03/02/2014 às 18:38
Não passa dia sem que o Judiciário vire um saco de pancadas de um figurão do PT. Nesta segunda, o mensaleiro condenado e futuro presidiário João Paulo Cunha, que é ainda deputado federal, resolveu levar seus amigos do partido e da CUT para acampar no estacionamento do Supremo como forma de protesto contra o processo do mensalão. Almoçou lá com a companheirada, como vocês leem no post anterior. A CUT é aquela entidade que resolveu dar um suposto emprego a Delúbio Soares só para que ele não tenha de passar os dias na cadeia.
Nunca antes na história destepaiz, para lembrar o bordão do Apedeuta, a Justiça foi alvo de tamanho deboche. Parece evidente que o PT decidiu, de maneira deliberada, sistemática, organizada, transformar o Poder Judiciário na Geni do Brasil. E que não venham com a história de que a ação do partido tem como alvo apenas Joaquim Barbosa, que é apenas um dos ministros do Supremo. Não! O relator do mensalão não condenou ninguém sozinho, ora bolas! João Paulo foi condenado pelo Poder Judiciário.
Indagado se renunciaria, sua resposta é patética: “Você acha justo uma pessoa que não cometeu nenhum crime deixar de exercer o seu ofício? Essa é a pergunta que tem que ser feita”. É o que diria de si mesmo qualquer criminoso inconformado com a condenação. Imaginem se cada pessoa que discorda da decisão de um juiz decidir estimular o acampamento às portas da Justiça.
O deboche não se limita a isso, não. A vaquinha organizada na Internet para arrecadar dinheiro já é o fim da picada — dinheiro cuja origem ninguém conhece. Um único simpatizante, vejam vocês, teria doado quase R$ 50 mil a Delúbio Soares — R$ 48 mil se a minha memória não falha. É mesmo?
Essas iniciativas do PT parecem irrelevantes, mas não são. Ajudam a criar no país a sensação de que o crime compensa e de que, no fim das contas, os bacanas nunca são punidos como devem. Está lá Delúbio “trabalhando” na CUT — a mesma CUT que decidiu fazer uma espécie de rolezinho de protesto às portas do STF. Mais um pouco, estarão todos os condenados na rua, sem que tenham deixado de debochar da punição um só minuto.
“Isso é coisa do João Paulo, não do PT”, poderia dizer alguém. Errado. Trata-se de uma decisão partidária, expressa, inclusive, nos documentos oficiais da legenda. Nesta segunda, já comentei aqui a mobilização da rede petista para achincalhar Joaquim Barbosa, “condenado” porque posou para uma fotografia.
Eis o PT: seus adversários são criminosos mesmo quando são inocentes, e seus aliados são inocentes mesmo quando são criminosos.
Por Reinaldo Azevedo
http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/
Nenhum comentário:
Postar um comentário