quinta-feira, 17 de abril de 2014

19 mortes são registradas em 24 h de greve de PMs em Salvador e região

16/04/2014 
Do G1 BA
Tropas do Exército já se deslocam por Salvador(Foto:Elói Corrêa/Secom Bahia)

Um balanço do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) aponta que 19 pessoas foram assassinadas em Salvador e região metropolitana de 19h de terça-feira (15) até as 19h desta quarta (16), período que coincide com o primeiro dia de paralisação de policiais militares na Bahia.

A greve dos PMs foi considerada inconstitucional pela Justiça da Bahia, que estipulou multa diária de R$ 50 mil. O governo afirmou que as reivindicações das associações de policiais grevistas "ultrapassam o limite orçamentário do Estado". O reajuste nas Condições Especiais de Trabalho (CET) é o principal ponto de divergência (entenda o impasse). Enquanto governo e categoria não chegam a um acordo, tropas do Exército reforçam a segurança nas ruas de Salvador. Durante a madrugada da terça-feira, houve uma série de saques e arrombamentospela cidade.

Nos bairros Fazenda Grande II e Paripe, na capital baiana, foram registrados casos de duplo homicídio. Na segunda-feira (14), quando ainda não tinha greve, foram registrados seis homicídos. A Polícia Civil vai investigar se o aumento do número de homicídios se deve à diminuição do efetivo de policiamento nas ruas.
Mulheres foram presas após saques na Liberdade(Foto: PM/Divulgação)

Ainda em Salvador, pelo menos 26 pessoas foram detidas por envolvimento em saques, arrastões e arrombamentos nos bairros do IAPI, Liberdade e Jardim de Alah.

Já em Feira de Santana, segunda maior cidade da Bahia, mas com quase cinco vezes menos o número de habitantes da capital, ocorreram 15 homicídios, dois latrocínios [roubo seguido de morte], e quatro autos de resistência, quando há mortes em confronto com a polícia, o que totaliza 21 óbitos. A quantidade de homicídios em todo o estado não foi repassada pela SSP-BA.

Reforço na segurança
As tropas do Exército iniciaram ações de patrulhamento em Salvador nesta quarta-feira com 350 agentes. A segurança do estado vai ser reforçada com efetivo militar enquanto permanecer a situação de greve.

Ao todo, foram destinados 8 mil militares, 150 viaturas e aeronaves da FAB e do Exército durante a "Operação Bahia II", que acontece nas principais cidades do estado. Além do Exército, 85 viaturas, com 202 policiais da corporação, estão em atividade.

As tropas que atuam em Salvador já estão na orla, na Avenida Paralela, na região do Iguatemi e nos bairros do Cabula e Pernambués. Em Lauro de Freitas, região metropolitana, quem vai atuar é a Força Nacional.

Segundo o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, as tropas federais deslocadas à Bahia vão ser distribuídas em diversos municípios. Feira de Santana, Vitória da Conquista e Juazeiro, além de Salvador, também vivem mobilização da Polícia Militar. Cardozo aponta que as tropas são compostas por policiais militares, civis, bombeiros e peritos. A presidente Dilma autorizou o emprego das Forças Armadas na segurança pública por conta da diminuição do efetivo de PM nas cidades.

“As reivindicações podem ser legítimas, podem ser justas. Agora, quando se colocam contra a sociedade, contra o interesse público, trazendo insegurança e um clima social perverso, não podem ser tidas como legítimas. (...) O Estado brasileiro não aceita que situações desse tipo se coloquem. A sociedade não pode aceitar que pessoas remuneradas pelos cofres públicos ajam dessa maneira”, completou.

Impasse
O reajuste nas Condições Especiais de Trabalho (CET) é o principal ponto de divergência entre policiais grevistas e governo do estado, que tentam negociar a finalização do movimento iniciado na Bahia, há um dia, nesta quarta-feira (16), segundo informa Marco Prisco, vereador filiado pelo PSDB que lidera o movimento.

"A questão remuneratória o governo não avançou. Queremos 90% para motorista e 80% para os policiais. Pode ter uma variação nisso sim. Agora é com o governo", diz. Prisco participa de nova reunião, na noite desta quarta-feira, com deputados estaduais, na Assembleia Legislativa e, em seguida, aconcete um encontro com o governador Jaques Wagner, na sede da Governadoria. O líder grevista informa que a categoria está aberta para acordo ainda nesta noite.

O governo explica que a CET é uma gratificação que atualmente vigora para oficiais e que os grevistas pedem que se estenda a todos do efetivo policial, informa o diretor de comunicação da PM, Gilson Santiago, que responde pelo governo. "Eles querem também que todo o reajuste que seja concedido aos policiais também seja concedido aos policiais inativos", explica.

Greve de 2012
Marco Prisco foi o líder do movimento grevista de 2012, que durou 12 dias. Ele foi preso depois de um cerco do prédio da Assembleia Legislativa, onde os policiais acamparam, pelas tropas federais. No total, foram 12 mandados de prisão expedidos, motivados por conversas gravadas, reveladas pelo Jornal Nacional, que mostraram acertos para realização de ações de vandalismo em Salvador. No período, o aumento no número de homicídios foi de mais de 100%. Na ocasião, eles pediam o pagamento da Gratificação da Atividade Militar (GAP) 4 e a 5, além da não punição administrativa. Em outubro, Prisco foi o quarto vereador mais votado na capital baiana, eleito pelo PSDB.
Comando grevista da PM apresenta propostas para o coronel Alfredo Castro no início da tarde desta quarta (Foto: Henrique Mendes/G1)

Nenhum comentário:

Postar um comentário