16 de Fevereiro de 2013 - 07:00
Por EDUARDO VALENTE
A Polícia Civil e o Ministério Público Estadual investigam a participação de cinco pessoas em uma suposta pirâmide financeira. Os suspeitos são os mesmos envolvidos no caso Mister Colibri, desmantelado pela 1ª Delegacia de Polícia Civil em setembro do ano passado. A empresa anterior, com ramificações em várias partes do país, prometia lucros acima da média de mercado para quem assistisse vídeos de comerciais e cadastrasse novos membros. Como não havia produto envolvido, a suspeita era de que o negócio se sustentava apenas com o dinheiro dos novos associados. No caso revelado ontem, os participantes seriam remunerados ao compartilhar anúncios publicitários por meio de uma rede social. Procurado pela Tribuna, o presidente da empresa garante que ela é idônea.
De acordo com o promotor de Ordem Econômica e Tributária, Plínio Lacerda, o modo de operação das duas empresas é semelhante, inclusive com valores de investimento e formas de ganho. A diferença é que a última, com sede em Balneário Camboriú (SC), ainda é recente no mercado, tendo aproximadamente três meses de funcionamento. "Importante é que as pessoas tomem conhecimento que este tipo de investimento, que chamamos de estelionato, é ilícito. É uma pirâmide, e a lei proíbe. O cidadão de Juiz de Fora não pode se valer deste tipo de instrumento. Ele deve indagar."
Um dos suspeitos de participar da suposta pirâmide, um homem de 42 anos, era o representante da Mister Colibri em Juiz de Fora. A partir dos novos indícios, um mandado de busca e apreensão foi cumprido em sua casa, na sexta-feira da semana passada. No local, foram apreendidos aproximadamente R$ 20 mil, inclusive com cédulas de dólar e euro, cheques, um notebook e material de divulgação da nova firma, como agendas, bonés, cartões e aproximadamente três mil broches, com a marca da empresa, folheados a ouro.
Conforme a delegada responsável pelo caso, Mariana Veiga, os suspeitos de envolvimento no caso Mister Colibri continuaram sendo investigados após os trabalhos realizados em setembro, e, nos últimos meses, foi observado que eles estariam trazendo outro investimento para Juiz de Fora. "Não vamos permitir que fatos desta natureza ocorram na cidade." O suspeito foi ouvido na quinta-feira e, de acordo com a delegada, negou envolvimento no novo investimento. Ainda segundo Mariana, as explicações dadas por ele não foram convincentes.
Wagner Alves, presidente da empresa que estaria sendo utilizada pelos suspeitos, entrou em contato com a Tribuna na tarde de ontem e afirmou que ninguém em Juiz de Fora representa seu negócio. "Temos associados independentes e não proibimos ninguém de ingressar. Estamos 100% legalizados e, ao contrário da Mister Colibri, temos contratos de empresas que anunciam com a gente." Conforme Alves, além dos ganhos por marketing multinível por meio de publicidade via internet, a firma comercializa sites, vende hospedagens virtuais e trabalha na criação de softwares.
Mais depoimentos
Outras pessoas que estariam envolvidas prestarão depoimentos nos próximos dias. Como no ano passado, há informações que reuniões de apresentação da proposta já estariam ocorrendo na cidade. Os locais não foram divulgados pela polícia. De acordo com a delegada e o promotor, desta vez, os suspeitos estariam mais discretos. Ainda segundo eles, inicialmente, a nova investigação será anexada ao inquérito já em andamento. Até o momento, ninguém foi preso.
Advogado nega participação de cliente
O suspeito ouvido esta semana não quis falar diretamente com a reportagem. No entanto, por meio do advogado, esclareceu que não é representante da nova firma, apenas um associado comum. Ainda conforme o advogado, que pediu para não ser identificado, seu cliente conheceu a nova empresa há cerca de 40 dias e teria gostado da proposta. Sobre o dinheiro identificado, informou que seria utilizado em casos de emergência e para custear a cesariana da esposa, que estaria grávida. O montante estaria em sua residência porque, desde o caso Mister Colibri, suas contas bancárias estariam bloqueadas pela Justiça. E os cheques seriam de "negócios realizados". Sobre o material de divulgação, explicou que os broches pertencem a um joalheiro, contratado pela empresa. O homem teria deixado o material na casa do suspeito enquanto viajava para o Rio de Janeiro para visitar a família. A promessa é que ele voltaria esta semana para buscá-lo.
O advogado também falou sobre a investigação iniciada em setembro. Na época, seu cliente preferiu não conversar com a imprensa porque um representante da Mister Colibri viria à cidade, fato que não ocorreu. "Hoje ele é um dos credores da empresa. Tenta de forma amigável reaver seu investimento. Caso não consiga, não descarta entrar na Justiça. A vida dele mudou muito desde àquela época. Sua família vive com medo."
http://www.tribunademinas.com.br/cidade/nova-suposta-piramide-sob-investigac-o-em-jf-
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