09/12/2013
Gabriela Lima
Do G1 GO
Kemilly Vitória após consulta no Hospital Materno Infantil (Foto: Gabriela Lima/G1)
O resultado do início do tratamento da menina Kemilly Vitória Pereira de Souza, de 2 anos e 8 meses, que tem o corpo coberto por pelos, animou o cirurgião pediátrico Zacharias Calil. "Ficou além do esperado", disse o médico, após avaliar a paciente na tarde desta segunda-feira (9).
"Ela formou crostas, tipo uma queimadura, que não atingiu a derme, apenas a camada superficial da pele. Nas regiões onde teve essa descamação, provavelmente, não vai nascer mais pelos", explicou o médico.
A criança sofre de uma doença genética e hereditária chamada "hipertricose lanuginosa", também conhecida como "síndrome do lobisomem", cujo único tratamento disponível é a aplicação de laser.
Inicialmente, o médico acreditava que a lanugem (como são chamados os pelos) voltariam a crescer, mas agora está mais otimista. Kemilly fez aplicações de laser do lado esquerdo do rosto. Uma nova sessão de laserterapia está marcada para o próximo dia 19, quando será feita a primeira aplicação no lado direito. Ao todo, serão mais de 40 sessões.
O procedimento para retirar os pelos do lado esquerdo do rosto da menina foi feito na quinta-feira (5), Hospital Materno Infantil (HMI), e durou cerca de 40 minutos. Após Kemilly ser sedada, a equipe médica retirou o excesso de pelos com uma máquina e, em seguida, disparou o laser sobre determinados pontos. Segundo Calil, não houve complicações e a pele da menina respondeu bem tratamento.
Estranhamento
Após a primeira aplicação de laser, a mãe de Kemilly, a dona de casa Patrícia Batista Pereira, de 22 anos, disse que "estranhou" o rosto da filha. "A gente achou muito diferente na hora, mas agora já acostumou. A gente sabe que é o melhor para ela", diz.
A mãe conta que nunca raspou os pelos nem passou nenhum produto. "Tinha medo dos pelos engrossarem", explica. Agora, por recomendação médica, vai passar uma pomada e protetor solar.
Em Goiânia para fazer tratamento, menina coberta por pelos brinca após consulta (Foto: Gabriela Lima/G1)
Zacharias Calil conta que, ao longo do tratamento, a família deverá se habituar a novas mudanças: "A pele dela é de uma coloração clara, bem diferente da cor mais escura que a família está acostumada a vê-la por conta da lanugem".
Retorno
Os pais de Kemilly moram em Augustinópolis, no Tocantins, e buscaram ajuda na capital goiana após inúmeras consultas médicas. o pai, o eletricista Antônio de Souza, de 34 anos, diz estar ansioso para voltar para casa após, onde pretende passar o Natal com restante da família.
No entanto, o casal deverá trazer a filha todos os meses para se submeter à laserterapia no Hospital Materno Infantil. "A gente sabe que será uma dificuldade vir todo mês, porque não temos condições de nos manter aqui. Também será um sofrimento para ela ficar de jejum nos dias de aplicação, mas estamos fazendo o melhor para a nossa filha e um dia ela vai nos agradecer", diz a mãe, convicta.
Kemilly Vitória nasceu com o corpo coberto de pelos (Foto: Fernanda Borges/G1)
Patrícia conta que, desde o nascimento da menina, a família percebeu que os pelos cobriam todo o corpo da criança, mas que eles foram escurecendo ao longo do tempo. “Felizmente, ela é saudável e se desenvolve como uma criança normal. O problema mesmo é o excesso de pelos em todo o corpo. Só os pés e as mãos delas não têm”, destacou.
"Será um tratamento por longo tempo. Nós temos que ir devagar, por partes, e com uma energia e intensidade mais fraca para não correr o risco de provocar queimaduras na pele da criança", afirmou Calil. Após o primeiro resultado, o médico comemorou: "A gente ficou animado porque já calibramos o aparelho de laser na medida certa para ela".
Com a terapia, o laser atinge uma profundidade de 5 milímetros na pele. O objetivo, segundo o cirurgião, é destruir a raiz dos fios.
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