TABATA MARTINS
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FOTO: ARQUIVO PESSOAL
Denunciante mostra corte que sofreu no lábio superior da boca
Um bancário aposentado de 55 anos denuncia que foi agredido verbalmente e fisicamente pelos irmãos Alexander Dias Martins e Luis Carlos Dias Martins, respectivamente major e coronel da Polícia Militar, coordenador da Defesa Civil Estadual e chefe do Gabinete Militar do Governador de Minas. O crime teria ocorrido no último dia de 2012, na Praça Doutor Miguel Batista Vieira, no centro da cidade de Alto Rio Doce, na Zona da Mata mineira.
De acordo com Helder José Marino Marotta, tudo começou quando ele saiu de casa na companhia da esposa, a professora Valéria Coutto Damasceno Amaral, de 52 anos, para fazer compras. No meio do caminho, o aposentado preferiu ir até a praça para tirar fotografias, como costuma fazer quase todos os dias por ser um amante da arte de fotografar. Já na praça, em frente ao Fórum de Alto Rio Doce, Helder José fez várias fotografias e percebeu que Alexander Dias Martins e Luis Carlos Dias Martins, que estavam dentro de um carro de passeio, estavam o xingando em voz alta. “Eu escutei os dois me chamando de vagabundo e perguntando o motivo de eu estar fotografando naquele local. Mas, como eu não estava fazendo nada de errado, eu continuei o meu hobby. No entanto, os xingamentos continuaram e Alexander Dias deu uma brusca ré e acabou batendo o carro que dirigia em uma caminhonete L-200 do presidente da câmara da cidade, que é primo dele”, conta o bancário aposentado.
Segundo o denunciante, irritado com o acidente, o major Alexander Dias Martins desceu do veículo sem que o irmão percebesse e andou rapidamente em direção a ele, que conseguiu colocar a máquina fotográfica que usava para o modo vídeo. “Ele já saiu do carro me xingando de palavras de baixo calão e tomou a câmera da minha mão com muita agressividade. Em seguida, ele ainda me deu vários socos e pontapés. Depois disso, não me lembro de muita coisa, pois quase desmaiei e o major só parou de me bater porque fui defendido pelas pessoas que estavam na praça”, diz Helder. Após a agressão verbal e física, o major e coronel, que foram criados em Alto do Rio Doce, foram embora sem prestar qualquer socorro à vítima.
A agressão foi registrada na Polícia Militar de Alto do Rio Doce e, no Boletim de Ocorrência, está escrito que a vítima desconhece os motivos da agressão e que os autores deixaram o local antes da chegada dos policiais. O atestado médico feito pelo médico Aloysio Marinho de Paula no Hospital Nossa Senhora da Conceição, para onde o aposentado foi levado pela esposa, foi anexado ao BO. No documento, o médico escreveu que Helder José sofreu corte na lábio superior da boca e escoriações no cotovelo direito e na mão direita, além de edema na região temporal esquerda e direita. Conforme a esposa do aposentado, a agressão chocou muito toda a família e ela até desmarcou uma cirurgia que iria fazer no último dia 7. “Tudo foi muito cruel. Eu e meus três filhos, duas mulheres de 12 e 25 anos e um homem de 23, estamos inconformados com o acontecido”, diz Valéria Coutto.
Crédito:ARQUIVO PESSOAL-Hematoma decorrente de chutes, segundo a vítima
A ocorrência sobre o caso foi encaminhada à Delegacia de Polícia Civil de Alto do Rio Doce. Porém, a reportagem do Portal O TEMPO ONLINE não conseguiu falar como o delegado titular da unidade policial, Alexandre Ramos. Normalmente, em casos de lesão corporal leve, a Polícia Civil só instaura inquérito policial se a vítima fizer uma representação formal, o que ainda não foi feito por Helder José. O aposentado afirmou à reportagem que aguarda o advogado dele, que está viajando em lua-de-mel, voltar para, então, ele ir até a delegacia. Mas, enquanto essa representação formal não é realizada, o bancário aposentado entrou com um processo por danos morais contra os dois militares acusados.
A ação foi protocolada no Fórum de Alto Rio Doce no último dia 8 e ainda não foi analisada pelo juiz responsável. “Isso não pode ficar impune. Os dois irmãos sempre chegam na cidade e se comportam baseados naqueles coronéis antigos. Eu estou os denunciando em consideração a todos nós mineiros. Os dois militares ocupam cargos muito importantes e, por isso, deveriam dar o exemplo. O comportamento de ambos foge completamente do perfil da corporação a qual fazem parte”, justifica e desabafa Helder José.
Alexander Dias Martins e Luis Carlos Dias Martins foram procurados pela reportagem para dar as suas versões sobre a acusação feita pelo bancário aposentado. Entretanto, segundo o chefe da Comunicação Organizacional da Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG), major Marcone de Freitas Cabral, os militares só irão se manifestar sobre o caso em juízo. Conforme o major Marcone de Freitas Cabral, apesar do fato ocorrido em Alto do Rio Doce não ter qualquer relação com a atividade militar dos dois acusados, um procedimento interno foi aberto e a acusação feita por Helder José ainda está sendo apurada pela Corregedoria da Polícia Militar. Portanto, a corporação ainda não sabe quem está certo ou errado e quais medidas serão tomadas em relação à acusação.
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