terça-feira, 9 de abril de 2013

Acre decreta situação de emergência social por causa de surto de imigração

09/04/2013 
Yuri Marcel e Rayssa Natani
Do G1 Acre
Governador Tião Viana assina decreto (Foto: Rayssa Natani/G1)

O governador do Acre, Tião Viana (PT), decretou, nesta terça-feira (9), situação de emergência social para os municípios de Epitaciolândia e Brasiléia em consequência da chegada descontrolada de imigrantes nestes locais, em sua maioria haitianos. Segundo Tião, o estado não possui mais capacidade para lidar com a questão e pede mais apoio da União para a resolução definitiva do problema.

"O decreto é de um grito de alerta de que a situação chegou a um limite. Transbordou o suportável, e que nós precisamos de ajuda e do papel institucional e constitucional do Governo Federal numa questão dessa gravidade. O governo já assumiu R$ 3 milhões em gastos com essa questão. União nos ajudou com R$ 600 mil, mas nós precisamos de uma medida definitiva", diz o governador.

Tião Viana afirma que o Ministério das Relações Exteriores está sendo 'insensível' com o problema."Eu diria até que ele está sendo omisso. Ao meu ver, ele deveria dialogar com Peru e Equador, onde começa a rota, e exigir o visto dos imigrantes. Se esse visto fosse exigido resolveria 90% do problema", diz.
Haitianos estão alojados em Brasiléia (Foto: Nonato Souza/ Ascom SESP)

Em entrevista ao G1 nesta terça-feira, o secretário Estadual de Direitos Humanos, Nílson Mourão, disse que só entre janeiro e o começo de abril de 2013, cerca de 2,7 mil imigrantes já passaram por Brasiléia. Atualmente, 1,3 mil pessoas estão vivendo no abrigo em Brasiléia, com capacidade para apenas 250 pessoas.

"A situação fugiu totalmente do controle. Quando nós temos 1,3 mil pessoas, são 3,9 mil refeições por dia, e não existe uma empresa em Brasiléia que comporte. Não existe espaço nem para colocar os colchões no chão", explica.

Possível rota de tráfico
Além dos haitianos, pessoas de outros países começam a utilizar a fronteira entre Assis Brasil e a cidade peruana de Iñapari como porta de entrada para o Brasil. Vindos de países como o Senegal, Nigéria, República Dominicana e Bangladesh eles passaram a dividir com os haitianos o abrigo montado em Brasiléia.

"É como se estivesse formada uma rota internacional migratória que se associa a crise social grave que vive o povo do Haiti e a Polícia Federal tem tratado essa questão com bastante cuidado", diz Tião Viana.

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