22/02/2013
TABATA MARTINS / FELIPE REZENDE / JHONNY CAZETTA
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FOTO: LÉO FONTES/ O TEMPO
Presos já destruíram parte do telhado da penitenciária
Após mais de 20 horas, um grupo de 90 presos continua a rebelião que foi iniciada nessa quinta-feira (21), na Penitenciária Nelson Hungria, em Contagem, na região metropolitana. O motim começou por volta das 9h da manhã, no pavilhão 1, e, até o começo da manhã desta sexta-feira (22), uma professora e um agente penitenciário ainda são reféns dos presos.
De acordo com a Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), a negociação com os detentos foi paralisada às 0h45 desta sexta e deve voltar às 8h30. Os presos entregaram o rádio do agente penitenciário rendido, que estava sendo usado nas negociações, e prometeram dormir.
Desde a tarde dessa quinta, os 90 detentos envolvidos na rebelião estão sem água e sem luz. Eles também não se alimentam desde a manhã dessa quinta.
Ao todo, 210 militares estão empenhados na ação e 30 agentes penitenciários do Comando de Operações Especiais (Cope).
Um gabinete de crise foi montado no local, com a presença de autoridades da Subsecretaria de Administração Prisional (Suapi), Polícia Militar e Polícia Civil. A cavalaria da PM também está presente.
Ação orquestrada
Um ônibus foi incendiado na noite dessa quinta-feira (21), no Anel Rodoviário de Belo Horizonte, na altura do bairro Califórnia, na região Noroeste da capital mineira. A suspeita é que a ação esteja relacionada com a rebelião, que já dura mais de 20 horas.
De acordo com a Polícia Militar, dois homens armados invadiram o coletivo da linha 4501 e obrigaram o motorista, o trocador e a única passageira a descer do veículo. Em seguida, atearam fogo. Um deles entregou um bilhete ao motorista com a palavra “opressão”. A mesma palavra foi escrita no pátio da Nelson Hungria durante o dia.
A dupla fugiu em seguida e, até o começo da manhã desta sexta, não havia sido encontrada. O Corpo de Bombeiros controlou as chamas no local. Ninguém ficou ferido. A PM também informou que os incendiários seriam ex-presidiários e que a ordem para atear fogo no coletivo teria partido de dentro da Penitenciária Nelson Hungria.
Crédito: MURILO ROCHA/O TEMPO
A rebelião
Os detentos protestam contra supostas mudanças na visita de mulheres grávidas e de agressões que seriam praticadas por agentes penitenciários. Eles ainda pedem mudanças na direção do presídio.
A ação
Depois de render a professora e o agente durante uma aula realizada na sala de ensino da penitenciária, um dos detentos envolvidos na rebelião usou um celular para ligar para a Rádio Itatiaia e se identificou como Daniel Augusto Cypriano, de 29 anos. Durante o contato telefônico com a equipe de reportagem da emissora, o preso alegou que o motim é feito como forma de reivindicação à proibição de visitas de mulheres grávidas e mudança nos horários para que os parentes vejam os detentos.
O preso ainda reclamou de agressões e permitiu que a professora refém falasse com uma repórter. A vítima afirmou estar bem e, em seguida, Daniel exigiu a presença de toda a imprensa e do deputado Durval Ângelo (PT), que é presidente da Comissão de Direitos Humanos da Assembleia Legislativa de Minas (ALMG).
Na manhã desta sexta, o advogado Ércio Quaresma, que há pouco tempo defendia acusados do caso Eliza Samudio, foi até a penitenciária e disse à imprensa que, por volta de meia noite, Daniel Augusto Cypriano ligou para ele e pediu que o defendesse. O defensor ainda afirmou que, além da professora e do agente, os detentos ainda fizeram mais cinco presos reféns, uma vez que eles não quiseram participar do motim e seriam informantes do diretor da unidade prisional.
Explicações
Sobre o uso de celulares dentro de penitenciárias, a Secretaria de Estado de Defesa Social (Seds) informou que, até o fim do semestre, um equipamento israelense usado para bloquear celulares em presídios será instalado nas unidades prisionais de Minas Gerais. Esse equipamento vai ser um complemento ao bloqueador de celular, que deve ser posicionado nos próximos dias no Complexo Nelson Hungria.
Ainda conforme informações da Seds, há outras tecnologias em unidades prisionais que evitam o uso de celular por meio da não permissão de ingresso destes equipamentos dentro das cadeias. Existe ainda um aparelho de raio-x, conhecido como Body Scan, em funcionamento na Nelson Hungria e há previsão de instalação desses aparelhos em Bicas I, Bicas II, no município de São Joaquim de Bicas, e nas unidades Dutra Ladeira e Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves.
A ligação para a Rádio Itatiaia será investigada pela Subsecretaria de Administração Prisional.
Atualizada às 08h03.
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