Por Raíssa Pedrosa Publicado em 20 de fevereiro de 2024 | 06h00
Imagem ilustrativa — Foto: Pixabay
A cada quatro anos, o mês de fevereiro pula de 28 para 29 dias, fazendo com que o ano tenha, em vez de 365, 366 dias. É o famoso ano bissexto, e 2024 é um deles! Mas você sabe por que isso acontece? A resposta está em uma mistura de astronomia e história.
De forma resumida, a mudança é nada mais que um ajuste do calendário ao movimento de translação da Terra (uma volta em torno do Sol). Esse movimento é estimado pelos astrólogos em 365 dias, 5 horas, 48 minutos e 46 segundos. Ou seja, todo ano essas quase 6 horas “sobram” no calendário. Para compensar, são necessários quatro anos para somar todas essas horas e se chegar a mais um dia, ajustando o calendário.
Mas por que esse dia é acrescido ao mês de fevereiro?
Antes, é preciso lembrar que o calendário que a gente conhece hoje sofreu influência de diversos líderes e religiosos. A começar por Júlio César, que governou Roma entre 49 e 44 a.C.
Uma publicação da Universidade Federal de Uberlândia (UFU) conta que, antes da Era Comum, Júlio César já havia percebido que o calendário utilizado estava desatualizado. Isso porque os primeiros calendários adotados em Roma já haviam passado por mudanças, como um de 304 dias divididos em 10 meses e outro de 355 dias divididos em 12 meses.
Com o auxílio de astrônomos, Júlio César definiu o calendário juliano parecido com o que temos hoje: 365 dias regulares e um adicional a cada quatro anos, com alguns meses tendo 30 dias e outros 31, além de levar em conta fases da Lua e datas específicas para o início das estações. O nome bissexto veio porque a data definida para o dia extra foi a repetição do sexto dia antes do 1º de março (ou seja, 24 de fevereiro). Daí a origem da palavra bissexto: duas vezes seis. Naquela época, o ano começava em março e terminava em fevereiro.
Porém, apesar das mudanças, havia ainda uma diferença de 80 dias em relação ao ano solar. Para resolver o problema, Júlio César definiu que o ano 46 a.C teria 455 dias.
Tempos depois, fevereiro perdeu dois dias por conta de homenagens. Após a morte de Júlio César, o mês “quintilis” passou a se chamar "julius” (julho) e ganhou um dia a mais, ficando com 31 dias (e fevereiro com 29). Para homenagear o sucessor, César Augusto, o mês “sextilis” passou a se chamar “augustos” (agosto) e, para a homenagem ficar igual, tiraram um dia de fevereiro e colocaram em agosto, ficando julho e agosto com 31 dias (e fevereiro com 28).
Esse calendário foi usado até o século XVI, época em que percebeu-se uma nova defasagem de 11 dias. Naquela época, quem resolveu a questão foi o papa Gregório VIII. Ele convocou um comitê científico que descobriu que se a adoção de um dia ocorresse simplesmente a cada quatro anos, com o passar do tempo a conta não iria fechar.
Então, ficou definido que são bissextos todos aqueles anos múltiplos de quatro (2024 e 2028, por exemplo). Se o ano for terminado em 00, é levado em conta se ele é divisível por 400. Por isso, 1900 não foi ano bissexto, mas 2000 foi. Com a nova fórmula, o ano do calendário ficou matematicamente ajustável ao natural, sem que haja um espaçamento longo para isso. O calendário gregoriano é o que conhecemos até hoje.
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