terça-feira, 9 de abril de 2013

Comandante de UPP diz que 'tráfico familiar' dificulta ação da polícia

09/04/2013 
Isabela Marinho
Do G1 Rio

Após uma operação de combate à corrupção realizada nesta terça-feira (9) em ação conjunta com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) do Ministério Público do Estado do Rio de Janeiro (MPRJ) e da Coordenadoria de Inteligência da Polícia Militar na Zona Norte do Rio, o comandante da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira, capitão Leonardo Nogueira, destacou que o tráfico familiar dificulta a ação da polícia dentro da comunidade.

"É um tráfico antigo, familiar, onde as pessoas se protegem. Quando a pessoa não é do tráfico, é simpático a ele. A pessoa vê o traficante como primo, tio", conta o capitão que ressaltou a "coragem" e a "firmeza" de um soldado em se recusar a aceitar propina e dar início à operação.

De acordo com o promotor de Justiça do MP do Rio, Alexandre Themistocles, diversas operações acontecem no Brasil nesta terça-feira (9) em virtude do Dia Nacional de Combate à Corrupção.

Prisões
Três homens foram presos na tarde de segunda-feira (8). Marcelo Palomo Ferreira, administrador de um bar que atuava para facilitar o comércio de drogas na região, o traficante Wagner Palomo Ferreira, "Waguinho" e Claudio de Oliveira Dias, vulgo "Belo", foram presos por associação ao tráfico e corrupção na favela da Mangueira, na Zona Norte do Rio. Mais três pessoas ainda são procuradas.

Sucesso na operação
O coordenador de inteligência da Polícia Militar, Tenente Coronel Antônio Goulart, considerou a operação um "sucesso" já que 50% (três dos seis) envolvidos no crime de corrupção tenham sido presos.

Um soldado da Unidade de Polícia Pacificadora (UPP) da Mangueira, com dois anos de formado, que não teve o nome divulgado, teve a iniciativa do início à operação, após ter negado, em julho de 2012, uma tentativa de suborno de R$ 700 por semana.

O salário de um soldado da PM é, em média, R$ 2.200. O valor da propina tenderia a aumentar com o tempo, de acordo com o áudio de uma gravação telefônica entre o traficante e o policial.
O policial teve deferimento judicial para gravar o recebimento do dinheiro. Ele negociou com os traficantes, que entregaram um celular com chip ao PM, utilizado para interceptar as gravações das conversas. As imagens podem ser vistas no vídeo, gravado em setembro de 2012. Logo depois da gravação, o soldado deixou a UPP. A denúncia foi oferecida pelo MP em março deste ano.

Criminosos são acusados de oferecer propina a PM
A investigação consistiu numa ação controlada com infiltração de agentes e monitoramento das ligações telefônicas, medidas autorizadas pela Justiça.

De acordo com o Ministério Público, a tentativa de corrupção ocorreu no dia 13 de agosto do ano passado, quando o traficante Wagner Palomo Ferreira, o “Waguinho”, ofereceu propina a um policial militar que atua na UPP da Mangueira, dentro de seu bar. O objetivo era evitar o patrulhamento do local e a repressão ao tráfico de drogas na comunidade.

Também foram denunciados por oferecerem propina e por associação para o tráfico o gerente das bocas de fumo na Mangueira, Jean Carlos Ramos Tomaz, o “Beni”; Marcelo Palomo Ferreira, administrador de um bar que atuava para facilitar o comércio de drogas na região e Claudio de Oliveira Dias, vulgo “Belo".

O MP também denunciou por associação para o tráfico Alexandro Costa Borges, o “Sandro Negão”, homem de confiança do gerente da boca; e o motoboy Jony Ramos, o “Jony”, responsável pelo transporte de drogas na Mangueira.

A operação
A Operação Nacional contra a Corrupção foi deflagrada pelo Ministério Público, em parceria com diversos órgãos, e deve cumprir mandados de prisão, de busca e apreensão, de bloqueio de bens e de afastamento das funções públicas em pelo menos 12 estados. O desvio de verbas públicas sob investigação ultrapassa R$ 1,1 bilhão. Leia mais.

Uma segunda operação ocorre no Rio, conduzida pela Secretaria Fazendária, com o apoio do MP e da Polícia Civil. Ela visa combater a sonegação fiscal na venda do café, que envolve os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais. Um empresário envolvido no esquema foi preso em Copacabana, na Zona Sul da cidade, durante a ação.

As ações desta terça visam desmantelar esquemas de corrupção em 12 estados do país:Bahia, Ceará, Espírito Santo, Mato Grosso, Mato Grosso do Sul, Minas Gerais,Pernambuco, Paraná, Rio Grande do Norte, Rio de Janeiro, Rondônia e São Paulo.

Empresário é preso por sonegação fiscal
A operação que combate sonegação fiscal na venda do café, que envolve os estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais, prendeu em Copacabana, Zona Sul do Rio, nesta manhã, um empresário envolvido no esquema de fraude que consiste na venda de café no Espírito Santo para comerciantes do mesmo estado, entretanto, utilizando notas fiscais de empresas do Rio de Janeiro.

Segundo o Ministério Público, no total, são 20 empresas de fachada. A prática livra o comerciante do Espírito Santo do ônus do imposto. Conforme informou o MP, o volume de notas fiscais emitidas pelas empresas envolvidas é da ordem de R$ 2 bilhões e o valor sonegado pode chegar a R$ 182 milhões, só nos últimos três anos.

A operação chamada "Robusta" ocorre simultaneamente nos Estados do Rio de Janeiro, Espírito Santo e Minas Gerais com a participação das Policias Civis, Ministérios Públicos e Secretarias de Fazenda.

A produção anual de café no Rio de Janeiro é de 250 mil sacas, e só para o Espírito Santo, o Rio enviou mais de três milhões de sacas, em 2012.

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