20/02/2014 às 18:54
Se petistas fossem ao menos seres lógicos, já seria um avanço porque isso aumentaria, digamos assim, a humanidade da conversa. As falas estúpidas vão se multiplicando, inclusive por intermédio da Al Qaeda eletrônica nas redes sociais. Então vamos ver.
O senador Humberto Costa (PT-PE) diz que Eduardo Azeredo renunciou a seu mandato na Câmara “para evitar que o STF se posicione e para tirar o foco do PSDB”. É mesmo? Por quê?
Os petistas não são os primeiros a dizer que essa história de mensalão não tem a menor importância eleitoral? De certo modo, têm razão: Lula foi reeleito depois do escândalo, e Dilma se elegeu em 2010.
Irmão de José Genoino, o deputado federal José Guimarães (PT-CE) — aquele cujo assessor, um pobre-coitado, apareceu com a cueca recheada de reais e dólares — saiu-se com uma patacoada: “Era fundamental garantir a ele [Azeredo] a justiça que foi negada ao PT”.
Como é que é, doutor? Justiça negada ao PT? Então vamos ver:
1: se, antes do início do julgamento, todos os que detinham foro especial por prerrogativa de função tivessem renunciado, o processo não teria ficado no Supremo;
2: ocorre que os petistas e seus associados apostaram que tinham mais chances de absolvição no Supremo do que na Justiça comum;
3: quando se deram conta de que não era bem assim, já era tarde;
4: os petistas mantiveram o foro especial porque quiseram. João Paulo Cunha, por exemplo, não apenas fez questão de se candidatar a deputado como teve o topete de, réu em três crimes — corrupção passiva, peculato e lavagem de dinheiro —, presidir a Comissão de Constituição e Justiça da Câmara.
5: com o julgamento já em andamento, o sr. José Genoino teve a cara de pau de assumir um mandato na Câmara e integrar também a… Comissão de Constituição e Justiça;
6: já condenados, decidiram fazer uma “vaquinha” na Internet para arrecadar dinheiro, debochando da Justiça;
7: De resto, independentemente das consequências, se o processo migrará ou não para a primeira instância, a renúncia é livre.
E encerro lembrando que, ainda que Azeredo tenha renunciado pensando na campanha de Aécio Neves à Presidência, melhor essa postura — mesmo ele se dizendo inocente — do que a daqueles que se orgulham de malfeitos já comprovados nos autos e que fazem praça dos crimes pelos quais já são condenados.
Por Reinaldo Azevedo (http://veja.abril.com.br/blog/reinaldo/)
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