quinta-feira, 27 de setembro de 2012

Concurso Miss Prostituta cobra respeito e regulamentação do ofício

27/09/2012 07:15 - Atualizado em 27/09/2012 07:15
Izabela Ventura - Do Hoje em Dia
Ricardo Bastos/Hoje em Dia
Autoestima, simpatia e empenho na luta pelos direitos da categoria

Trinta candidatas a miss se preparam para desfilar, sábado (29), para um público previsto de mais de 30 mil pessoas, no Centro de Belo Horizonte. O que elas querem não é a vitória da mais bela, mas que ninguém as veja com preconceito por serem prostitutas.

Esse é o objetivo do primeiro Miss Prostituta. O concurso acontece entre o meio-dia e as 22 horas no Uai Shopping Centro, nas proximidades da rua dos Guaicurus, famosa zona boêmia da capital. Sobre o tapete vermelho, as participantes passarão com roupas casuais, peças íntimas e fantasias.

Na data, também será lançado o Dia Nacional Sem Preconceito, para lembrar a luta das 80 mil prostitutas de BH pela igualdade de direitos. O número é da Associação das Prostitutas de Minas Gerais (Aprosmig).

Cidadania

“Não se trata de um concurso de beleza. É um ato político em prol de direitos e cidadania”, diz a presidente da Aprosmig, Maria Aparecida Vieira, a Cida, de 44 anos.

O concurso de miss, segundo ela, é mais uma forma de lutar pela legalidade da profissão. A atividade deixou de ser considerada crime no Brasil, mas não foi regulamentada. “Temos que exigir nossos direitos e acabar com a violência e a tortura psicológica que muitas de nós sofrem”.

Regulamento

As 30 modelos têm de 18 a 50 anos e foram selecionadas em boates, ruas e demais áreas de atuação. O júri terá representantes da Associação das Lésbicas de Minas Gerais, um desembargador, um delegado, um técnico da Rede Brasileira de Prostitutas (RBP), entre outros.

Todas as candidatas ganharão um prêmio pela coragem de desfilar, mas um prêmio surpresa aguarda a vencedora. “Será eleita a mais simpática, a que demonstrar mais autoestima e maior empenho na luta pelos direitos”, diz Cida.

Yasmin, de 22 anos, está ansiosa. Acredita que o desfile vai contribuir para uma melhor aceitação das profissionais do sexo na sociedade. Trabalhando há dois anos na rua dos Guaicurus, ela economiza para fazer faculdade de direito e ser delegada.

Karol, de 20 anos, nem dorme de tanta expectativa, apesar de temer a visibilidade.

Nem a família nem o namorado sabem sobre o trabalho. Prostituta há dois meses, ela usa o dinheiro para sustentar o filho de 5 anos, criado como se fosse irmão dela.

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