segunda-feira, 13 de maio de 2013

Vanguarda Armada Revolucionária Palmares

A Vanguarda Armada Revolucionária Palmares (VAR-Palmares) foi uma organização política brasileira, de extrema esquerda armada, que combateu o regime militar de 1964, utilizando-se de tática de guerrilha visando a instauração de um regime de governo comunista, de inspiração soviética, no Brasuk. Surgiu em julho de 1969, como resultado da fusão do Comando de Libertação Nacional (Colina) com a Vanguarda Popular Revolucionária (VPR) de Carlos Lamarca.

Em setembro de 1969, um grupo dissidente reconstituiu a VPR, e uma outra facção criou a DVP, mais tarde rebatizada como Grupo Unidade.

Projeto político
Segundo o historiador Daniel Aarão Reis Filho, ex-militante do MR-8, professor de história contemporânea da Universidade Federal Fluminense e autor de Ditadura Militar, Esquerda e Sociedade.

Ao longo do processo de radicalização iniciado em 1961, o projeto das organizações de esquerda que defendiam a luta armada era revolucionário, ofensivo e ditatorial. Pretendia-se implantar uma ditadura revolucionária. Não existe um só documento dessas organizações em que elas se apresentassem como instrumento da resistência democrática.

Roubo do "cofre do Adhemar" 
A ação mais conhecida da organização foi a expropriação do "cofre do Adhemar", contendo pouco mais de 2,8 milhões de dólares, em espécie, o equivalente a 16,2 milhões de dólares de 2007

Esse cofre encontrava-se na residência de Anna Gimel Benchimol Capriglione, conhecida nos meios políticos pelo codinome "Dr. Rui", secretária e amante do ex-governador de São Paulo,Adhemar de Barros. Supunha-se que o dinheiro mantido no cofre seria portanto, produto da corrupção do ex-governador.

Carlos Minc foi um dos integrantes da organização que participou do roubo. Dilma Rousseff também participava da organização, mas não integrou a ação mais conhecida do grupo. Minc garante que ela não tinha qualquer papel destacado no grupo, atuando apenas na retaguarda.

Segundo outras versões, Dilma organizou toda a operação.
Conforme Maurício Lopes Lima, um integrante de buscas da Oban (Operação Bandeirante), estrutura do serviço de inteligência das Forças Armadas e notório local de torturas a presos políticos, Dilma Rousseff era a grande líder da organização clandestina.

Ninguém foi condenado pelo roubo dos dólares.

Outras ações planejadas 
A VAR-Palmares teria também planejado em 1969 o sequestro de Delfim Neto, símbolo do milagre econômico e, à época, o civil mais poderoso do governo federal. O suposto sequestro, que deveria ocorrer em dezembro daquele ano, foi referido no livro Os Carbonários, de autoria de Alfredo Sirkis, em 1981. Antonio Roberto Espinosa, ex-comandante da Vanguarda Popular Revolucionária e da VAR-Palmares, reconheceu que coordenou o plano - do qual tinham conhecimento cinco membros da cúpula da organização. 

Segundo publicou o jornal Folha de S. Paulo, Espinosa teria dito que Dilma Rousseff era integrante dessa cúpula. Espinosa, porém, desmentiu a informação, dizendo que Dilma nunca participou de ações ou de planejamento de ações militares, tendo sempre tido uma militância exclusivamente política.  

O sequestro não teria chegado a ser realizado porque os membros do grupo começaram a ser capturados semanas antes. Dilma nega peremptoriamente que tivesse conhecimento do plano e duvida que alguém realmente se lembre, declarando que Espinosa fantasiou sobre o assunto.

Em 5 de fevereiro de 1972 militantes da VAR-Palmares, ALN e do PCBR15 assassinaram a tiros o marinheiro inglês David Cuthberg, que se encontrava no país juntamente com uma força-tarefa da Marinha Britânica para as comemorações dos 150 anos de independência do Brasil. Após o atentado foram arremessados dentro do táxi onde ele se encontrava panfletos que informavam que o ato teria sido decisão de um "tribunal", como forma de solidariedade à luta do Exército Republicano Irlandês contra o domínio inglês.

Desmantelada devido à forte repressão dos militares, a VAR-Palmares teve duas de suas principais lideranças presas e assassinadas pelo regime: Carlos Alberto Soares de Freitas, um dos fundadores do Comando de Libertação Nacional (Colina), e Mariano Joaquim da Silva, o Loyola, veterano das Ligas Camponesas, "desaparecido" nos cárceres clandestinos do Destacamento de Operações de Informações - Centro de Operações de Defesa Interna (DOI-Codi) no Rio de Janeiro.

Em 13 de abril de 2011, após três décadas de sigilo, o Arquivo Nacional tornou público um documento, até então em poder da Aeronáutica, que revela que a organização guerrilheira VAR-Palmares determinara o "justiçamento", ou seja, o assassinato de oficiais do Exército e de agentes de outras forças tidas como reacionárias, nos anos da ditadura militar. 

O documento (um relatório de cinco páginas, denominado "A Campanha de Propaganda Militar"), redigido por líderes do grupo, avalia que a eliminação de agentes da repressão seria uma forma de sair do isolamento. O texto foi apreendido em um esconderijo da organização e encaminhado em caráter confidencial ao então Ministério da Aeronáutica. Sobre o justiçamento de militares, o documento recomendava: "Deve ser feito em função de escolha cuidadosa [trecho incompreensível] elementos mais reacionários do Exército." 

O documento classifica as ordens como uma resposta aos "crimes" do regime militar contra a esquerda: "O justiçamento punitivo visa especialmente paralisar o inimigo, eliminando sistematicamente os cdf da repressão, os fascistas ideologicamente motivados que pressionam os outros." 

A VAR-Palmares tinha definido como alvos prioritários o delegado Sérgio Paranhos Fleury, do DOPS, e seu subordinado "Raul Careca", acusados de comandarem a máquina da tortura em São Paulo, e pessoas ligadas à CIA. Na época da redação do texto (entre 1969 e 1970), certos setores da ditadura falavam sobre o completo extermínio dos subversivos. 

Em dezembro de 1968, havia sido baixado o AI-5, que suprimia direitos civis e coincidia com o início de uma política de Estado para eliminar grupos de esquerda. 
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.

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