segunda-feira, 20 de janeiro de 2014

Taxistas votam implantação de sistema de segurança em Juiz de Fora

20/01/2014 
Do G1 Zona da Mata
Taxistas de Juiz de Fora votam implantação de segurança (Foto: Reprodução/TV Integração)

Todos os 548 permissionários e 1617 auxiliares do serviço de táxi em Juiz de Fora têm até terça-feira (21) para escolher sobre a obrigatoriedade de equipamentos de segurança. Os que são favoráveis devem ainda decidir qual das opções será instalada nos veículos. Eles podem escolher entre sistema de rastreamento via satélite, cabine de segurança que faria separação entre passageiro e motorista por estrutura blindada e câmera de filmagem dentro do carro. A votação não é obrigatória e é realizada na Escola de Governo, na Rua Maria Perpétua, 72, 3º andar, no Bairro Ladeira nesta segunda-feira (20) até 18h e na terça-feira (21) de 8h às 18h.

A discussão ocorre em um momento em que a categoria manifesta que ainda se sente insegura nas ruas de Juiz de Fora. Neste domingo (19), uma informação falsa de ameaça aos trabalhadores assustou os taxistas e causou congestionamento no Centro de Operações da Polícia Militar (Copom) em Juiz de Fora.

As discussões foram intensificadas após o assassinato de um taxista no Bairro Santa Rita, no dia 4 de novembro. No dia 8 de dezembro, um adolescente de 16 anos confessou ter cometido o crime por conta de uma dívida de drogas. Desde então, a categoria se mobilizou pedindo mais segurança para os taxistas. Os governos municipal e estadual se comprometeram a aumentar os investimentos em segurança e em efetivo policial na cidade.

De acordo com a assessoria da Secretaria de Transporte e Trânsito (Settra) de Juiz de Fora, a votação é resultado das reuniões de debate do comitê, formado por representantes das Settra, dos taxistas (Associação, Sindicatos dos Taxistas e dos Auxiliares e de taxistas não filiados), dos rádiotáxis e da Polícia Militar.

“A gente entende que, colocando como obrigatório, talvez muitos taxistas não irão gostar do sistema e não vão aderir. Então a gente prefere que se faça essa votação para saber a opinião da classe toda”, disse o presidente da Associação dos Taxistas, Aparecido Fagundes.

“Essa consulta aos taxistas, por mais que seja trabalhosa, no meu ponto de vista, é a ferramenta mais correta que a gente deve empreender para que se consiga resolver e trazer soluções para os problemas que a gente tem na cidade”, afirmou o subsecretário de Mobilidade Urbana, Mauro Branco.

Conforme panfleto distribuído pelos taxistas com orientações sobre a votação, apontando os benefícios e problemas de cada sistema, o rastreador tem custo entre R$ 60 a R$ 90 mensais e pode apresentar falhas no serviço de cada operadora. Já a câmera no interior do carro registra somente a imagem e exige investimento único estimado entre R$ 500 e R$ 1000, mas pode ter eventuais falhas na gravação. A cabine de segurança, por sua vez, tem valor médio de mercado de R$ 6 mil, mas limita espaço para o motorista, o grau de dificuldade é aparente porque pode aumentar a violência do infrator e deixar marcas no veículo após a retirada.

O diretor da Associação dos Taxistas, Jorge Oliveira, reforçou que a votação não impede que o dono do veículo instale mais algum sistema por conta própria. “O que for escolhido não veta os demais, que podem ser instalados de forma opcional”, disse ao G1.

Jorge reforçou ainda a importância desta iniciativa. “Pela primeira vez na história do serviço de táxi, os funcionários, permissionários e auxiliares estão participando de um processo de tomada de decisão relativa à categoria”, reforçou.

“Vai ter mais segurança para gente, e para os auxiliares também”, disse Rogério Sena, que votou nesta manhã. “Tudo aquilo que possa ajudar os órgãos municipais, à polícia, a resolver os problemas a que nós estamos expostos 24h, é bem vindo”, analisou o taxista Jorge Gonçalves.

Segundo a assessoria da Settra, caso a categoria decida pela viabilidade de instalação de algum destes equipamentos, a Secretaria vai adequar a lei municipal para inserir como obrigatoriedade do serviço e encaminhar para votação e aprovação em outras instâncias.

Informações falsas causam tumulto 
No domingo (19), uma série de informações falsas deixou a categoria assustada e fez a Polícia Militar apurar o caso. Tudo começou com um suposto caso de agressão que teria acontecido há 15 dias no Bairro Mariano Procópio. Segundo o presidente da Associação de Taxistas de Juiz de Fora, Luiz Gonzaga, um grupo, de cinco homens, tentou entrar em três táxis de um ponto no Bairro Mariano Procópio para ir ao Bairro Jardim Natal, mas os taxistas se recusaram a fazer o trajeto, por medo de ir à região, que consideram perigosa. Segundo Gonzaga, o grupo bateu em um taxista idoso e os taxistas agrediram o grupo. No sábado (18), um dos jovens agredidos teria morrido no Hospital de Pronto Socorro (HPS) e estaria sendo velado no Cemitério Municipal. Por causa desta suposta morte, chegou uma ameaça de retaliação em uma central de rádiotáxi contra quem estivesse trabalhando no domingo.

No mesmo dia, o Copom recebeu ligações dizendo que pessoas não identificadas estariam apedrejando táxis perto do Cemitério Municipal. E ainda a central de rádiotáxi repassou no sistema de comunicação um suposto alerta vindo de um taxista, que ainda não foi identificado, de que não era para irem aos bairros Jardim Natal e Milho Branco, porque a PM teria informado que não tinha viaturas e efetivo para garantir a segurança dos taxistas.
Gonzaga afirma que, por medo, taxistas recusam corridas (Foto: Reprodução/TV Integração)

A situação foi confirmada pelo diretor da Associação de Taxistas Jorge Oliveira. “Foram várias informações falsas que deixaram todo mundo assustado, mas já conversamos com a PM sobre isso”, disse.

O presidente da Associação dos Taxistas, Luiz Gonzaga Nunes, confirmou que situações deste tipo fazem os taxistas recusarem trabalho em alguns bairros. "O nosso interesse não é esse. É que nós respeitamos os passageiros e queremos que eles nos respeitem também. Nós já somos presa fácil e o próprio usuário vai ser prejudicado se ele não nos ajudar também", afirmou em entrevista ao MGTV.

O assessor do 27º Batalhão, capitão Jean Michel do Amaral, disse que o caso foi apurado pela PM. Não há registro da suposta agressão entre taxistas e passageiros no Bairro Mariano Procópio e nem de morte de vitima no HPS. A PM entrou em contato com a central de rádiotáxi, mas não souberam informar quem passou o alerta em nome da PM. “A PM tem efetivo para garantir a segurança nas regiões mencionadas”, disse capitão Jean Michel Amaral.

Ele reforçou que a partir da comunicação do falso alerta, o grande número de ligações de taxistas congestionaram o sistema de atendimento do Copom, via 190. A PM pediu para que os taxistas vítimas de problemas no domingo se pronunciassem, mas ninguém apareceu para confirmar a situação.

De acordo com capitão Jean Michel do Amaral, os números recentes envolvendo taxistas não apontam uma situação problemática. “Neste ano de 2014, foram dois registros de assaltos a taxistas. Na última quinzena de dezembro, um assalto. É um número extremamente baixo, não há motivo para os taxistas se alarmarem, nem evitarem corridas”, afirmou.

O capitão reforçou também que ser autor de informações falsas é uma contravenção. “A pessoa pode responder por falsa denúncia de crime, porque mobilizou órgãos públicos para que fosse averiguada uma situação que não existia, que não foi constatada”, disse o assessor do 27º BPM.

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