Publicado em 05 de setembro de 2024 | 12:17 - Atualizado em 05 de setembro de 2024 | 13:53
Brasília (DF) 17/04/2024 Comissão de Relações Exteriores e de Defesa Nacional da Câmara ouve o Ministro da Defesa, José Múcio, comandantes da Marinha, almirante Marcos Sampaio Olsen, do Exército, general Tomás Paiva, e da Aeronáutica., tenente-brigadeiro do ar Marcelo Damasceno.Foto Lula Marques/ Agência Brasil Foto: Lula Marques/ Agência Brasil
BRASÍLIA — O Exército planeja gastar até R$ 684 mil com bufês de café da manhã e almoços e jantares oferecidos pelo comandante da Força, general Tomás Paiva. A licitação foi publicada na sexta-feira (30), e as propostas serão lidas no dia 16.
O edital sugere cardápios para as empresas interessadas em trabalhar nas cerimônias realizadas pelo gabinete de Paiva e inclui exigências específicas. Para os cafés da manhã, por exemplo, o Exército pede que o menu inclua chocolate quente 70% cacau, frutas laminadas, geleia de damasco, suco de laranja natural e tábuas de frios com queijos gouda e brie.
As sugestões de almoço são igualmente específicas e rebuscadas, mas cabe às empresas decidir se apresentarão cardápios fiéis às opções recomendadas pelo Exército. A licitação sugere entre os pratos: medalhão de filé com bacon ao molho madeira, bouef bourguignon, atum selado em crosta de gergelim, bobó de camarão, salmão ao molho de maracujá e bacalhau à Gomes de Sá.
Entre as guarnições estão saladas Caprese, de preparo italiano com muçarela fresca e tomate, e Waldorf, com fatias de maçã e nozes cortadas. As sobremesas também devem ser contempladas. As opções vão de mousse de maracujá a mamão com creme de cassis e frutas laminadas com chantilly e castanhas.
O edital prevê que o serviço seja encerrado com uma mesa de café, onde deverão ser servidos licor de avelã Frangélico, cuja garrafa custa cerca de R$ 140, e Amarulla, bebida importada de preço semelhante. Também é sugerido que sejam servidas barrinhas de chocolate com menta e petit fours, quitandas francesas.
A empresa contratada precisará oferecer os materiais, como copos de vidro e xícaras de porcelana, segundo especificado no edital, e também os garçons. O documento detalha ainda que é necessário um garçom para, no máximo, 15 pessoas.
De acordo com a justificativa do edital, a licitação a ser realizada pelo Exército é para atender: reuniões e intercâmbios com militares de nações amigas, das forças singulares e auxiliares e do alto comando do Exército — com todos os generais e seus assessores; e um total de seis reuniões previstas por ano, podendo ser acrescidas de tantas quantas forem necessárias.
A licitação está na fase em que as empresas apresentam propostas com lances de até R$ 684 mil, teto estabelecido pelo Exército no edital. A vencedora será a que oferecer o serviço pelo menor preço, o que significa que o gabinete do general pode gastar menos que o valor previsto inicialmente. O contrato é de um ano.
Deputado quer convocar ministro para explicar gastos do Exército
O deputado oposicionista Marcos Pollon (PL-MS) protocolou nessa quarta-feira (4) um requerimento para convocar o ministro da Defesa, José Múcio, a dar explicações à Comissão de Fiscalização Financeira e Controle (CFFC), da Câmara, sobre a licitação.
“A disparidade entre os cardápios e a qualidade das refeições é um ponto a ser esclarecido, pois o grosso da tropa não recebe qualquer tratamento semelhante”, afirmou Pollon no documento. “A alocação de recursos públicos para um serviço como esse pode ser questionada em um contexto de cortes em outras áreas”, acrescentou.
Se aprovado, o requerimento de convocação obriga o ministro a comparecer à comissão na data marcada.
O Exército sofreu com o congelamento bilionário decretado pelo governo em julho. Os cortes nas Forças Armadas aconteceram na ordem de R$ 675,7 milhões, e o general Tomás Paiva alfinetou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) publicamente na cerimônia do Dia do Soldado, no mês passado.
Na ordem do dia, Paiva criticou o corte. “Esse espírito perseverante [do Exército] é mantido incólume, mesmo sob os efeitos das restrições orçamentárias que atingem a todos”, escreveu. Ele destacou na ocasião que, apesar dos cortes e bloqueios no Orçamento, as Forças mantiveram os investimentos necessários.
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