segunda-feira, 20 de maio de 2013

Professor não consegue registrar BO por causa de greve da polícia em MS

20/05/2013 
Fabiano Arruda
Do G1 MS
Professor mostra carro sem estepe, levado por ladrões no sábado (18). (Foto: Fabiano Arruda/G1 MS)

O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul (UFMS), Fábio Veríssimo Gonçalves, 38 anos, afirma que foi afetado pela greve de Polícia Civil no estado, que entra no quarto dia nesta segunda-feira (20). Ele teve seu carro arrombado na noite de sábado (18), quando ladrões quebraram o vidro do veículo, levaram um notebook e um estepe. O maior problema, segundo ele, é que o computador portátil pertence à universidade em que trabalha.

Para comprovar à instituição que foi vítima de furto, Fábio diz que precisa registrar boletim de ocorrência e não consegue por conta da greve. “Posso sofrer processo administrativo porque não tenho BO”, conta ao G1.

A assessoria de imprensa do sindicato da categoria (Sinpol/MS) informou ao G1 que a direção da entidade se reuniu com o governador André Puccinelli (PMDB) nesta manhã, mas não houve avanço nas negociações salariais. Os policiais realizam assembleia às 18h (de MS), quando discutirão a proposta oferecida pelo governo e devem decidir os rumos da greve, no entanto, a tendência é de continuidade, ainda conforme a assessoria.

Desde sexta-feira (17), primeiro dia de greve, o governo do estado afirma que mantém negociações salariais em aberto até esta segunda.

Frustração
Por conta do furto, Gonçalves diz ao G1 que terá de arcar com o prejuízo do notebook furtado, que custa aproximadamente R$ 2,5 mil. Ele relata que trabalhava na UFMS no sábado e resolveu levar o equipamento para casa a fim de finalizar um trabalho no domingo (19).

À noite, quando saía de um jantar na casa dos pais, na rua Antônio Maria Coelho, por volta das 22h (de MS), o professor relata que percebeu uma parte do vidro do lado do passageiro quebrado, o sistema de alarme desativado e o porta mala arrombado.

Gonçalves diz não ser contrário à greve dos policiais civis, mas se sente frustrado por não conseguir registrar o BO. “Acredito que poderiam [Polícia Civil] fazer o mínimo. Agora sabe lá quando vou conseguir registrar o boletim de ocorrência ou haverá uma investigação. A população fica à mercê”, afirma.

Segundo ele, o prejuízo só não foi maior porque os arquivos que estavam no notebook, como documentos do curso de Engenharia Ambiental, em que é coordenador, além de aulas, já estavam salvos em outro sistema. “O BO é para provar que fui vítima”.
Policiais civis sentados em frente a delegacia no bairro Piratininga.
(Foto : Gabriela Pavão/G1 MS)

Braços cruzados
A assessoria de imprensa do Sinpol confirmou que o boletim de ocorrência no caso do professor, que seria registrado como furto, não é realizado nas delegacias por conta da greve. Com a paralisação, policiais que estão trabalhando nas unidades atendem apenas flagrantes, casos relativos à Lei Maria da Penha, crimes relacionados ao Estatuto da Criança e Adolescente (ECA), bem como crimes contra à vida como achado de cadáveres.

A greve foi considerada ilegal pelo Tribunal de Justiça de Mato Grosso do Sul. Decisão do desembargador Paschoal Carmello Leandro ordena retorno imediato de todos os filiados ao Sinpol às suas atividades. Em caso de descumprimento, a decisão fixa multa diária de R$ 40 mil a ser paga pelo sindicato.

A categoria cruza os braços para reivindicar melhorias de salário e nas condições de trabalho. A classe, que conta com 1,3 mil servidores em Mato Grosso do Sul, pede aumento de 25% e redução na diferença dos vencimentos entre as funções existentes dentro da corporação.

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