sábado, 23 de fevereiro de 2013

Proibida no Brasil, bala feita de coca é vendida em bares

É comum turistas trazerem o produto de países andinos, como Bolívia e Peru
Publicado no Jornal OTEMPO em 23/02/2013
BERNARDO MIRANDA
ESPECIAL PARA O TEMPO

Ilegal. Utilização da coca só é autorizado em tratamentos, com permissão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária

Uma bala produzida a partir da folha de coca - planta que dá origem à cocaína - é cada vez mais comum em Belo Horizonte. Com venda proibida no Brasil, o produto estaria sendo comercializado por pessoas que passam pelos bares da Savassi, na região Centro-Sul de Belo Horizonte. "Já presenciei a venda (da bala) e posso dizer que tem sido comum no local", conta uma frequentadora do bairro, que solicitou anonimato. 

Apesar de ser comum na bagagem de brasileiros que retornam de países andinos, como Bolívia e Peru, o produto tem venda proibida no Brasil, assim como qualquer outro com origem na folha de coca, mesmo que industrializado. Segundo a legislação brasileira, o uso da coca só é autorizado para fins terapêuticos, após permissão da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

Feita do mesmo material de onde se extrai a cocaína, a bala de folha de coca não tem capacidade de produzir efeitos que se aproximem ao da droga. "Nem que o usuário chupe várias balas, a quantidade de cocaína é mínima. Para conseguir produzir a droga, são necessárias várias folhas de coca, que passam por um processo químico que obtém o princípio ativo concentrado", explica o farmacologista e professor da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) Carlos Alberto Tagliati. 

Reação. De acordo com ele, o efeito da bala no corpo pode ser o mesmo causado nas pessoas que mascam a folha de coca, como aumento da oxigenação do sangue, e, por isso, o produto é usado pelos povos andinos para enfrentar elevadas altitudes, onde o ar é mais rarefeito. Tagliati também destaca que é possível que o uso da bala cause pequena sensação de euforia e de disposição e até melhore o desempenho em atividades físicas, mas nada muito relevante. 

"Na verdade, a bala não funciona nem como energético, pois não faz com que o usuário perca o sono e permaneça acordado, mas vai dar um pouco mais de disposição", diz. Tagliate praticamente descarta o risco de vício. "Como a quantidade do princípio ativo é muito pequena, a bala só viciaria se fosse consumida em grandes quantidades", explica.

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