19/06/2013
Após oito ligações para polícia, comandante do 1º batalhão, tenente-coronel Baião, determinou que a polícia não interviesse na manifestação
PUBLICADO EM 19/06/13 - 17h21
MÁBILA SOARES
Um documento divulgado nas redes sociais, nesta quarta-feira (19), comprova que a Polícia Militar (PM) tinha ordens expressas para não intervir na ação de vândalos, durante a manifestação na praça Sete, no centro de Belo Horizonte. Três agências bancárias foram destruídas, uma loja de celulares saqueada, além de pichações, muita sujeira e vidros quebrados.
Segundo o registro de ocorrência da própria corporação, às 23h16 foi feita a primeira ligação para a polícia para informar sobre a destruição de uma agência do Itaú. Um minuto depois, um funcionário da Central de Segurança do banco fez outro contato denunciando a invasão de vândalos, que iniciavam a destruição do estabelecimento. Às 23h19, quando começaram a roubar computadores da agência, foi feita um novo chamado.
Às 23h20, vândalos atearam fogo na agência. Duas novas solicitações foram feitas seis minutos depois, sendo uma delas de uma funcionária da central de monitoramento do banco. Às 23h33, após oito ligações para a polícia, o comandante do 1º batalhão, tenente-coronel Baião, determinou que a polícia não interviesse na manifestação, até que fosse dada uma nova ordem.
Nesta quarta-feira, o tenente-coronel Alberto Luiz, chefe da comunicação da Polícia Militar, tentou explicar a falha. Em entrevista à repórter Laura Lima, da TV Alterosa, ele disse desconhecer o documento.Segundo ele, os policiais acompanhavam a situação por videomonitoramento, por isso, demoraram a deslocar o batalhão de choque para reprimir os vândalos.
"Nós estávamos ali posicionados estrategicamente, principalmente com as atenções voltadas para pontos considerados sensíveis e pontos que pudessem ser considerados de risco. Nossa avaliação foi adotar a seguinte postura tática: nós iríamos acompanhar, mesmo por que, os próprios manifestantes adotaram a postura de evitar que esses vândalos continuassem atrapalhando o movimento. O Batalhão de Choque estava em pontos estratégicos. Demoramos o tempo necessário de mobilizar a tropa de choque, embarcá-la e com número maior de policiais nós deslocamos para a praça Sete. Foi o que aconteceu. Inclusive, reagimos à injusta agressão", afirmou o tenente-coronel.
Em relação ao documento, o militar demonstrou desconhecimento. "Esse documento não sei a procedência dele. Foi redigido por quem? Nós não demos ordem para a Polícia Militar agir dessa forma. De maneira alguma. Eu, inclusive, no momento mais crítico dessa atuação, estive em contato intenso com o comandante do 1º batalhão, que determinou, inclusive, que policiais que estavam no hipercentro de Belo Horizonte pudessem se aproximar para resgatar profissionais da imprensa que estavam encurralados em um estabelecimento comercial. Viaturas Rotam foram acionadas e chegaram antes do Batalhão de choque", concluiu.
A reportagem de O TEMPO entrou em contato com o coronel diversas vezes, mas ele não atendeu as ligações.
O coronel Divino Pereira de Brito, chefe do Estado Maior da Polícia Militar, disse que a PM foi pega de surpresa com o fato de os manifestantes terem se dispersado durante os protestos e que a depredação aconteceu quando os militares voltavam da praça da Liberdade. Ainda de acordo com o coronel, em nenhum momento houve ordem para que os policiais não fossem até o local. “Esse retardo que houve no atendimento não foi por orientação e nem proposital. Foi uma circunstância do momento, porque jamais haveria uma orientação para que não atuássemos”, afirmou.
Em reunião realizada na tarde desta quarta-feira (19) pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), na qual foi definida a criação de uma comissão mista para avaliar os acontecimentos decorrentes das manifestações, o procurador José Antônio Baêta afirmou que acredita que houve omissão por parte da PM.
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