A atividade radiofônica em Juiz de Fora se divide em duas fases. Antes e depois da Rádio Industrial. Organizada em 1929, a rádio PRB-3, também conhecida como Rádio Sociedade, mantinha uma transmissão simples, baseada no idealismo e no amor pelo rádio. Segundo o jornalista Mário Helênio, em depoimento no documentário “Os Anos Dourados do Rádio em Juiz de Fora”, produzido pelos jornalistas Sérgio Gattás Bara e Isabel Pequeno, e lançado em 24 maio de 2005, a PRB-3 foi a primeira rádio fundada em Minas Gerais e a segunda, em âmbito nacional. Em sua programação, havia músicas durante todo o dia, abertura de espaço para os eventos culturais e anúncios da cidade. Neste período, surgiram grandes profissionais do rádio, e os recursos e ferramentas, ainda rudimentares, necessitavam de uma maior habilidade daqueles que manuseavam e transmitiam os programas.
O principal fundador da Rádio Sociedade, Pedro Gonçalves de Oliveira, era um apaixonado pelo que fazia. Contudo, em 1949, a rádio foi comprada pelos Diários Associados, dando um outro formato à emissora. Já no início da década de 1950, surge a Rádio Industrial, dirigida pelo empresário Alceu Nunes da Fonseca, que já possuía outras emissoras nas cidades de Barra Mansa (RJ), Ilhéus (BA) e Barbacena (MG). A nova rádio se instalou em Juiz de Fora sob uma linguagem mais dinâmica e moderna, resultando em uma mudança radical no então pacífico cenário radiofônico. A cidade presenciou uma espécie de agitação cultural proporcionada pelas ondas magnéticas da nova emissora que, deu visibilidade à cidade, até então, cercada pelos morros e serras de Minas.
A festa de inauguração da rádio, que aconteceu uma semana antes do carnaval, foi composta por uma vasta programação. Bailes, torneios de futebol e shows de cantores nacionais. A Rádio Industrial cobriu grande parte das festas realizadas nos diversos clubes de Juiz de Fora, durante a festa mais popular do país. E tudo o que era novidade, chegava através de seus microfones. Como resultado, ocorreu um relativo aumento do nível cultural da cidade e, de forma abrupta. O espaço na rádio que, era ocupado em seu maior tempo pela música, cedeu lugar às atividades de prestação de serviços.
A recém chegada emissora se preocupou logo em cobrir os eventos esportivos através de grandes matérias e reportagens. Ela, também, dedicava boa parte de sua programação para a transmissão dos jogos de futebol. Na Copa Mundial de 1950, a Rádio Industrial possuía uma cabine de transmissão dentro do Estádio do Maracanã, devida a importância que a emissora dava a esta modalidade. Foi um período de oportunidades. A Rádio Industrial se tornou uma grande porta de entrada para os novos radialistas das cidades do interior, que ingressavam no mercado de trabalho.
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