20/10/2013 - Juiz de Fora
Rafaela Borges
Do G1 Zona da Mata
Ao receber a ligação, o ideal é não se desesperar (Foto: GloboNews)
Golpes de falso sequestro continuam acontecendo no país e cair na 'conversa' dos criminosos ainda é frequente. Nesta quinta-feira (17), uma mulher de 51 anos foi vítima em Santos Dumont e perdeu R$ 4.900. De acordo com a Polícia Militar (PM), é comum a vítima se desesperar ao receber uma ligação comunicando que um parente está em posse de bandidos. Porém, há maneiras de agir e manter a situação sob controle.
Há um mês a família do empresário de Juiz de Fora, Marcelio Guilherme, de 25 anos, passou por uma dessas situações. De acordo com ele, o dia jamais será esquecido. “Minha irmã foi surpreendida pela ligação dos bandidos logo cedo, por volta das 8h. Eles não sabiam o nome de ninguém para iniciar o falso sequestro. O erro partiu da minha irmã. Eles disseram: ‘Estamos com sua filha aqui. Ou você deposita R$ 10 mil para mim agora ou eu a apago’. Minha irmã no desespero disse o nome da minha sobrinha e essa foi a gota d'água para aumentar o pânico”.
Apesar do nervosismo, a irmã de Marcelio conseguiu manter os bandidos no telefone enquanto ele tentava contato com a sobrinha pelo celular. Porém, como ela estava em aula, o telefone estava desligado. “Eles deram dez minutos para fazer o depósito. Este foi o tempo suficiente para eu ir de moto até a escola e ver que ela estava lá, sentada assistindo uma aula de geografia sem saber de nada que estava acontecendo”, contou.
A mesma situação aconteceu com a estudante de Medicina Veterinária Samantha de Alcântara, de 33 anos, também de Juiz de Fora. A data do crime ficou registrada na memória. "Foi numa sexta-feira, 4 de outubro deste ano. Eu havia acabado de chegar da faculdade, estava em casa. Era por volta das 10h30. Naquele dia minha aula iria até às 12h, mas a turma acabou sendo dispensada mais cedo. Ligaram a cobrar para a minha casa, de um número sem identificação. Minha mãe atendeu e uma voz feminina gritava ‘Mãe, socorro, eu fui sequestrada, me ajuda’. Logo em seguida, uma voz masculina tomou a vez gritando com a minha mãe, falando que estava com a filha dela e que queria R$ 70 mil. Caso contrário, cortaria os dedos e orelhas da filha”, disse. No entanto, nesse dia, a irmã de Samantha também estava em casa e a mãe logo percebeu que se tratava de um golpe. “Minha mãe pegou o celular e ligou para a polícia, os deixando ouvir toda a ligação. Ela conseguiu ficar na linha com os falsos sequestradores por uns 15 minutos e depois revelou que sabia que se tratava de um golpe”, comentou.
O fato se repetiu com a agente comunitária de saúde Andreia Dazini, de 33 anos, moradora da mesma cidade. “Eu tinha uma consulta médica marcada por volta de 9h30. Saí da unidade de saúde onde eu trabalho e fui para o médico. Enquanto estava lá percebi que os meus dois celulares estavam descarregados. Não me importei porque havia avisado à minha mãe da consulta. Quando voltei para casa minha mãe estava no portão com uma cara esquisita. Ela me disse que alguém havia ligado pra ela chorando e pedindo socorro dizendo que tinha sido sequestrada”, relatou.
Em todas as situações, o sentimento é o mesmo: medo. “Por mais que a gente veja sempre isso acontecendo com os outros, a gente nunca imagina que vai acontecer conosco. Fica sempre a dúvida: E se for verdade? Muito nos assustou quando o nosso identificador de chamada mostrou o número que estava ligando. Era DDD da nossa região e isso, para a gente, aumentavam as chances de ser verdade”, relembrou Marcelio.
Já Andreia, diz que a mãe ficou bastante nervosa. “Ela ficou muito assustada, mas graças a Deus manteve a calma. Eles nem chegaram a exigir nada, não deu tempo. Eu já havia falado com ela sobre esse assunto e pedi que desligasse o telefone e me ligasse se algo parecido acontecesse”, falou.
Consequências
A psicóloga Ana Stuart diz que muitos pacientes já passaram por situações deste tipo e tiveram que buscar ajuda. “Algumas pessoas que passaram por isso tiveram traumas. Conheço uma senhora mais idosa, por exemplo, que no momento da ligação passou muito mal e teve que ser internada. Outro caso é de um pai que não conseguiu falar com o filho no celular. Ele ficou desesperado”, relatou.
De acordo com ela, o prejuízo emocional e físico é muito grande. “As consequências podem ser para a vida toda. A pessoa adquire uma fobia, um medo terrível de deixar o filho sair de casa. Por isso é importante que ninguém se descuide do celular e esteja sempre com a bateria carregada. É preciso explicar a importância disso para os filhos”, explicou.
Como agir
De acordo com o policial militar Emiliano Reis, ocorrências desse tipo não devem nunca ser desprezadas. “É muito arriscado pensar que o sequestro de fato não está acontecendo. O falso pode ser verdadeiro”, ressaltou. Desta forma, segundo ele, o primeiro passo é buscar fazer contato com a vítima. “É preciso certificar-se da veracidade do fato e em seguida procurar os órgãos policiais, pelo 190 ou disque denúncia”.
Ainda de acordo com Emiliano, mesmo após a certificação da falsidade do sequestro, é preciso notificar a polícia. “Se existir algum dado residual, como um número de telefone, é importante passar para os policiais. Assim as polícias Civil e Militar podem buscar solucionar o caso, dar prosseguimento às investigações”, enfatizou.
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