Por Fransciny Ferreira Publicado em 14 de novembro de 2023 | 09h25 - Atualizado em 14 de novembro de 2023 | 09h25
Lula e Rodrigo Pacheco — Foto: Foto: Roque de Sá/Agência Senado
A leitura da bancada mineira em Brasília é a de que o governador de Minas Gerais, Romeu Zema (Novo), está inoperante quando se trata de encontrar uma solução realista para dívida bilionária do Estado, e foi constrangido publicamente pelo presidente do Senado Federal, Rodrigo Pacheco (PSD-MG).
Em um intervalo de uma semana, Pacheco se encontrou duas vezes com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), com quem o governador mineiro não conversa. Os encontros públicos com quem tem o poder na caneta de negociar uma saída para o impasse ocorreram no Palácio do Planalto.
Na última semana, Pacheco havia cobrado publicamente do chefe do Executivo a necessidade de iniciar um diálogo com o petista, e ainda se colocou à disposição para intermediar a conversa. Pressionada, a equipe da Fazenda no Estado resolveu enviar um ofício ao Senado pedindo ajuda do senador mineiro nesse imbróglio.
Contudo, a expectativa é a de que o presidente do Congresso Nacional não acate de forma integral nenhuma das três sugestões enviadas por Zema, mas sim construa outra. Isso juntamente com o presidente da Assembleia Legislativa, Tadeu Leite (MDB), e a equipe econômica do governo Lula. A ideia é encontrar outra alternativa, mais “realista”, segundo fontes ouvidas pelo Aparte, em Brasília.
A solicitação de Zema foi enviada para a capital federal como uma obrigação, já que desde que assumiu o comando do Estado, em 2019, o mineiro tem falado sobre a dívida pública estadual, mas somente resolveu tomar uma atitude no segundo semestre deste ano, quando enviou de fato o plano de adesão de Regime de Recuperação Fiscal (RRF) para ALMG. E o prazo para aprovação: 20 de dezembro deste ano.
Lá, a recepção não poderia ter sido pior, ainda mais com a descoberta no meio do caminho de que a dívida aumentou consideravelmente durante os últimos anos - 45%, passando de R$ 114 bilhões para R$ 165 bilhões. Soma-se a isso contrapartidas caras para os deputados estaduais, como a privatização de empresas estatais e congelamento no reajuste no salário dos servidores, a menos de um ano das eleições municipais de 2024.
“Beira o amadorismo a atitude da equipe do governador Romeu Zema com a Assembleia. A Secretaria da Fazenda duvida da nossa capacidade de inteligência ou mesmo nem pensa nas consequências políticas de aprovar um projeto tão desfavorável para os deputados que estão articulando as bases para fazer prefeitos no ano que vem”, desabafou um deputado.
A leitura no Palácio do Planalto é que Zema erra ao não iniciar um diálogo com o presidente por questões puramente políticas, já que sempre mostrou apoio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL). Além disso, abre espaço para Pacheco ou parte do PSD se coloque como um nome viável para disputar o comando do Estado em 2026.
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