26/11/2013
Amália Goulart - Hoje em Dia
Marcelo Prates/Hoje em Dia
Alexandre Gomes espera que juiz não aceite a denúncia do Ministério Público
O vereador Alexandre Gomes (PSB) foi denunciado pelo Ministério Público de Minas por improbidade administrativa, sob acusação de envolvimento em um escândalo sexual com dinheiro público. De acordo com a Promotoria de Justiça do Patrimônio Público, ele teria empregado, na Regional Noroeste, uma mulher que lhe prestaria favores sexuais. O relacionamento extraconjugal teria tido início após a contratação. Os encontros aconteceriam até mesmo na Câmara de Belo Horizonte, sempre após as 17h.
A mulher, cujas iniciais do nome são M.C., tinha o salário público completado pelo vereador. Ela ainda levava “amigas” em visitas que fazia a Gomes na Câmara de BH, de acordo com a denúncia da Promotoria.
O MP sustenta, em ação civil pública assinada pelo promotor Eduardo Nepomuceno, tratar-se de improbidade administrativa com enriquecimento ilícito. “A presente ação não pretende discutir aspectos da vida pessoal do requerido, mas, sim, o fato de Alexandre Gomes, no exercício do cargo de vereador, ter usado a máquina pública para satisfação de sua lascívia, oferecendo emprego público para fins de conquistar M.C.”, diz trecho da ação.
“A improbidade consiste no uso do cargo para obtenção de vantagens”, completa Nepomuceno à reportagem.
A Promotoria teve acesso às conversas do vereador com a mulher pela rede social “Facebook”. Nelas, há um misto de pornografia com promessa de empregos públicos. “As conversas, que se iniciaram com caráter despretensioso, mudaram de rumo a partir de setembro de 2011, quando Alexandre Gomes começa a oferecer emprego em órgãos públicos para M.C.”, diz a Promotoria.
No dia 22 de setembro, Gomes comunica a M.C. que conseguiu emprego para ela na Regional Noroeste. “Conversei com o pessoal da Noroeste (...) eles vão ver uma vaga terceirizada lá”, teria afirmado. Neste mesmo dia ela teria ido à clínica onde o vereador, que também é médico, trabalha. “A mulher que seduziu a todos na clínica”, disse Gomes.
“No dia 1º de dezembro, o requerido Alexandre Gomes comenta que gostaria de ‘ver os seios” de M.C.. Tal intenção não teria repercussão jurídica, não fosse o comentário seguinte, do dia 5 de dezembro de 2011, quando o mesmo Alexandre Gomes promete emprego, na Câmara, para M. C. (“em janeiro você vem para a CMBH’)”.
Antes disso, em novembro, Gomes e M.C. marcaram um encontro na Câmara. Pelo “Facebook”, ele deu detalhes. “Deliciosa. Pra dar continuidade, seus seios. Que maravilhaaaa. Tudo de bom vc”, diz trecho da conversa, que contém muita pornografia. Os registros de entrada de M.C. e das amigas na Câmara coincidem com as datas combinadas na rede social. Na ação civil, o MP pede a condenação por improbidade administrativa e que a Câmara seja informada sobre o teor do processo.
Mulher alegou ao MP que só queria dinheiro
Em depoimento ao Ministério Público Estadual, M.C. confirmou as conversas com o vereador Alexandre Gomes em uma rede social e disse estar interessada apenas no “dinheiro” do parlamentar. M.C. disse que ele realmente conseguiu um emprego para ela, em uma empresa terceirizada, para prestação de serviços na Regional Noroeste da prefeitura.
“A depoente foi trabalhar como terceirizada (...), na Secretaria Municipal de Administração Regional Noroeste; que a depoente foi indicada para tal emprego pelo vereador Alexandre Gomes; que Alexandre Gomes é ‘colega’ da depoente”, disse M.C. ao Ministério Público.
Como o salário pago no cargo era inferior ao prometido, o parlamentar complementava a quantia que faltava. “Que a depoente recebia, na CTPS, cerca de R$ 600 (seiscentos reais); que Alexandre Gomes pagava para a depoente cerca de R$ 500 (quinhentos reais) por fora”, diz trecho do depoimento. O dinheiro, segundo ela, era recebido na Câmara, motivo de sua ida frequente à Casa, conforme sua versão.
Sem relação
A mulher sustentou à Promotoria que, apesar das conversas íntimas com o vereador, não manteve relação sexual com ele. Apenas o “instigava” para conseguir o emprego e a manutenção do mesmo. “(...) tinha interesse no dinheiro do vereador Alexandre Gomes; que também as amigas da depoente, S. e N. tinham interesse no dinheiro do vereador; que o vereador Alexandre Gomes dava dinheiro para a depoente por ter interesse na depoente; que o vereador Alexandre Gomes queria ‘ficar’ com a depoente e com S.; que a depoente, em razão do seu interesse, gostava de instigar Alexandre Gomes, mas sem concretizar nenhum ato”. Ela ainda confirmou que uma das amigas já “ficou” com o vereador.
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