidos os presos, e encaminhar toda documentação para a Justiça para deliberação de uma liberdade ou não pela própria justiça", afirmou Carlos Augusto Monteiro, presidente da OAB de Sergipe.
A Polícia de Sergipe abriu inquérito para investigar Ítalo Bruno por tentativa de assalto e porte ilegal de armas.
http://g1.globo.com/jornal-nacional/noticia/2014/05/oab-de-sergipe-critica-decisao-do-delegado-que-liberou-um-rapaz-detido-por-tentativa-de-assalto.html
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