quinta-feira, 24 de janeiro de 2013

Novo Cruzeiro, velho flagelo. Prefeito acusa o antecessor de ter até apagado a memória dos computadores

Publicado no Jornal OTEMPO em 24/01/2013
GUILHERME REIS

FOTO: TÂNIA MARA/DIVULGAÇÃO - 22.1.2013
Desespero. Ferreira esteve na Assembleia para pedir socorro e teme comprometimento do mandato

Novo Cruzeiro, no Vale do Jequitinhonha, é o sexto município mineiro a decretar estado de emergência administrativa e financeira neste mês, quando novos prefeitos assumiram os cargos. O município, de aproximadamente 30 mil habitantes e que tem Índice de Desenvolvimento Humano de 0,629 (um dos mais baixos de Minas), vive uma espécie de caos generalizado.

Esse foi o diagnóstico que o prefeito Gilson Ferreira (PPS) levou a deputados estaduais anteontem. Segundo ele, toda a precariedade da administração é herança da gestão anterior, que comandou a cidade nos últimos oito anos. 

De acordo com o gestor, a dívida que herdou é de R$ 5 milhões. A prefeitura teve o fornecimento de luz cortado por falta de pagamento, e a conta de água estava atrasada. 
Além disso, Ferreira relatou que, ao tomar posse, deparou-se com o caixa vazio, salários de servidores atrasados, 13º do funcionalismo em aberto e reclamações de fornecedores. 

"O ex-prefeito deixou o caixa com R$ 2 milhões, só que esse recurso é do Estado e do governo federal, enviado por meio de convênios. Da prefeitura mesmo, só tem R$ 7.000 em caixa", ressaltou.

O prefeito também acusa o antecessor, Sebastião Oliveira (PR), de boicote. Segundo o novo chefe do Executivo, não houve transição, as informações do município não foram repassadas e os computadores da prefeitura tiveram a memória apagada.

Ele não tem previsão sobre quando poderá sanar a dívida e ainda pretende fazer uma auditoria nas contas. Esse foi o motivo que o fez vir a Belo Horizonte, além de pedir socorro a deputados. "Tem muitas informações que a gente não conseguiu", relata.

Resultado. A dificuldade financeira do município atinge serviços básicos, como saúde, educação e limpeza. Em um imóvel alugado pela prefeitura, a nova equipe de governo encontrou uma grande quantidade de medicamentos que venceram sem terem sido distribuídos. No mesmo setor, os agentes do Programa Saúde da Família, que prestam serviços na zona rural, encerraram o vínculo com o município, mas não receberam os salários de novembro e dezembro. 

A cidade também ficou aproximadamente um mês sem recolher o lixo e vive em situação de emergência devido aos focos de dengue por falta de prevenção. 

Ferreira teme que o estado de falência de Novo Cruzeiro prejudique seu mandato. "A cidade é pobre, e a prefeitura é pobre. Não sei dizer quando vou poder quitar todos os compromissos. Vou ser cobrado pelo povo como se a culpa fosse minha, e o ex-prefeito saiu como herói", reclamou.

Antecessor se diz vítima de calúnia e promete processar
Sebastião Oliveira (PR), ex-prefeito de Novo Cruzeiro por dois mandatos, rebateu as acusações do substituto, referindo-se a Gilson Ferreira (PPS) como "um vagabundo". Oliveira afirma ter como provar que todas as mazelas apontadas no município são falsas.

Sobre os salários atrasados do funcionalismo, o ex-gestor argumenta que "o dinheiro para a quitação dos vencimentos foi empenhado, mas Gilson não repassou para os funcionários".

Indagado sobre o volume de medicamentos desperdiçados, Oliveira justifica que o Estado, "às vezes, envia remédios com vencimento muito próximos, e, por isso, não é possível fazer a distribuição".

Sobre o lixo nas ruas, o republicano explica que abriu uma licitação em dezembro, e que a empresa vencedora do certame iria assumir o serviço, mas não o fez. "O Gilson suspendeu a convocação dos contratados, e a cidade ficou sem o recolhimento dos resíduos", defende-se.
Além de contestar todas as acusações feitas por Ferreira, o ex-prefeito diz que pretende acionar seu substituto na Justiça. "Ele está mentindo, eu não vou admitir que ele suje meu nome com afirmações inverídicas. Vou levá-lo à Justiça",prometeu. (GR)

Petista denuncia ex-prefeito
A Prefeitura de Timóteo, no Vale do Aço, denunciou ao Ministério Público de Minas (MPMG) o ex-gestor Sérgio Mendes (PSB) por apropriação indébita de recursos descontados das folhas de pagamento dos servidores. De acordo com auditoria realizada nas contas do município, o socialista teria recolhido o INSS e as parcelas de empréstimos consignados, mas não os repassou às instituições. Considerando apenas o mês de dezembro, segundo a prefeitura, mais de R$ 4 milhões teriam sido retidos por Mendes.

O procurador do município, Heyder Torre, afirma que os relatórios das auditorias serão enviados também ao Ministério Público Federal, mas, se os laudos não forem aceitos, Torre pretende mover uma ação contra o ex-prefeito.

Timóteo é mais uma cidade que começou o ano com dívidas. O novo prefeito, Keisson Drumond (PT), divulgou que o valor dos atrasados chega a R$ 171 milhões. A maior parte dos débitos é com a empresa prestadora de serviço de limpeza urbana e com a folha de pagamento dos servidores. (GR)

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