terça-feira, 14 de julho de 2020

Fraudes acontecem no Brasil mesmo sem situação de emergência, diz CGU

Marcello Casal Jr/ Agência Brasil
Publicado em 14/07/2020 - 13:18 Por Karine Melo - Repórter Agência Brasil - Brasília

O ministro da Controladoria- geral da União, Wagner de Campos Rosário, disse nesta terça-feira (14) que as fraudes já acontecem no Brasil mesmo sem a situação de emergência. Somente nesse período de pandemia do novo coronavírus, o órgão já identificou quase 300 mil servidores públicos de todos os entes recebendo indevidamente recursos do auxílio emergencial de R$ 600 pago pelo governo federal.

Ao participar da Comissão Mista do Congresso que acompanha as ações do governo federal no enfrentamento à covid-19. Rosário explicou que a busca da base de dados de folha de pagamento de servidores públicos locais foi feita com ajuda de estados e municípios, já que o governo federal só tem acesso à folha dos servidores do Executivo federal.

“As fraudes já acontecem no Brasil mesmo sem a situação de emergência. O nosso histórico em situações de emergência também é muito ruim, como os desabamentos, que são anuais, aquelas tragédias que acontecem em Petrópolis, em Teresópolis, e a nossa experiência de fiscalização lá. Quando há situação de calamidade, ela sempre demonstra uma continuidade das fraudes e às vezes um incremento. E era isso o que, infelizmente, já se previa para este momento de pandemia”, avaliou

Com relação as fraudes no auxílio emergencial, o ministro da CGU lembrou que o pagamento da primeira parcela foi o mais complicado. “Nós tínhamos, entre a data da aprovação do PL no Congresso e o primeiro pagamento, sete dias somente. Não existia tempo hábil para cruzamento de informações. Então, acho que esse foi o mais problemático, mas, a partir do segundo pagamento, nós já barramos muitos pagamentos através do cruzamento de informações”.

Sobre o pagamento do benefício à servidores públicos, Wagner Rosário destacou que muitos deles tiveram o CPFs cadastrados sem saber, por fraudadores. Foram identificados ainda casos de alguns militares, de 19 anos, que eram beneficiários de algum programa, estavam no CadÚnico e passaram a receber quase que imediatamente, sem realizar o cadastro. “Tudo isso está sendo levantado, e aqueles que tentaram fraudar serão responsabilizados, com certeza, não só administrativamente como penalmente, em alguns casos, se tiverem cometido algum crime”, garantiu o ministro.

Contratos
Segundo Wagner Rosário, desde o início da pandemia do novo coronavírus, o órgão conseguiu revogar R$ 2 bilhões por meio de um trabalho prévio de análise de risco das contratações diretas feitas pelo Ministério da Saúde. Ao participar da Comissão Mista do Congresso que acompanha as ações do governo federal no enfrentamento à covid-19, Rosário disse que foram analisados R$ 6,4 bilhões de reais o montante revogado foi motivado pela “identificação de fragilidades na licitação, que poderiam trazer problemas futuros para o governo federal”.

O ministro lembrou que R$ 506 bilhões da União serão aplicados nas mais diferentes frentes para auxiliar estados e municípios e a população em geral com medidas econômico-sociais voltadas para o combate à pandemia. Ainda para combater fraudes ele explicou que a CGU ofereceu aos gestores uma média de preços praticados no momento da pandemia.

“Hoje o valor, o preço praticado, principalmente em EPIs, respiradores, nesses materiais e equipamentos que são solicitados, são buscados pelo mundo inteiro. O mundo inteiro busca o mesmo tipo de material, e, obviamente, vem aumentando muito a demanda, sobe o preço desses equipamentos, desses materiais”, ressaltou.

Segundo a CGU, o governo federal já distribuiu cerca de R$ 10 bilhões para estados e municípios como apoio à pandemia. A aplicação desses recursos pode ser acompanhada por meio da página da CGU na Internet. “Levantamos dados relativos a cerca de 280 entes federados, estados e municípios: levantamento de preços, quantidades de aquisições. Trata-se de uma busca, um trabalho bem braçal de busca em diários oficiais e em portais da transparência desses municípios, desses estados. Nós verificamos que, dentre esses 280, estão todos os estados da federação, todas as capitais – os municípios que são capitais de estados – e todos os Municípios com mais de 500 mil habitantes; todos esses estão nesse universo de 280 entes federados cujos dados nós levantamos”, disse Wagner Rosário.

Edição: Valéria Aguiar

Câmara quer pena de prisão para os responsáveis por redes de robôs para fake news

Charge do Alpíno (Yahoo Notícias)

Washington Luiz e Amanda Almeida
O Globo

Além de discutirem a retirada de itens como o armazenamento de registros de mensagens que alcancem pelo menos mil usuários, deputados querem acrescentar ao projeto das fake news, aprovado no Senado há duas semanas, um ponto não contemplado no texto endossado pelos senadores: o enquadramento criminal dos responsáveis por financiar e disseminar conteúdos falsos. A proposta começou a ser analisado ontem na Câmara, quando ocorreu a primeira de uma série de dez audiências públicas sobre o assunto.

A alteração em debate é uma tentativa de incluir na proposta a possibilidade de “seguir o dinheiro” e punir, sob o ponto de vista penal, os envolvidos em estruturas de distribuição de mentiras nas redes sociais e aplicativos de mensagem.

DE UM A CINCO ANOS – A proposta é criar uma pena de um a cinco anos de prisão e multa para quem vender, comprar, usar ou financiar serviços de robôs e de disparo de mensagens em massa sem consentimento dos destinatários. A punição seria aumentada em um sexto, caso fosse cometida por servidor público.

Cotado para a relatoria do texto, o deputado Orlando Silva (PCdoB-SP) é um dos participantes na discussão e defende o endurecimento do projeto. O parlamentar, que tem uma alternativa pronta em mãos, propõe a criação de um capítulo sobre crimes.

Seria punido com um a cinco anos de reclusão e multa quem “vender, adquirir, empregar ou disponibilizar ao público” aplicações e dispositivos que permitam disparo de mensagens em massa sem prévia anuência dos destinatários.

ROBÔS ENQUADRADOS – A mesma punição seria destinada para os responsáveis por “aplicações e serviços alheios às funcionalidades oferecidas pelas redes sociais e que nelas operem com o objetivo de falsear a percepção do público a respeito do engajamento ou da popularidade de conteúdos na internet”. Os robôs seriam enquadrados nesse último item. Para o deputado, a proposta chegou com uma lacuna do Senado. “Nós temos que elaborar um tipo penal definindo bem toda a engenharia das fake news” — afirmou Silva.

Para o parlamentar, os alvos devem ser as “estruturas criminosas” por trás das fake news, não os usuários que compartilham mensagens sem saber que se trata de informação falsa.

“Não estou falando aqui de uma pessoa que individualmente facilita a propagação de uma mensagem. Estou falando de uma estrutura criminosa que é nutrida por interesses escusos e que faz a propagação de desinformação em escala industrial. Estou falando de quadrilhas que estão sendo investigadas” — disse Silva.

RELATOR EXCLUIU – No Senado, o relator do texto, Angelo Coronel (PSD-BA), havia incluído a tipificação de novos crimes, mas retirou esses pontos para “não deixar o projeto mais polêmico”.

A ideia já foi defendida pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ). Em entrevistas, ele afirmou que responsabilizar propagadores de notícias falsas é proteger o regime democrático. Entre os deputados, tem ganhado força o entendimento de que é necessário criar no projeto mecanismos que identifiquem de onde vem o financiamento da propagação de fake news.

Na abertura do ciclo de audiências públicas, ontem, Maia afirmou que as discussões devem contribuir para a elaboração de um texto final “melhor” que o do Senado.

MELHORAR O TEXTO – “Eu tenho certeza que os parlamentares aqui, junto com a sociedade, vão conseguir chegar num texto que garanta as liberdades de cada cidadão, mas que organize o tema para que aqueles que usam (as redes sociais) de forma indevida possam ter a sua punição. Acredito que esse debate será importante para que a Câmara possa construir um texto ainda melhor do que aquele construído pelo Senado Federal” — afirmou Maia.

A rastreabilidade das mensagens enviadas em massa por aplicativos como WhatsApp e Telegram foi um dos assuntos mais discutidos pelos participantes da audiência. Pela proposta atual, os serviços teriam que guardar, pelo prazo de três meses, os registros dos envios de mensagens enviadas para grupos de conversas e listas de transmissão por mais de cinco usuários em um período de 15 dias que forem recebidas por mais de mil usuários. Posted in Geral

14/07 - Dia de São Camilo de Lellis / Dia do Doente/ Queda da Bastilha/ Dia Mundial da liberdade de expressão e saiba +

Dia de São Camilo de Lellis, para os católicos, patrono dos enfermos e dos hospitais.
Dia do Doente.

Festa nacional francesa, comemorando a queda da Bastilha.
Dia Mundial da liberdade de expressão.
Último dia das festas de São Firmino, em PamplonaEspanha.
Aniversário da cidade de Campinas.

1867 - O químico sueco Alfred Nobel faz a 1ª demonstração da dinamite.
1899 - Luiz Galvez declara a criação do Estado Independente do Acre.
1915 - É fundado o América Futebol Clube na cidade de Natal (RN).
1951 - A CBS, rede americana de TV, transmite o primeiro programa esportivo em cores: uma corrida de cavalos.
1965 - O satélite americano Mariner 4 é o primeiro a mandar para a Terra fotografias do planeta Marte.
1979 - Primeiro concerto ao vivo de Jean Michel Jarre e o primeiro a entrar para o Guiness Book por maior platéia sendo realizado em Place de la Concorde em Paris onde interpretou temas de Oxygene e Equinoxe, seus primeiros álbuns de sucesso mundial.
2016 — Durante as comemorações da Tomada da Bastilha em Nice na França, um terrorista ligado ao Estado Islâmico invadiu a avenida principal da cidade, a Promenade des Anglais, com um caminhão, atropelando e deixando ao menos 84 mortos e 100 feridos no Atentado de julho de 2016.


Nascimentos
1891Ismael Gomes Braga, fundador da Cooperativa Cultural dos Esperantistas (m. 1969).
1924 - James Whyte Black, cientista, Nobel de Fisiologia ou Medicina (m. 2010).
1936 - Walter Clark, diretor de TV brasileiro (m. 1997).
1961 - Jayme Periard, ator brasileiro.
1972Flávia Monteiro, atriz brasileira.
1977 - Princesa Vitória da Suécia, herdeira do trono sueco.
1999 - Clara Tiezzi, atriz brasileira.

segunda-feira, 13 de julho de 2020

Defesa acionará PGR contra declaração “leviana” de Gilmar sobre associação do Exército a “genocídio”

Gilmar criticou apoio do Exército a Bolsonaro na condução da crise

Leandro Prazeres
O Globo

O Ministério da Defesa rebateu as críticas feitas pelo ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Gilmar Mendes, que, no sábado, dia 11, disse que o Exército se associou a um “genocídio”, em alusão à condução do governo Bolsonaro frente à epidemia da Covid-19.

Em nota, a Defesa classificou a declaração do ministro como “leviana” e disse que vai enviar uma representação contra Gilmar à Procuradoria Geral da República (PGR). No sábado, Gilmar Mendes criticou a atuação do governo federal na condução da epidemia da Covid-19 e criticou os militares.

GENOCÍDIO – “Não é aceitável que se tenha esse vazio no Ministério da Saúde. Pode até se dizer: a estratégia é tirar o protagonismo do governo federal, é atribuir a responsabilidade a estados e municípios. Se for essa a intenção é preciso se fazer alguma coisa. Isso é ruim, é péssimo para a imagem das Forças Armadas. É preciso dizer isso de maneira muito clara: o Exército está se associando a esse genocídio, não é razoável. Não é razoável para o Brasil. É preciso pôr fim a isso”, disse o ministro do STF.

Na nota divulgada nesta segunda-feira, o Ministério da Defesa disse repudiar a frase de Gilmar Mendes e que o comentário causou indignação. “Comentários dessa natureza, completamente afastados dos fatos, causam indignação. Trata-se de uma acusação grave, além de infundada, irresponsável e sobretudo leviana. O ataque gratuito a instituições de Estado não fortalece a democracia”, disse um trecho da nota.

“Informamos que o MD (Ministério da Defesa) encaminhará representação ao Procurador-Geral da República (PGR) para a adoção das medidas cabíveis”, disse outro trecho da nota. A nota foi assinada pelo ministro da Defesa, Fernando Azevedo e Silva, e pelos comandantes do Exército, Marinha e Aeronáutica. O texto diz ainda que, durante a epidemia, as Forças Armadas estão “completamente empenhadas justamente em preservar vidas”Posted in Geral

Governo zera tarifas de 34 medicamentos usados no combate à covid-19

Arquivo/ Agência Brasil

Publicado em 13/07/2020 - 17:05 Por Wellton Máximo – Repórter da Agência Brasil - Brasília

A Câmara de Comércio Exterior (Camex) zerou o Imposto de Importação de 34 medicamentos usados no combate à covid-19. A resolução foi publicada hoje (13) no Diário Oficial da União.

Entre os medicamentos beneficiados pela medida, estão Ivermectina, Fondaparinux, Varfarina, Nitazoxanida, Edoxabana e Rivaroxabana. O órgão também zerou a tarifa de máquinas para produção e embalagem de máscaras descartáveis de proteção respiratória. As máquinas deverão fabricar pelo menos 400 máscaras triplas com orelhas elásticas de estrutura compacta por minuto.

A resolução zerou o Imposto de Importação de bolsas para coleta de sangue com solução anticoagulante. Desde o início da pandemia do novo coronavírus, a Camex, órgão composto de representantes de vários ministérios presidido pelo Ministério da Economia, reduziu a zero a tarifa de 549 produtos relacionados ao enfrentamento da doença. O benefício vale até 30 de setembro.

Atrofia muscular
Em outra resolução publicada hoje, a Camex zerou a tarifa de importação do medicamento Zolgensma, usada no combate à atrofia muscular espinhal (AME) em crianças de até dois anos. Cotada a R$ 12 milhões e sem fabricação no Brasil, a droga é considerada o medicamento mais caro do mundo, de acordo com o Ministério da Economia.

A desoneração do medicamento havia sido anunciada pelo presidente Jair Bolsonaro na noite de sexta-feira (10), mas a decisão só foi oficializada hoje.

Segundo o Ministério da Saúde, a AME é uma doença rara, degenerativa, passada de pais para filhos e que interfere na capacidade do corpo de produzir uma proteína essencial para a sobrevivência dos neurônios motores, responsáveis pelos gestos voluntários vitais simples do corpo, como respirar, engolir e se mover.

Varia do tipo 0 (antes do nascimento) ao 4 (segunda ou terceira década de vida), dependendo do grau de comprometimento dos músculos e da idade em que surgem os primeiros sintomas. Até o momento, não há cura para a doença.

Edição: Aline Leal

Boletim - Número de mortes por Covid-19 em Juiz de Fora passa dos 80

JUIZ DE FORA - 13/7/2020 - 17:55
A Secretaria de Saúde (SS) da Prefeitura de Juiz de Fora (PJF) registrou nesta segunda-feira, 13, mais quatro mortes pelo novo coronavírus no município, contabilizando 83 óbitos. Com as atualizações, mais 38 novos casos foram confirmados, totalizando 2.654 pessoas infectadas. O boletim ainda registrou mais 303 novas suspeitas, contabilizando 10.214. Todos os dados são referentes a moradores de Juiz de Fora.

Óbitos:
Homem, de 56 anos, morreu nesse domingo, 12. Comorbidades: Doença Cardiovascular Crônica (DCC), obesidade;

Homem, de 55 anos, morreu na última sexta, 10. Sem comorbidades relatadas;

Idoso, de 66 anos, morreu nesse domingo, 12. Comorbidades: Doença Cardiovascular Crônica (DCC) e câncer de próstata;

Idosa, de 77 anos, morreu nesta segunda-feira, 13. Comorbidade: Doença Cardiovascular Crônica (DCC).

*Dois outros óbitos estão sendo investigados.

Boletim desta segunda, 13
- 10.214 suspeitos
- 2.654 confirmados
- 83 óbitos confirmados
- 2 óbitos em investigação

Estatuto da Criança e do Adolescente completa 30 anos

Publicado em 13/07/2020 - 06:28 Por Vinícius Lisboa - Repórter da Agência Brasil - Rio de Janeiro

No Brasil de 1990, uma em cada cinco crianças e adolescentes estava fora da escola, e uma em cada dez, entre 10 e 18 anos, não estava alfabetizada. A cada mil bebês nascidos vivos no país naquele ano, quase 50 não chegavam a completar um ano, e quase 8 milhões de crianças e adolescentes de até 15 anos eram submetidas ao trabalho infantil.

Para pesquisadores e defensores dos direitos dessa população, o país deu um passo importante para mudar esse cenário naquele ano, quando foi publicado o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), que completa 30 anos hoje (13).

Passadas três décadas, o percentual de crianças e adolescentes fora da escola caiu de 20% para 4,2%, a mortalidade infantil chegou a 12,4 por mil, e o trabalho infantil deixou de ser uma realidade para 5,7 milhões de crianças e adolescentes.

O estatuto considerado parte desses avanços é fruto de um tempo em que a concepção sobre os direitos das crianças e adolescentes mudou no país e no mundo. O coordenador do Programa de Cidadania dos Adolescentes do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), Mario Volpi, conta que o Brasil participou ativamente das discussões internacionais que culminaram, em 1989, na Convenção Sobre os Direitos da Criança da Organização das Nações Unidas (ONU), assinada por 196 países.

Mesmo antes de esse acordo ter sido ratificado no Brasil, em 1990, os conceitos debatidos na ONU contribuíram para a inclusão do Artigo 227 na Constituição Federal de 1988. A partir dele, tornou-se "dever da família, da sociedade e do Estado assegurar à criança, ao adolescente e ao jovem, com absoluta prioridade, o direito à vida, à saúde, à alimentação, à educação, ao lazer, à profissionalização, à cultura, à dignidade, ao respeito, à liberdade e à convivência familiar e comunitária, além de colocá-los a salvo de toda forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão".
A partir do ECA tornou-se dever da família, da sociedade e do Estado assegurar com "absoluta prioridade" direitos essenciais - Marcelo Camargo/Agência Brasil

Aprovado dois anos depois da Constituição, o ECA parte do Artigo 227 e consolida todo o debate que o antecedeu, declarando crianças e adolescentes sujeitos de direito, aos quais devem ser garantidas a proteção integral e as oportunidades de desenvolvimento em condições de liberdade e de dignidade.

"Foi um processo muito complementar. Em 1988, a Constituição. Em 1989, a Convenção sobre os Direitos da Criança da ONU. E, em 1990, o Estatuto da Criança e do Adolescente. Existe um alinhamento conceitual bastante coerente nesses três documentos jurídicos que estabeleceram essa mudança bastante radical na forma como a infância passa a ser vista pelo país", explica Volpi. "O ECA é considerado uma das melhores leis nacionais que traduzem a Convenção sobre os Direitos da Criança, e foi usado como referência para a maioria dos países latino americanos, uma referência histórica".

A mudança conceitual destacada pelo coordenador do Unicef se dá em relação ao Código de Menores, de 1979. Volpi explica que o texto anterior, revogado pelo ECA, estava inteiramente concentrado na repressão a crianças e adolescentes em situações irregulares, como crianças órfãs, pobres, em situação de rua ou em conflito com a lei.

"Existia uma visão de que, para toda a situação de irregularidade nas pessoas menores de idade, deveria haver uma ação repressiva do Estado para proteger a sociedade", resgata Volpi. "Criou-se essa divisão entre as pessoas com menos de 18 anos conhecidas como crianças e adolescentes, porque estavam em situação de normalidade, e as que eram chamadas de menores, que era como se referiam a uma criança pobre, desvalida. Ninguém dizia que tinha em casa dois menores, dizia que tinha duas crianças ou dois filhos. Mas, quando se referiam às famílias das crianças mais pobres, diziam que a família tinha dois menores".

Medidas socioeducativas
Ao substituir o Código de Menores na legislação brasileira, o Estatuto da Criança e do Adolescente mudou a Doutrina da Situação Irregular para a Doutrina da Proteção Integral, que distribui a toda a sociedade a responsabilidade por assegurar os direitos das crianças e adolescentes com prioridade absoluta, citando explicitamente que esse é um "dever da família, da comunidade, da sociedade em geral e do poder público".

A mudança produziu transformações, mas não apagou a mentalidade enraizada no Código de Menores. "Não fizemos ainda uma total mudança das práticas sociais. A lei veio trazendo novas visões, mas a prática social demora muito mais para mudar do que a lei. Nesses 30 anos, houve um grande trabalho de divulgação da lei, de conhecimento, de aplicação, de mudanças positivas, mas existe uma parcela da sociedade que resiste em entender esse conceito de infância como um sujeito de direito", avalia Volpi, que usa como exemplo o sistema de medidas socioeducativas para crianças e adolescentes em conflito com a lei, apesar de ponderar que há boas experiências no país.

"O país não fez ainda um investimento significativo para transformar o que era esse sistema penal de crianças e adolescentes em um sistema educativo", afirma ele, que lembra que o objetivo das medidas socioeducativas é afastar das práticas criminais os cerca de 26 mil adolescentes que cumprem medidas socioeducativas atualmente no país, e que, para isso, precisam melhorar sua escolaridade, capacitação profissional e seu modo de se relacionar e respeitar outras pessoas. "O sistema socioeducativo está muito focado em punir os adolescentes pelo ato cometido, mas essa é só uma dimensão".

Para o coordenador da Infância e Juventude da Defensoria Pública do Estado do Rio de Janeiro, Rodrigo Azambuja, o ECA sofreu duas crises, ao longo de seus 30 anos: uma de implementação de suas políticas por parte dos governos e outra de interpretação de suas regras por parte dos juristas e da Justiça, de modo a sonegar direitos.

Azambuja também é coordenador da Comissão Especializada de Promoção e Defesa dos Direitos da Criança e do Adolescente do Conselho Nacional dos Defensores Públicos-Gerais (Condege) e contesta a ideia de que as medidas socioeducativas são insuficientes porque têm menor duração temporal.
Adolescentes em unidade de internação em Brasília - José Cruz/Arquivo Agência Brasil

"Nas questões policiais, o ECA muitas vezes é visto como sinônimo de impunidade. Mas as pessoas que falam isso são adultas, e não se lembram de como o tempo é relativo e passa de maneira diferente para as crianças e adolescentes. Se você se imaginar com 12, 13 ou 14 anos, longe da sua mãe e preso, o quão infernal isso poderia ser? Esses meninos são bem responsabilizados, mas isso adequado à realidade e idade deles".

Apesar das dificuldades, o ECA também serviu de instrumento para reivindicar direitos para esses adolescentes, lembra ele, citando a decisão do Supremo Tribunal Federal que obrigou, no ano passado, o estado do Rio de Janeiro a soltar adolescentes apreendidos em unidades superlotadas, até que se atingisse a lotação máxima de 119% da capacidade de internos. Azambuja também cita que, durante a pandemia de covid-19, a Defensoria Pública do Rio de Janeiro cobrou que o governo do estado garantisse educação à distância aos adolescentes apreendidos e videochamadas com as famílias.

"As unidades deveriam se assemelhar a escolas, mas ainda vemos esses espaços como pequenas prisões, com todos os malefícios que isso gera, como uma subcultura criminal, incutindo neles o ideal de que são perigosos, prisioneiros, e moldando a personalidade deles de acordo com essa ideia, o que contraria toda a lógica do Estatuto da Criança e do Adolescente", analisa o defensor.

Edição: Denise Griesinger

domingo, 12 de julho de 2020

13/07 - Dia Mundial do Rock / Dia do Engenheiro de Saneamento / Dia do Cantor e saiba +

Aniversário do município de Porto Nacional em Tocantins
Internacional - Dia Mundial do Rock

1917 — Ocorre a terceira das seis aparições da Virgem Maria às três crianças de Fátima, Portugal.
1919 — O dirigível britânico R34 pousa em Norfolk, na Inglaterra, completando a primeira viagem de volta através do Atlântico em 182 horas de voo.
1977Somália declara guerra à Etiópia, iniciando a Guerra de Ogaden.
1985 — O concerto beneficente Live Aid acontece em Londres e na Filadélfia, bem como em outros locais como Moscou e Sydney.
1990 - Instituído no Brasil o Estatuto da Criança e do Adolescente, Lei 8069/90.
2008 — Começa a Batalha de Wanat, quando guerrilheiros do Talibã e da al-Qaeda atacam as tropas do Exército dos Estados Unidos e do Exército Nacional do Afeganistão. As mortes dos soldados americanos foram, naquela época, as maiores em uma única batalha desde o início das operações em 2001.
2019 — O Spektr-Roentgen-Gamma, um telescópio espacial russo-germânico de alta energia, é lançado do Cosmódromo de Baikonur, Cazaquistão.

Nascimentos

Festival apresenta produção literária de autores negros de São Paulo


Publicado em 12/07/2020 - 16:40 

Por Daniel Mello - Repórter da Agência Brasil - São Paulo

A partir da próxima segunda-feira (13) começa a primeira edição do Festival Literário de Literatura Negra da Zona Norte de São Paulo – Fellin. A idealizadora do projeto Ketty Valencio diz que a mostra busca “marcar território” nessa parte da capital paulista que, apesar de ter uma das maiores concentrações de pessoas negras, não tinha um festival cultural de peso, como os que acontecem na zonas sul e leste da cidade.

“É uma região onde moram bastante pessoa negras, tem a ver com essa questão da ancestralidade, dos quilombos”, explica Ketty sobre o histórico da região, onde existiram várias comunidades de negros que fugiram da escravidão. “Concentração de escolas de samba, que tem a ver como as pessoas que começaram a se organizar antes de mim e você. Tem vários saraus, tem jongos [dança afrobrasileira], festa de São Benedito [santo de origem africana], que tem a ver com essa relação com os quilombos”, contextualiza, ao exemplificar como esse passado foi determinante para a vida cultural dessa parte da cidade.

História e Afrofuturismo
A organizadora tentou trazer essa diversidade de manifestações culturais para o festival. A abertura vai tratar da publicação dos Cadernos Negros, antologias de poesia afrobrasileira que são publicadas periodicamente desde 1978 pelo grupo Quilombhoje. Na terça-feira, estará no palco virtual a artista multilinguagem Aryani Marciano, que fará uma contação de histórias.

Ketty destaca que a pandemia do novo coronavírus trouxe o desafio para os artistas de se apresentarem sem a proximidade direta com os espectadores. “Está sendo experimental, até para os convidados. Porque a gente quer o contato com o público, com o olhar, saber o que eles estão pensando”, diz.

O encerramento, na sexta-feira (17), será com uma mesa que trata de afrofuturismo. Entre os convidados, está a escritora carioca Lu Ain-Zaila. “Uma das principais referências do afrofuturismo no Brasil. Ela tem uma linha de narrativa que mistura o ancestral com a distopia”, comenta a organizadora sobre o gênero literário que traz elementos da ficção científica e da história e cultura afrodiaspórica. A autora será acompanhada no debate pelo rapper e escritor Israel Neto.

Para Ketty, esse tipo de conversa é fundamental para mostrar que os autores negros não devem ficar confinados nos temas ligados à escravidão ou diretamente ao racismo. “A literatura negra é plural. A gente pode escrever sobre tudo. A gente está olhando para o futuro. Afrofuturismo é olhar para o futuro, literalmente”, enfatiza.

O Fellin pode ser acompanhado pelo canal da mostra no Youtube.

A programação completa está na página do festival no Instagram.
Edição: Aline Leal

Defender Bolsonaro enriquece youtubers, que ganham até R$ 150 mil ao mês

Allan dos Santos é um dos youtubers que consegue maior faturamento

Gustavo Schmitt e Sérgio Roxo
O Globo

Atacar as instituições e adversários políticos do presidente Jair Bolsonaro e defender o seu governo tornou-se uma receita capaz de alavancar a audiência de produtores de conteúdo no YouTube, os youtubers. Impulsionados pelos influenciadores governistas, canais que adotam essa pauta, mesmo com menos de um ano no ar, chegam a receber até R$ 100 mil mensais da plataforma, segundo estimativa da consultoria Quaest — os maiores podem alcançar R$ 150 mil.

O YouTube remunera os canais hospedados de acordo com o volume de acessos a cada página. Segundo relatos feitos ao Globo por seis dissidentes do grupo, o apoio aos novatos é uma ferramenta usada para construir uma rede fiel ao governo.

INDICAÇÃO DE TEMAS – O mecanismo começa pela distribuição quase diária de orientações sobre assuntos que devem ser explorados. Essa diretriz chega por meio de grupos de WhatsApp ou pode ser observada no Twitter.

— Eu presenciei uma organização entre youtubers bolsonaristas para que falassem nos vídeos sobre os assuntos em alta naquela bolha. Havia um grupo no WhatsApp com vários influenciadores. Bastava uma postagem em apoio ao governo para ser compartilhado por muitas contas e ver o número de seguidores aumentar — diz o estudante de Comunicação Felipe Ferreira, de 21 anos, que tem 560 mil inscritos em seu canal, criado em abril de 2019.

Com três milhões de inscritos em seu canal, o músico Nando Moura, também um dissidente do bolsonarismo, chegou a denunciar no Twitter que havia recebido orientações de como se portar na rede social.

CONTRA A LAVA JATO – Moura expôs uma mensagem que havia recebido por WhatAapp de uma pessoa de nome Tomaz, que, segundo ele, é responsável pelo perfil Isentões e “faz a cabeça de 90% dos canais conservadores”. Na mensagem de agosto de 2019, Tomaz diz que é importante que “travem a Lava-Jato” e pede que alguns ministros do Supremo sejam poupados de ataques.

Ainda no relato de youtubers dissidentes, quem segue esse tipo de orientação acaba sendo recomendado pelos perfis maiores. Com isso, aumenta as visualizações dos vídeos e o faturamento. O YouTube paga entre US$ 0,25 e US$ 4,50 para cada mil visualizações. Os anúncios são distribuídos pela plataforma de modo automatizado, de acordo com algoritmos, na chamada mídia programática.

— Quando influenciadores são recomendados como fontes de informação por políticos da direita, mais pessoas são engajadas e isso vira dinheiro — afirma Ferreira.

MASSIFICAÇÃO – “A narrativa defendida pelos bolsonaristas mais proeminentes na política vira pauta dos maiores canais de YouTube. Todos abordam de forma uníssona o tema para ficarem bem aos olhos da família Bolsonaro e dos políticos ao seu redor e se manterem em relevância. Os canais menores replicam as mesmas narrativas para entrarem neste “clube” — afirma Marcelo Brigadeiro, outro dissidente e com 378 mil inscritos em seu canal.

O engenheiro baiano Kim Paim, que mora na Austrália, começou a fazer vídeos em setembro do ano passado. Desde maio, Paim é compartilhado pelo deputado Eduardo Bolsonaro e pelo vereador Carlos Bolsonaro, filhos do presidente. De acordo com dados da Quaest, em março ele tinha 27 mil seguidores, e até sexta-feira já estava com 322 mil. A consultoria estima que ele fature R$ 103 mil mensais. Há cinco anos na Austrália, o engenheiro já fez entrega de comida de moto e foi faxineiro, emprego que diz ainda manter. Nos vídeos, Paim já propagou a teoria falsa de que o coronavírus foi criado em laboratório por chineses. Procurado por e-mail, ele não respondeu.

NOTÍCIAS FALSAS – Entre os neófitos cujo ganho chama a atenção no YouTube estão Bárbara Destefani, citada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, como parte de um mecanismo de criação e divulgação de notícias falsas, e Allan Frutuozo da Silva, condenado por porte ilegal de arma — a defesa disse que recorre da decisão em segunda instância.

Segundo a consultoria Quaest, o canal de Bárbara fatura R$ 48 mil, e o de Frutuozo, cerca de R$ 34 mil. A dupla veicula conteúdos com ataques ao STF e desinformação. Frutuozo, cuja conta no Twitter está suspensa por violação de regras da rede, disse ao GLOBO que o “sucesso do seu canal deve-se ao aumento do interesse do público por política e ao crescimento da direita”.

De acordo com o levantamento da consultoria, entre os canais mais lucrativos, além de Paim, está o Terça Livre, de Allan dos Santos — alvo de duas operações da Polícia Federal e investigado nos inquéritos das fake news e dos atos antidemocráticos no STF. A Quaest estima que Santos arrecade cerca de R$ 150 mil por mês no YouTube.

DISSIDENTE – Com mais de 1 milhão de seguidores, o youtuber Diego Rox deixou o bolsonarismo em setembro de 2019 insatisfeito com o discurso de proteção ao senador Flávio Bolsonaro. Desde então, perdeu cerca de 300 mil seguidores, viu sua renda cair e passou a sofrer ataques até contra o seu filho.

— Não dá para saber o quanto dos comentários são reais e o que vem de robôs. Perder público é normal. Mas os ataques são desumanos — conta.

O YouTube disse que a remuneração dos canais não depende apenas da quantidade de vezes que o vídeo foi visualizado, e que tem regras de uso da plataforma. Diz que busca manter o caráter aberto da rede e, ao mesmo tempo, propiciar ambiente seguro e informativo para os usuários. Só no primeiro trimestre, o YouTube removeu 484 mil vídeos por violação de suas políticas.

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NOTA DA REDAÇÃO DO BLOG – Além das cotas do YouTube, há também o pagamento através de anúncios do governo federal, que o general Santos Cruz se recusou a autorizar, até ser exonerado a pedido dos três filhos de Bolsonaro, apelidados de os “Três Patéticos” pelo chargista Aroeira. (C.N.)Posted in Geral