terça-feira, 23 de abril de 2013

Mais um policial é preso suspeito de participação na morte de jornalista e fotógrafo

23/04/2013 
MÁBILA SOARES
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Nesta terça-feira (23), mais um policial foi preso em Ipatinga suspeito de participação nos assassinatos do repórter Rodrigo Neto, em 8 de março, e do fotógrafo Walgney Carvalho, no último domingo, na região do Vale do Aço. Outros dois policiais foram detidos na última sexta-feira (19). A Polícia Civil (PC) reconhece envolvimento dos policiais e admitiu participação deles nos crimes que eram investigados por Neto e que podem ter levado a seu assassinato.

Segundo nota divulgada pela corporação nesta terça, o suspeito foi preso "em cumprimento a mandado de prisão temporária expedido pela Justiça. Assim, como no caso dos outros dois policiais detidos, a equipe responsável pelas investigações não pode revelar em quais dos homicídios esse policial estaria envolvido. Um dos dois detidos na semana passada já foi ouvido por um dos delegados responsáveis pelos inquéritos. O outro será interrogado assim que as apurações indicarem essa necessidade". Nesta terça, outros depoimentos foram colhidos pelos delegados, que também não revelam detalhes para não prejudicar as investigações.

De acordo com a Corregedoria, "a prisão temporária é um importante instrumento no processo de apuração de crimes, mas o envolvimento ou não dos detidos só é confirmado no momento da conclusão do inquérito, que define os indiciamentos para apreciação do Ministério Público e, em seguida, do Poder Judiciário".

Outros envolvidos
O médico-legista José Rafael Miranda Americano, preso na última sexta-feira pode estar envolvido no caso Natanael, um dos crimes que era investigado pelo jornalista Rodrigo Neto. Americano foi, segundo um policial do alto escalão da Polícia Militar, o responsável por forjar o laudo usado para comprovar a tortura que o soldador Natanael Alves de Abreu, 25, teria sofrido de militares em março de 2012. Na época, o soldador afirmou que militares o torturaram sexualmente, com um cassetete, e depois jogaram spray de pimenta em suas partes íntimas e olhos. Um dia depois, Natanael negou a tortura e disse que foi abordado por militares em uma ocorrência de tráfico de drogas, sendo depois obrigado por civis a contar que fora vítima de tortura.

"Pediram R$ 5.000 para me liberar, e eu negociei em R$ 3.000. Como eu não tinha a grana, eles me disseram que eu teria que falar tudo que eles mandassem e fazer as denúncias de tortura contra a PM", declarou o soldador à imprensa, pouco depois. Em outubro, ele foi assassinado com 12 tiros, em Coronel Fabriciano. O laudo seria uma maneira de prejudicar policiais militares por causa de uma antiga rixa entre civis e militares do Vale do Aço.

Rodrigo Neto chegou a entrevistar um mototaxista que transportou Natanael após ele sair da delegacia e confirmou que o soldador não tinha ferimento.

Repercussão
As declarações de Natanael desencadearam uma crise entre as polícias Civil e Militar. No mesmo mês, o então presidente da Câmara de Fabriciano, o ex-delegado Francisco Pereira Lemos, fez acusações de corrupção dentro na Polícia Civil. A denúncia culminou no afastamento do então delegado regional João Xingó de Oliveira e na transferência de policiais.

A Polícia Militar chegou a contratar um médico, que atestou que as lesões decorriam de um antigo problema de saúde de Natanael. Araújo não foi encontrado ontem para falar sobre o assunto.

Sindicato
Representantes do Sindicato dos Jornalistas Profissionais de Minas Gerais (SJPMG) apresentaram nessa segunda-feira (22) ao governador Antonio Anastasia um dossiê sobre mortes de jornalistas no Estado. Um dos objetivos do encontro foi cobrar rapidez na apuração dos assassinatos do jornalista e do fotógrafo, no Vale do Aço. A direção do SJPMG ainda pediu ao governador que os julgamentos de todos os nove crimes - considerados "perfeitos" - sejam feitos em Belo Horizonte.

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