08 de Maio de 2013 - 19:20 - Juiz de Fora
Por Guilherme Arêas
O juiz da Vara de Execuções Criminais de Juiz de Fora, Amaury de Lima e Souza, expediu mandado de prisão temporária contra um agente penitenciário de 41 anos que trabalha na Penitenciária José Edson Cavalieri (Pjec), no Bairro Linhares, Zona Leste. A prisão, segundo o magistrado, ocorreu por suspeitas de que o funcionário público teria levantado dados pessoais dele para serem vendidos a detentos da unidade prisional. "Chegou, recentemente, uma notícia de que um agente penitenciário estaria vendendo informações sobre o meu itinerário, das placas dos meus carros, do local onde eu moro, para uma quadrilha de presos já custodiados no sistema e que estariam insatisfeitos com esse combate que a gente faz para evitar a entrada de droga, arma e celular (no presídio), e também com a emissão de mandados de busca e apreensão nas casas de presos. Porque, lá de dentro (da penitenciária), eles continuam controlando o tráfico de drogas aqui fora. Então, isso deve ter gerado uma insatisfação entre alguns detentos", disse o juiz, em seu gabinete, durante entrevista coletiva. Informações recebidas por Amaury apontam que o material com o conteúdo da vida pessoal dele estaria sendo oferecido por até R$ 30 mil.
A suspeita de que o agente penitenciário teria feito esse levantamento surgiu durante investigações da própria Vara de Execuções Criminais, iniciadas há seis meses. As diligências começaram após o mesmo agente de 41 anos ser apontado como um facilitador da entrada de armas, drogas e celulares na penitenciária. "O nome dele foi citado insistentemente, várias vezes, por vários detentos, em situação diferentes", disse o juiz. Não há informações sobre quanto o funcionário supostamente cobraria por facilitar a entrada de objetos na unidade.
Nesta quarta-feira (08), durante operação batizada de "Impacto", além da prisão do agente, foram cumpridos mandados de prisão temporária contra oito detentos da Pjec suspeitos de ligação com o servidor público. Outros cinco mandados de busca e apreensão foram cumpridos nas casas de presos e do funcionário. Nesta última, no Bairro Grajaú, foram recolhidos pelo menos seis celulares, além de notebook, câmera fotográfica, fitas de vídeo e CD-ROM.
Também foi feita uma varredura nas celas dos presos suspeitos, mas nada teria sido encontrado. Os materiais e os detentos foram encaminhados para a 1ª DRPC, que vai dar seguimento às investigações para averiguar as supostas relações entre o agente penitenciário e os sentenciados.
Conforme o juiz, nos últimos seis meses, armas e diversas porções de droga foram apreendidas dentro da penitenciária. Até o final da noite desta quarta-feira, os presos ainda não haviam sido ouvidos no plantão.
Magistrado não crê em ameaça de morte
As investigações da Polícia Civil vão apurar ainda a suspeita de que o agente preso teria feito outro levantamento, desta vez sobre informações da vida de um colega da Penitenciária José Edson Cavalieri (Pjec). Conforme o juiz Amaury de Lima e Souza, este segundo agente era responsável por boa parte das apreensões de drogas e armas que entravam na instituição.
Devido à atuação combativa, ele possivelmente também era visto com descontentamento entre os presos envolvidos no suposto esquema.
Sobre o material que estaria sendo levantado sobre sua vida pessoal, o juiz Amaury minimizou, afirmando não crer na efetivação das ameaças de morte ou até de atentados contra sua vida. "Não acredito que isso viesse a se concretizar. Acredito que seja conversa fiada, mas temos que tomar cautela."
A operação "Impacto" foi deflagrada pela Vara de Execuções Criminais, com apoio da promotora Sandra Fátima Totte, do titular do Tribunal do Júri, juiz José Armando Pinheiro da Silveira, além das polícias Civil e Militar. Pelo menos 28 policiais militares do Choque, Gate, Rotam e Rocca (Canil) participaram do cumprimento dos mandados.
Conforme Amaury, a direção da Penitenciária José Edson Cavalieri também contribuiu com a operação. "É do interesse de toda direção de penitenciária não deixar que esses itens, como telefones, facas, armas e drogas, permaneçam lá dentro", disse Amaury.
A Pjec, com capacidade para 360 presos, abriga hoje cerca de 390 detentos, segundo o juiz.
Na unidade, estão abrigados apenas homens já condenados pela Justiça.
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