Por ESTADAO CONTEUDO 29/01/21 - 07h47
Após o megavazamento de dados de 223 milhões de CPFs, 40 milhões de CNPJs e 104 milhões de registros de veículos, as informações de 39.645 brasileiros e 22.983 empresas nacionais já circulam livremente e gratuitamente na internet - embora os dados estejam à venda, o hacker tornou pública uma pequena parte das informações. A conclusão é da empresa de segurança Syhunt, que analisou alguns dos arquivos disponibilizados pelo hacker em fóruns na internet.
Segundo especialistas ouvidos pelo Estadão, esse pode ser o maior roubo de informações da história do país. A origem do vazamento ainda é desconhecida. Inicialmente, o Serasa era apontado como a possível fonte das informações. O birô de crédito tem repetido que investigou o caso e que conclui que as informações não têm origem na sua base de dados.
A Syhunt também não conseguiu detectar a origem do vazamento, mas já levanta a hipótese de que as bases de dados vieram de fontes diversas, embora não consiga apontar quais seriam exatamente. “Esse foi o trabalho de um insider, alguém que trabalha ou que prestou serviço para a detentora das bases”, diz ao Estadão Felipe Daragon, fundador da Syhunt. Ele diz que o criminoso provavelmente passou bastante tempo compilando as informações das várias fontes, o que também indica que a falha de segurança ocorreu por um longo período.
Outra descoberta da Syhunt contraria uma informação indicada pelo próprio hacker. O criminoso afirma ter dados compilados até agosto de 2019, mas a empresa descobriu informações referentes a 2020, como fotos de rosto e ocupação.
Apesar dos dados estarem divididos em 37 categorias (pessoa física) e 17 categorias (pessoa jurídica), cada uma dessas categorias traz atrelada diversas informações. Por exemplo, a categoria “básico completo” para pessoa física traz as seguintes informações: CPF, nome completo, sexo, data de nascimento, idade atual, nome dos pais e estado civil. /B.R.
ANPD se pronuncia após oito dias
A Autoridade Nacional de Proteção de Dados (ANPD), responsável pela aplicação da Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), se pronunciou na quarta, 27, sobre o vazamento, oito dias após o caso se tornar público. Em nota, a ANPD disse que “está apurando tecnicamente informações sobre o caso e atuará de maneira cooperativa com os órgãos de investigação competentes e oficiará para apurar a origem, a forma em que se deu o possível vazamento, as medidas de contenção e de mitigação adotadas em um plano de contingência”.