quinta-feira, 11 de julho de 2013

(VAR-Palmares) - Vanguarda Armada Revolucionária Palmares

10/07/2013
Datas das operações 19691972
Motivos Combate à ditadura militar
Instalação de um Estadosocialista
Área de atividade Brasil
Principais ações Assaltos, atentados e sequestros
Ataques célebres Roubo do cofre do Adhemar
Status - extinta

Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização política armada brasileira de extrema esquerda, que combateu a ditadura militar brasileira (1964-1985) utilizando-se de tática de guerrilha urbana, visando a instauração de um regime de governo comunista no Brasil

Surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (COLINA) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca

Seu nome era uma homenagem ao maior quilombo da história da escravidão.


Roubo do "cofre do Adhemar
A ação mais conhecida da organização foi a "expropriação" do "cofre do Adhemar", contendo pouco mais de 2,5 milhões de dólares, em espécie, realizada em 18 de julho de 1969.

Esse cofre encontrava-se na residência de Anna Gimel Benchimol Capriglione, conhecida nos meios políticos pelo codinome "Dr. Rui", secretária e amante do ex-governador de São Paulo, Adhemar de Barros

A informação havia sido dada por um seu sobrinho, Guilherme Schiller Benchimol, que havia aderido à organização na faculdade. Supunha-se que o dinheiro mantido no cofre seria produto da corrupção do ex-governador, conhecido pelo lema "rouba mas faz".

A ação se deu na mansão do irmão de Anna Benchimol em Santa Teresa, onde ela se encontrava, com o comando se passando inicialmente por policiais federais, num total de treze guerrilheiros na ação direta e outros na segurança externa, comandados por Juares de Brito. 

Os moradores, inclusive a dona, foram amarrados, telefones tiveram fios cortados e os automóveis existentes os pneus esvaziados. 

O cofre, muito pesado, foi retirado dela por meio de pranchas de rolamento e roldanas e arrastado até uma Veraneio Chevrolet C-14 estacionada na frente das escadas de granito da entrada da casa.

Levado a um "aparelho" no subúrbio carioca, foi aberto com maçarico e serra elétrica ao mesmo tempo em que se jogava água pela abertura para evitar queimar o dinheiro, que acabou ficando boa parte molhado e as notas de dólares postas para secar num varal.

O cofre foi cortado em pedaços e suas partes jogadas nos rios da Barra da Tijuca e do costão da Avenida Niemeyer.

Participaram da ação, entre outros, além do comandante Juares de Brito e do dirigente Antonio Espinosa, Sônia Lafoz, a única guerrilheira importante da luta armada – participante de assalto a bancos e sequestros de diplomatas, famosa por ser exímia atiradora e ter as mais belas pernas da guerrilha – que jamais foi presa, Darcy Rodrigues, ex-militar e braço direito de Lamarca, Reinaldo José de Mello, Wellington Moreira Diniz, o ex-sargento do exército José de Araújo Nóbrega, João Marques de Aguiar, o ex-açougueiro-guerrilheiro João Domingues, Fernando Borges e Jesus Paredes Soto. 

Carlos Minc, hoje político ligado ao meio-ambiente, foi um dos integrantes da VAR-Palmares que participou do assalto, então com 18 anos. 

Dilma Rousseff também participava da organização, mas não integrou a ação mais conhecida do grupo. Minc garante que ela não tinha qualquer papel destacado nos grupos de ação, atuando apenas na retaguarda.

Segundo outras versões, Dilma organizou toda a operação
Segundo Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da Oban (Operação Bandeirante), estrutura do serviço de inteligência das Forças Armadas e notório local de torturas a presos políticos, Dilma Rousseff era o "cérebro" da organização clandestina.

Antonio Espinosa, entretanto, participante da ação e um dos comandantes da VAR-Palmares, explica que Rousseff não teve qualquer participação no assalto, nem de seu planejamento, pois deixou de participar do comando nacional quando houve a fusão entre a VPR e o COLINA que originou a Palmares, algumas semanas antes da ação.

Depois do assalto, Carlos Lamarca, um dos comandantes da organização, emitiu o seguinte comunicado em nome da VAR-Palmares à agência France Press:
"Depois de uma longa investigação, localizamos uma parte da famosa ‘caixinha’ do ex-governador de São Paulo Adhemar de Barros, enriquecido por anos e anos de corrupção. Conseguimos US$ 2,5 milhões. Esse dinheiro, roubado do povo, a ele será devolvido."

Outras ações planejadas
A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o sequestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e, à época, o civil mais poderoso do governo federal. O suposto sequestro, que deveria ocorrer em dezembro daquele ano, foi referido no livro Os Carbonários, de autoria de Alfredo Sirkis, em 1981

Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda Popular Revolucionária e da VAR-Palmares, reconheceu que coordenou o plano - do qual tinham conhecimento cinco membros da cúpula da organização. Segundo a publicou o jornal Folha de S. Paulo, Espinosa teria dito que Dilma Rousseff era integrante dessa cúpula. Espinosa, porém, desmentiu a informação, dizendo que Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de ações militares, tendo sempre tido uma militância exclusivamente política. 

O sequestro não teria chegado a ser realizado porque os membros do grupo começaram a ser capturados semanas antes. Dilma nega peremptoriamente que tivesse conhecimento do plano e duvida que alguém realmente se lembre, declarando que Espinosa fantasiou sobre o assunto.

Em 5 de fevereiro de 1972 militantes da VAR-Palmares, ALN e do PCBR18 assassinaram a tiros o marinheiro inglês David Cuthberg, que se encontrava no país juntamente com uma força-tarefa da Marinha Britânica para as comemorações dos 150 anos de independência do Brasil

Após o atentado foram arremessados dentro do táxi onde ele se encontrava panfletos que informavam que o ato teria sido decisão de um "tribunal", como forma de solidariedade à luta do Exército Republicano Irlandês contra o domínio inglês.

Quase dois meses depois, três integrantes da organização, Lígia Maria Salgado Nóbrega – participante da execução de Cuthberg – Maria Regina Lobo Leite Figueiredo e Antônio Marcos Pinto de Oliveira foram mortos no Rio de Janeiro no que ficou conhecido como Chacina de Quintino.

Desmantelada devido à forte repressão dos militares, a VAR-Palmares teve duas de suas principais lideranças presas e assassinadas pelo regime: Carlos Alberto Soares de Freitas, um dos fundadores do Comando de Libertação Nacional (Colina), e Mariano Joaquim da Silva, o Loyola, veterano das Ligas Camponesas, "desaparecido" nos cárceres clandestinos do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio de Janeiro.
Relatório secreto da Aeronáutica indicando intenções da VAR-Palmares de assassinar "os elementos mais reacionários do Exército".

Em 13 de abril de 2011, após três décadas de sigilo, o Arquivo Nacional tornou público um documento, até então em poder da Aeronáutica, que revela que a organização guerrilheira VAR-Palmares determinara o "justiçamento", ou seja, o assassinato de oficiais do Exército e de agentes de outras forças tidas como reacionárias, nos anos da ditadura militar. 

O documento (um relatório de cinco páginas, denominado "A Campanha de Propaganda Militar"), redigido por líderes do grupo, avalia que a eliminação de agentes da repressão seria uma forma de sair do isolamento. O texto foi apreendido em um esconderijo da organização e encaminhado em caráter confidencial ao então Ministério da Aeronáutica. 

Sobre o justiçamento de militares, o documento recomendava: "Deve ser feito em função de escolha cuidadosa [trecho incompreensível] elementos mais reacionários do Exército." O documento classifica as ordens como uma resposta aos "crimes" do regime militar contra a esquerda: "O justiçamento punitivo visa especialmente paralisar o inimigo, eliminando sistematicamente os cdf da repressão, os fascistas ideologicamente motivados que pressionam os outros." 

A VAR-Palmares tinha definido como alvos prioritários o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS, e seu subordinado "Raul Careca", acusados de comandarem a máquina da tortura em São Paulo, e pessoas ligadas à CIA

Na época da redação do texto (entre 1969 e 1970), certos setores da ditadura falavam sobre o completo extermínio dos subversivos. Em dezembro de 1968, o governo havia baixado o AI-5, que suprimia direitos civis e coincidia com o início de uma política de Estado para eliminar grupos de esquerda.
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre. 

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