26/08/2013
Roberto Nascimento
Os arroubos legislativos dos senhores deputados e senadores são fruto da voz rouca das ruas na “primavera” de junho. Os parlamentares, que têm um instinto de sobrevivência aguçado, perceberam que o governo lhes estava passando a responsabilidade pelas mazelas sociais do povo, simplesmente culpando o Congresso pela demora na votação das leis.
Então, os parlamentares saíram a campo para votar rapidamente o pacote de bondades e a derrubada da PEC 37, que limitava os poderes do Ministério Público. Deu certo a estratégia, pois o governo erradamente passou recibo, pedindo calma a Renan Calheiros e Eduardo Alves, respectivamente, presidentes do Senado e da Câmara.
É que nenhum governo quer perder o protagonismo das medidas favoráveis a sociedade, quando lhe convêm, claro. Tanto é verdade que a popularidade do governo caiu a níveis assustadores (31%) e os governadores do Rio e de São Paulo foram colocados nas cordas e lá permanecem acuados.
Enquanto persistirem as manifestações de ruas, o quadro não será alterado. O Centrão, de triste memória e que era um dos braços do regime militar, agora é chamado pelo nome pomposo de Base Aliada, tendo o PMDB e o PT como carros-chefes. Mas os dois partidos majoritários vivem em clima de divórcio, que pode ou não chegar à separação ou à conciliação, conforme o andar da carruagem.
No fundo e na forma, o cenário da eleição presidencial de 2014 já molda todos os comportamentos da classe política e da classe empresarial. A primeira, pretendendo permanecer no Parlamento futuro; e a segunda, na espera de quem bancar para usufruir dos financiamentos do Estado no distante 2015 em diante.
O primeiro tempo desse jogo interessante está em andamento, mas o segundo tempo, no ano que vem, trará muitas emoções até o apito final, simbolizado na abertura das urnas. Todo cuidado ainda será pouco, caso contrário, sofrerão até o último minuto. O juiz de 2014 será a juventude da primavera junina. E quem viver verá o espetáculo democrático.
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