14/05/2013
Tadeu Meniconi
Do G1, em São Paulo
Uma pesquisa feita pelo Ibope indica que dois terços das mulheres brasileiras não sabem que o vírus do papiloma humano está relacionado à incidência de câncer de colo de útero. O dado é preocupante, pois a prevenção contra o vírus é a forma mais eficaz de evitar a doença – o segundo tipo de câncer que mais mata mulheres no Brasil, atrás apenas do câncer de mama.
O HPV é um vírus sexualmente transmissível, que é passado em um simples contato de pele com pele, desde que nas regiões infectadas. Provoca verrugas e ferimentos genitais, e essas verrugas muitas vezes dão origem a tumores. O tipo de câncer mais comumente causado por ele é o de colo de útero, mas isso pode ocorrer também no ânus, no pênis ou na garganta.
“A pesquisa mostra a necessidade de continuar passando as informações para a população”, alertou Garibalde Mortoza Junior, presidente na Associação Brasileira de Patologia do Trato Genital Inferior e Colposcopia, que idealizou o trabalho.
A consulta foi feita em seis capitais: Belo Horizonte, Brasília, Porto Alegre, Recife, Rio de Janeiro e São Paulo. “Se nas principais capitais, a desinformação paira, imagina nas cidades menores”, comentou Mortoza.
Cidades menores e locais isolados são, de fato, as maiores preocupações dos médicos em relação ao combate ao câncer de colo de útero. Nas regiões Norte, Nordeste e Centro-Oeste, esse é o tipo de câncer mais comum entre as mulheres, à frente até do câncer de mama.
HPV
O estudo perguntou às mulheres quais são as melhores formas de evitar o HPV. Entre as entrevistadas, 83% citaram o preservativo como uma maneira de evitar a transmissão.
A camisinha é sim recomendada, pois reduz o risco de transmissão da maioria das doenças sexualmente transmissíveis. Porém, no caso específico do HPV, ela não é 100% eficaz, pois o simples contato de pele com pele pode ser suficiente para que o vírus seja passado.
Outro método muito importante de prevenir a transmissão é a vacinação. Apenas 24% das entrevistadas sabiam que existe vacina contra o HPV. A vacina é cara – são três doses, cada uma entre R$ 220 e R$ 400 – e ainda não está disponível na rede pública.
“O que eu tenho conhecimento é que é uma vontade do Ministério da Saúde”, disse Mortoza, que acredita que ela seja disponibilizada em breve para algumas faixas etárias.
Os médicos recomendam a vacinação principalmente para meninas com entre 12 e 14 anos, porque a eficácia é maior quando as doses são aplicadas antes do início da vida sexual. “Não quer dizer que depois não é pra fazer”, ressaltou o especialista.
Papanicolau
Além de evitar a transmissão do HPV, também é muito importante fazer exames regulares para identificar lesões no colo do útero antes que elas se tornem um câncer. O diagnóstico precoce aumenta a eficácia do tratamento.
O exame em questão é o Papanicolau, que deve ser feito, no mínimo, a cada três anos. Os dados da pesquisa em relação a esse exame também são preocupantes: 18% das entrevistadas nunca o realizaram, e 13 % fizeram apenas uma vez na vida.
“O câncer do colo do útero é um dos poucos que você previne”, lembrou Mortoza, enfatizando a importância dos exames preventivos.
Para o especialista, o Brasil tem dificuldades nesse setor e o sistema de saúde britânico é um exemplo a ser seguido. Lá, se uma mulher deixa de fazer ou buscar o exame, é procurada pelos agentes de saúde.
Aqui, segundo ele, o processo de deslocamento e marcação de horários na rede pública acaba afastando algumas pacientes. De toda forma, as mulheres também precisam ter consciência dos riscos e procurar a orientação, mesmo que não haja sintomas.
“Se a mulher não vai ao ginecologista, não adianta nada”, resumiu o médico.
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