15/08/2013 às 13:19
Agora são os black blocs que usam gás de pimenta contra a polícia. Mas os coleguinhas continuam apaixonados por aqueles que querem espancá-los
Vejam esta foto, de autoria de Daniel Teixeira, publicada na primeira página do Estadão de hoje. Volto em seguida.
No texto desta madrugada, afirmo que a cobertura dos jornais seria favorável aos manifestantes. Acertei, claro! No Rio e em São Paulo. Nas duas cidades, manifestantes mascarados decidiram partir para a porrada. São tratados com simpatia pelos jornalistas. Até o dia, suponho, em que essa gente decida invadir redações, TVs, rádios etc. Aí talvez a coisa mude. Mas não é assim tão certo. Bater em jornalistas, nas ruas, eles já batem. Os profissionais são obrigados a esconder a sua identidade; cinegrafistas de emissoras foram banidos das manifestações — têm de trabalhar com celular. Nem assim o ânimo dos “companheiros” da imprensa muda. Vai ver muitos coleguinhas gostariam de estar mascarados, vestidos de negro, botando pra quebrar. Até nas guerras, em que as duas partes entram para matar ou morrer, jornalistas costumam ter salvaguardas. Usam coletes e costumam ser protegidos pelos lados em conflito. Os nossos revolucionários são mais severos. Se descobrirem um “agente da mídia burguesa infiltrado” no movimento, eles lincham. Se virem o carro de alguma emissora de TV, eles incendeiam.
E se sentem à vontade para fazer isso porque sabem que estão sendo tratados como heróis pelo jornalismo online. E têm ainda a garantia da impunidade. No dia seguinte, algum “inteliquitual” alternativo tentará explicar, em páginas impressas, o justo direito à rebelião, como se o Brasil fosse uma ditadura.
Agora a foto
Previ que haveria fotos em que a Polícia Militar seria caracterizada como algoz. Elas existem, é evidente. Mas a coisa sempre pode ser pior. O que vocês veem lá no alto é um manifestante, em São Paulo, todo vestido de negro, mascarado, usando spray de pimenta contra os policiais. A democracia demorou alguns séculos até estabelecer que forças restritas, sob controle, têm o monopólio do uso legítimo da força. Mas eles não têm compromisso com essa tal democracia, não.
Previ que haveria fotos em que a Polícia Militar seria caracterizada como algoz. Elas existem, é evidente. Mas a coisa sempre pode ser pior. O que vocês veem lá no alto é um manifestante, em São Paulo, todo vestido de negro, mascarado, usando spray de pimenta contra os policiais. A democracia demorou alguns séculos até estabelecer que forças restritas, sob controle, têm o monopólio do uso legítimo da força. Mas eles não têm compromisso com essa tal democracia, não.
“Fúria revolucionária”
A Folha de hoje traz um texto com um registro muito eloquente. Leiam trecho (em vermelho):
A Folha de hoje traz um texto com um registro muito eloquente. Leiam trecho (em vermelho):
(…)
Com brincos e alargadores de orelha, lenço preto cobrindo e o rosto e um camiseta da banda punk britânica “The exploited”, foi quebrando coisas pelo caminho. Arrancou uma lata de lixo suspensa e jogou contra um ônibus.
“É a fúria revolucionária!”, gritava. “Tenho três filhos em casa, de 10, 12 e 14, deixei a janta na mesa e vim pra cá quebrar tudo”, disse ele, que disse ser um anarcopunk da zona leste.
“Já quebrei uma porrada de coisa hoje, porque esse sistema é uma m… Democracia não existe, shoppings são uma mentira, bancos são uma mentira”, disse.
“Tá vindo a viatura, vaza!”
O grupo de “black blocs” e anarcopunks continuou correndo pelo viaduto Dona Paulina. Na avenida Liberdade, quebraram os vidros e picharam uma agência bancária do Itaú e a loja de cosméticos Ikesaki.
Com brincos e alargadores de orelha, lenço preto cobrindo e o rosto e um camiseta da banda punk britânica “The exploited”, foi quebrando coisas pelo caminho. Arrancou uma lata de lixo suspensa e jogou contra um ônibus.
“É a fúria revolucionária!”, gritava. “Tenho três filhos em casa, de 10, 12 e 14, deixei a janta na mesa e vim pra cá quebrar tudo”, disse ele, que disse ser um anarcopunk da zona leste.
“Já quebrei uma porrada de coisa hoje, porque esse sistema é uma m… Democracia não existe, shoppings são uma mentira, bancos são uma mentira”, disse.
“Tá vindo a viatura, vaza!”
O grupo de “black blocs” e anarcopunks continuou correndo pelo viaduto Dona Paulina. Na avenida Liberdade, quebraram os vidros e picharam uma agência bancária do Itaú e a loja de cosméticos Ikesaki.
Encerro
Duas perguntas:
1) que sistema de governo satisfaria as vontades e os anseios deste rapaz?
2) que sistema de governo poderá contê-lo?
Duas perguntas:
1) que sistema de governo satisfaria as vontades e os anseios deste rapaz?
2) que sistema de governo poderá contê-lo?
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