quinta-feira, 28 de fevereiro de 2013

Dinheiro fácil vem com riscos. Procon-PE pretende denunciar Telexfree, que remunera por propaganda postada

Publicado no Jornal OTEMPO em 28/02/2013
PEDRO GROSSI

FOTO: SITE DA TELEXFREE/REPRODUÇÃO
Telexfree. Remuneração semanal oferecida varia de R$ 40 a R$ 200

A cada semana, um novo modelo revolucionário de negócios aparece na internet. As promessas sempre são de muito dinheiro e pouco trabalho. As fotos e depoimentos dos participantes sugerem que mansões, carros de luxo e viagens estão a apenas alguns cliques de distância. O mais novo fenômeno desse modelo de negócio - que já está na mira da Justiça - é a Telexfree. 
Em todos os casos, a suspeita é do esquema criminoso de pirâmide financeira, em que os novos membros pagam taxas de adesão que são usadas para remunerar os membros mais antigos, até que a entrada de gente nova acabe e o sistema desmorone - deixando a maior parte dos "associados" a ver navios.

O Procon de Pernambuco informou que pretende denunciar a Telexfree ao Ministério Público e à Polícia Federal, devido ao grande número de consultas de informações sobre a empresa que está recebendo. De acordo com o site da Telexfree, a companhia foi fundada em 2002 pelo norte-americano James Merrill. No Brasil, a empresa funcionaria em sede própria em Vitória, no Espírito Santo, e, embora exista desde o ano passado, começou a ganhar mais visibilidade em 2013.

Para entrar, as pessoas precisam comprar cotas de adesão que variam de R$ 600 a R$ 2.750. Para receber uma remuneração, que varia de R$ 40 a R$ 200 por semana, os membros precisam postar propagandas da Telexfree na internet. 

Os usuários também podem baixar um software de conversação pelo sistema voiP (semelhante ao Skype), que permite conversas gratuitas entre os usuários. Ligações para outros telefones são tarifadas. Vídeos no site da empresa trazem depoimentos de pessoas relatando que já chegaram a acumular R$ 1 milhão. O ator Sandro Teixeira, que atuou no filme "Tropa de Elite", virou uma espécie de garoto-propaganda da empresa, publicando vídeos em que se diz entusiasmado com os ganhos conseguidos.

Ninguém da Telexfree foi encontrado pela reportagem para comentar o assunto, mas no site da empresa é possível encontrar um documento em que a companhia declara sua "plena transparência". Segundo o texto, em 2012 a empresa chegou a pagar o equivalente a R$ 12 milhões de Imposto de Renda. 

Risco. Embora a investigação ainda esteja em andamento, os passos são semelhantes aos traçados pela Mister Colibri. Em meados do ano passado, era comum encontrar nas redes sociais membros contabilizando fortunas com o sistema. As polícias Federal e Civil de Juiz de Fora, na Zona da Mata, desbarataram parte do esquema, que agora está sendo investigado pelo Ministério Público Estadual (MPE). 

Atualmente, nas redes sociais, são várias comunidades e fóruns de discussão de ex-membros da Mister Colibri que reclamam das perdas. "Várias pessoas que se diziam diretores da Mister Colibri reapareceram na Telexfree", disse um ex-membro, que pediu anonimato. 

A Mister Colibri ainda continua operando, mas agora num sistema de remuneração diferente, vendendo cotas de R$ 10 mil para pessoas que queiram um espaço virtual de vendas pela internet.

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