O autor Joseph Conrad foi marinheiro durante boa parte de sua vida e muitos sugerem que seu trabalho na Societé Anonyme Belge pour le Commerce du Haut-Congo foi o que lhe deu motivos para escrever O Coração das Trevas. A obra inicialmente publicada em fascículos naBlackwood’s Magazine em 1899 é o 25° volume da Coleção Clássicos Abril, tem tradução de Celso M. Paciornik, é a mesma tradução publicada originalmente pela editora Iluminuras em 2002 e traz um texto suplementar escrito por Heitor Ferraz sobre a vida e obra de Conrad. Texto esse que traz comentários pertinentes sobre fatos da vida do autor e sobre os assuntos tratados na obra e que contribui para enriquecer sua leitura.
“A história de marinheiros têm uma singeleza direta, e todo seu significado cabe numa casca de noz. Mas Marlow não era típico (exceto em seu gosto de contar patranha), e para ele o significado de um episódio não estava dentro, como um caroço, mas fora, envolvendo o relato que o revelava como o brilho revela um nevoeiro, como um desses halos indistintos que se tornam visíveis pelo clarão espectral do luar.”
A bordo do Nellie, encalhado no Tâmisa à espera da próxima maré cheia um narrador nos apresenta outro. É com o trecho a seguir que conhecemos um pouco mais sobre Marlow, uma marinheiro nômade que adora contar histórias e nesta noite isso não seria diferente. Durante o tempo que o Nellie permanece ancorado ele brindará os companheiros com as narrativas de quando trabalhou como capitão em um barco de água doce no continente africano. E como bem observado pelo narrador não narrador, a história não será direta, seu significado não cabe numa casca de noz, pelo contrário a história de Marlow vai sendo revelada camada a camada, um pouco de mistério aqui, um sofrimento acolá, uma observação ácida mais adiante e vamos descobrindo pouco a pouco o quanto a história marcou o protagonista.
Tudo começou quando Marlow começou a trabalhar em uma companhia de comércio na África. Já em sua chegada ao emprego, os primeiros rastros da violência do colonialismo europeu são mostrados, o trabalho escravo forçado, a condenação dos negros a menos que objetos que ao não terem mais uso são descartados sem a menor cerimônia. A história que começa com Marlow sendo o único protagonista sugere aos poucos a presença de outro. Quem é Kurtz? Desde o início da história Conrad carrega esse personagem de tão grande mistério que é impossível não compartilhar o afã de Marlow por conhecer tal figura. E com a chegada dele o cerne da história nos é revelado. A ambição pelo marfim, sua exploração desenfreada e o abastecimento colossal da Europa com o ouro branco. Em meio a uma narrativa que atinge tons lúgubres, Conrad nos mostra a insatisfação e a impotência dos protagonistas Kurtz e Marlow frente às injustiças em prol do comércio e do interesse europeu. O denegrir da alma humana em busca dessa fortuna, o sofrimento impingido aos habitantes do lugar. A transformação do eu no horror encarnado (representado aqui na figura de Kurtz) para aqueles que pagaram com a vida pelo comércio do marfim.
A obra inspirou Francis Ford Coppola em seu filme Apocalypse Now de 1979. Nessa adaptação Coppola substitui o colonialismo europeu pela Guerra do Vietnã, o Congo pela Camboja, mas a crítica ao intervencionismo desregrado que não respeita a soberania de um país está presente.
http://feanari.wordpress.com/2012/04/11/o-coracao-das-trevas-joseph-conrad/
#Joseph Conrad, de nome de baptismo Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski (Berdyczew, 3 de dezembro de 1857 – Bishopbourne, 3 de agosto de 1924) foi um escritor britânico de origem polaca. Muitas das obras de Conrad centram-se em marinheiros e no mar.
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#Joseph Conrad, de nome de baptismo Józef Teodor Nałęcz Korzeniowski (Berdyczew, 3 de dezembro de 1857 – Bishopbourne, 3 de agosto de 1924) foi um escritor britânico de origem polaca. Muitas das obras de Conrad centram-se em marinheiros e no mar.
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