domingo, 25 de novembro de 2012

A CEF, aquela que comprou parte do banco quebrado de Sílvio Santos, investiu R$ 600 milhões em grupo insolvente no último ano do governo Lula

25/11/2012 às 5:43

Lembram-se da Caixa Econômica Federal, aquela estatal que comprou parte do banque quebrado de Sílvio Santos? Então… Leiam o que informam Agnaldo Brito e Julio Wiziack, na Folha:

A Caixa Econômica Federal usou R$ 600 milhões do FI-FGTS para investir na Rede Energia, em 2010, e se tornar sócia de uma companhia insolvente que sofreu intervenção da agência reguladora do setor dois anos depois. O FI-FGTS é um fundo de investimento formado com recursos do Fundo de Garantia do Tempo de Serviço. Dona de oito distribuidoras, a Rede Energia cobre 34% do país, atende 10% da população em seis Estados. Juntos, BNDES e Caixa adquiriram 41% do capital total do grupo. Têm 16% e 25%, respectivamente. O controlador, Jorge Queiroz de Moraes Jr., tem 29%, e o restante está pulverizado no mercado. Hoje, Moraes Jr. negocia a venda de sua participação para a Equatorial Energia e a CPFL por R$ 1.

Os títulos perpétuos da companhia emitidos no exterior estão cotados a 37% de seu valor, mesmo com as negociações em curso. As ações da Caixa e do BNDES despencaram. No caso da Caixa, perderam metade de seu valor.

Curto-circuito
No ano em que a Caixa comprou sua participação na Rede Energia, a elétrica já precisava faturar seis vezes mais para cobrir dívidas, principalmente com governo e fornecedores. Isso sem considerar os investimentos. Se os investimentos fossem incluídos no cálculo, seria preciso um caixa quase 20 vezes maior no final de 2011, segundo a Aneel (Agência Nacional de Energia Elétrica), seis meses antes da intervenção, ocorrida em agosto. Sucessivos prejuízos levaram a atrasos no pagamento de tributos, de encargos setoriais e de fornecedores. Resultado: perda de qualidade de serviço, que culminou no aumento do número de apagões, cada vez mais longos. O Ministério Público Federal do Pará move ação acusando a Aneel de omissão e o grupo de “sucatear” a Celpa.

A distribuidora paraense foi a única que entrou com pedido de recuperação judicial, escapando, assim, da intervenção federal e possibilitando sua venda para a Equatorial Energia por R$ 1. A Celpa era responsável pela maior parte da dívida total. A Aneel não interveio antes nas oito distribuidoras devido à inexistência de legislação. Isso só ocorreu em agosto, com a publicação de medida provisória pelo Ministério de Minas e Energia. Enquanto isso, a situação financeira só se agravou.
(…)Por Reinaldo Azevedo

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