Por Enzo MenezesFabiano Frade
15/11/2022 às 08:33
'Nunca houve tanta gente no mundo, mas o ritmo de crescimento tem diminuído', alerta doutorNunca fomos tantos: o mundo atingiu nesta terça-feira (15) a marca de oito bilhões de habitantes, conforme o WorldOMeter. Não por acaso, líderes mundiais estão no Egito para a COP-27, conferência que discute mudanças climáticas globais, acesso a recursos naturais e desigualdade econômica.
A expansão populacional ao longo do século 20 é assustadora: há 10 mil anos, havia um milhão de pessoas vivas. Em 1800, o mundo atingiu a marca de 1 bilhão de habitantes. Em 1960, o planeta chegou a 3 bilhões. Em 1975, éramos 4 bilhões. A marca de 5 bilhões foi ultrapassada no fim dos anos 1980, e a de 6 bilhões no ano 2000. O mundo atingiu os 7 bilhões em 2011, e em apenas onze anos chegamos hoje aos oito bilhões.
“Nunca houve tanta gente no mundo, mas o ritmo de crescimento tem diminuído. Por exemplo, no ano 1 da era cristã a população mundial era de 190 milhões de habitantes. Depois da Revolução Industrial, no final do século 18, o ritmo de crescimento se acelerou e chegou a 2% ao ano, quando a população global atingiu 4 bilhões de habitantes, em 1975. A população dobrou nos últimos 50 anos, mas a taxa de crescimento caiu para 1,4% ao ano e está abaixo de 1%, em 2022, devendo chegar ao crescimento zero em 2086”, analisa o professor, sociólogo e doutor em demografia José Eustáquio Diniz. Ele cita que haverá, a partir de 2087, uma fase inédita de decréscimo populacional.
Projeções indicam que a curva deve crescer até 2080, quando o mundo pode chegar ao auge de 10 bilhões de pessoas. Em seguida, a população mundial deve decrescer. A China, país mais populoso do mundo, tem hoje 1,4 bilhão de habitantes, mas a queda na taxa de natalidade pode deixar o país asiático com 'apenas' 700 milhões no fim do século 21. A Índia, hoje com 1,3 bilhão de pessoas, deve atingir 1,5 bilhão no mesmo período. As estimativas são da ONU.
Tirar o pé
O secretário-geral da ONU, português Antônio Guterres, alertou na abertura da conferência do clima sobre o futuro. Disse que o mundo está em uma autoestrada rumo ao inferno e com o pé no acelerador.
“Portanto, a primeira tarefa é tirar o pé do acelerador e diminuir os impactos negativos das atividades antrópicas (realizadas pelo homem) sobre os ecossistemas”, disse José Eustáquio.
“A humanidade já ultrapassou a capacidade de carga da Terra. Assim, a redução do ritmo de crescimento demográfico global é uma boa notícia por dois motivos: primeiro, porque aquela da taxa de fecundidade ajuda a reduzir a pobreza e a fome; segundo, porque diminui a pressão sobre o meio ambiente”, destacou.
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