POR MARCELLO VICTOR
Rio - O taxista Edilson Costa Rodrigues, conhecido como Pará, de 36 anos, foi preso em flagrante por agentes da Delegacia de Combate às Drogas (DCOS), com 2.173 embalagens plásticas contendo pedras de crack, na noite desta quarta-feira, em Bonsucesso, Zona Norte do Rio. A 'carga' apreendida no veículo estava retornando das comunidades de Manguinhos e do Mandela para as favelas Nova Holanda e Parque União, no Complexo da Maré. Ela passaria por uma espécie de controle de qualidade, devido a baixa qualidade da droga reclamada por usuários.
Foto: Osvaldo Praddo / Agência O Dia
De acordo com a titular da DCOD, delegada Valéria de Aragão, os agentes da especializada vinham atuando em comunidades onde há venda de crack. Eles repararam que Edilson havia sido abordado em algumas ações, nada tendo sido encontrado. Ele passou a ser monitorado. Por volta das 20h, o taxista foi abordado no táxi que dirigia, placa KRW-0150, da Táxi Jofeva Ltda, no entroncamento da Linha Amarela com a Avenida Brasil, após deixar as comunidades de Manguinhos e do Mandela.
Cada embalagem da droga apreendida, segundo investigação da DCOD, seria comercializada por R$ 2 ou R$ 10, dependendo do tamanho da pedra de crack. Além de drogas, Edilson também atuaria no transporte de armas entre as comunidades. Ele recebia entre R$ 350 e R$ 450 a cada viagem, dependendo do tipo de material que era transportado, além de um percentual da venda da carga da droga transportada.
Transporte de drogas seria feito à noite
Ainda segundo a delegada, Edilson admitiu que participa da quadrilha e contou que o crack apreendido estava retornando para as favelas Nova Holanda e Parque União, onde o refino e endolação passaram a ser feitos pela facção criminosa Comando Vermelho, após a ocupação e instalação de Unidades de Polícia Pacificadoras (UPPs) no Jacarezinho e em Manguinhos. Usuários dessas comunidades teriam diminuído consideravelmente a compra de crack devido a má qualidade da droga. A carga apreendida com ele seria reavaliada, 'batizada' (misturada) e embalada novamente para venda.
"Seria uma espécie de controle de qualidade, uma visão empreendedora do tráfico de drogas para procurar 'melhorar', ou melhor, piorar a droga, a tornando mais tóxica para atender aos anseios dos usuários. Esse usuário, em seus momentos de lucidez, quer uma droga mais forte, diríamos de 'qualidade', para ter a sensação maior de prazer, de euforia inicial depois do consumo", explicou a delegada.
De acordo com Valéria Aragão, após a ocupação de Manguinhos, Mandela, Varginha e Jacarezinho e a inauguração de duas UPPs há um mês, os traficantes deslocaram o processo de endolação para outras favelas próximas dominadas pela mesma facção. Eles também estariam se adequando a uma nova modalidade de transporte de drogas, utilizando motoristas de táxis. Os carregamentos de entorpecentes seria feitos principalmente à noite, quando não há operações policiais. Ela não descarta a participação de outros taxistas da cooperativa em que Edilson trabalhava.
Edilson já tinha sido preso em flagrante por tráfico de drogas em junho de 2011, no município de Rio Bonito, Região Metropolitana do Rio. Ele está recorrendo da sentença em liberdade.
http://odia.ig.com.br/portal/rio/taxista-é-preso-com-mais-de-2-mil-pedras-de-crack
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