17/10/2013
A pesquisa considerou toda forma de trabalho em que a pessoa não tem liberdade de ir
LITZA MATTOS
Londres, Reino Unido. A escravidão moderna assume diversas formas e, por isso, muitas vezes permanece “camuflada” em casas, comunidades e empresas. Uma pesquisa inédita produzida pela Fundação Walk Free mediu a dimensão desse problema no mundo, e os dados deram origem ao Índice Global de Escravidão, que tem informações de 162 países. Segundo o estudo, cerca de 29,8 milhões de pessoas estão escravizadas em todo o mundo.
Com uma estimativa de 160 mil pessoas em situação de escravidão, a Mauritânia é o país com a maior prevalência e a Islândia apresenta o menor índice, com menos de 100 pessoas. Em números absolutos, a Índia lidera o ranking com quase 14 milhões de pessoas em situação de escravidão. O Brasil ocupa a posição de número 94 no ranking. Acreditase que há entre 200 mil e 220 mil escravizados.
ANÁLISE
O relatório analisou o problema com base em três fatores: a porcentagem da população em situação de escravidão moderna, o casamento infantil e o tráfico de pessoas. Dos 29,8 milhões de escravizados, 72,14% estão na Ásia, 16,36% na África Sub-saariana, 3,78% nas Américas, 3,36% na Rússia e Eurásia, 2,54% no Oriente Médio e Norte da África e 1,82% na Europa.
O Produto Interno Bruto (PIB) e os níveis de desenvolvimento humano estão entre os fatores apontados pelos países como determinantes para o índice, mas o cientista político e membro da Comissão Nacional para Erradicação do Trabalho Escravo, Leonardo Sakamoto contesta.
“O trabalho escravo não está diretamente relacionado ao PIB, mas surge principalmente relacionado à questão econômica, ou seja, uma ferramenta para garantir a competitividade e reduzir os custos”, afirma.
BRASIL
Com uma população de 198,7 milhões de pessoas, o Índice Global de Escravidão estima que de 200 mil a 220 mil pessoas sofram com o problema no Brasil.
Apesar do número, Sakamoto afirma que o Brasil é um país com um dos sistemas de combate à escravidão mais avançados. “Começou no governo Fernando Henrique Cardoso, foi aprimorado no governo Lula e está sendo mantido pela Dilma. Se tornou uma política de Estado e não de governo. Mais de 45 mil pessoas foram libertadas desde 1995 e, em 2003, eles passaram a ter acesso ao seguro-desemprego”, afirma.
Por fazer todo um acompanhamento e ter as informações de todas as pessoas libertadas, o cientista político acredita que “para se ter um índice mais acurado precisaria-se de usar esse conjunto de informações para uma estimativa nacional”.
“As ações do governo são presentes, mas as políticas têm sido insuficientes para erradicar o trabalho escravo no Brasil. Na fiscalização e na punição o governo tem feito muito, mas na prevenção temos poucos exemplos”, avalia.
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