domingo, 7 de abril de 2013

Zeca Pagodinho celebra 30 anos de carreira cantando clássicos do samba

Edição do dia 07/04/2013

Na casa de Zeca Pagodinho, tudo é pronto para que uma festa comece a qualquer momento. O silêncio é algo raro. Quando o dono da casa consegue silenciar os convidados, vem o casal de araras. É confusão o tempo todo.

“Esses 30 anos, se eu pudesse definir, diria assim: eu tomei um caixote de uma onda gigantesca e fiquei no caixote 30 anos”, diz Zeca Pagodinho. A frase é típica de carioca que foi engolido por uma onda na praia. “E agora eu to acordando para pensar o que aconteceu. Se você puder me dizer o que aconteceu nesses 30 anos eu agradeço”, aponta o cantor.

Faz parte da comemoração dos 30 anos de carreira relembrar como aprendeu a gostar de samba. E ele aprendeu com os grandes: Sinhô, Cartola, Noel. Só clássicos. Mas o mais importante para a festa são os convidados. “A minha casa, se ficar vazia, eu passo mal”, brinca.

E os amigos vão chegando: Hamilton de Holanda e Marisa Monte. Ela canta ‘Preciso me encontrar’. “Esse samba, para mim, é uma reminiscência da infância. Esse samba é um samba do Candeia que é um ídolo, é um símbolo da Portela, mas que foi gravado pelo Cartola. E eu conheci a versão do Cartola”, lembra a cantora. “Que é muito bonita também”, completa Zeca.

Fantástico: Esses sambas, além de serem os sambas que são a história do Zeca, são também quase uma história do samba em si, né?

Marisa: Eu acho que tem um olhar do Zeca como um filtro. Por isso, eu acho que passa muito pela escolha afetiva dele.

Em pouco tempo, a casa de Zeca Pagodinho se transforma em um botequim de virtuosos. “E há anos eu queria conhecer essa casa do Zeca”, diz Marisa.

E nesse bar chega mais um convidado: Paulinho da Viola. E ele vem para tocar um dos seus sambas mais famosos, ‘Foi um rio que passou em minha vida’. “Essa é a coisa mais linda que o Paulinho fez para Portela dentre todas as outras que ele fez. Mas essa toca o coração”, afirma Zeca.

E o mestre conta como o rio que passou em minha vida brotou. “Eu andava muito pela Rua México e tinha uma livraria que eu sempre entrava ali. Aí, os olhos bateram em um livro, se chamava ‘Por onde andou meu coração’. Foi por isso que o samba começa: ‘Se um dia o meu coração for consultado pra saber se andou errado, será difícil negar’”, lembra Paulinho.

A cantoria dos portelenses não para. E os próximos 30 anos de samba vão passar, sem eles nem perceberem.

Nenhum comentário:

Postar um comentário